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Meio Ambiente

Moradores protestam contra curtume por causa de mau cheiro no Indubrasil

Luciana Brazil e Mariana Lopes | 11/04/2013 11:23
Grupo de moradores protesta contra mau cheiro e recebe apoio do vereador Zeca(PT). (Fotos:Marcos Ermínio)
Grupo de moradores protesta contra mau cheiro e recebe apoio do vereador Zeca(PT). (Fotos:Marcos Ermínio)

Cansados de conviver com o mau cheiro produzido pelas fábricas do núcleo industrial, moradores do Indubrasil (Distrito Industrial de Campo Grande) fizeram um protesto na manhã de hoje contra o forte odor na região. O pequeno grupo de moradores, munido de faixas, cobrou uma solução para o problema, o qual existe há anos.

Eles apontam o curtume Qually Peles como a principal responsável pelo problema. Alguns moradores dizem que a indústria lança restos de couro em um terreno baldio que fica ao lado da empresa.

A reclamação é unânime. A dona de casa Elenir Cavania, 39 anos, diz que até as roupas que vão para o varal ficam com cheiro ruim. Segundo o aposentado José Faustino, o cheiro é muito forte. “Pelo fato de aqui ser um núcleo industrial, existe o problema do mau cheiro, e a gente até tolera. Hoje, estamos fazendo um pedido de socorro, para pelo menos amenizar o problema”, pondera.

“As indústrias soltam os dejetos no córrego Imbirussu durante á noite”, alegam os moradores.
Os manifestantes disseram que já se informaram sobre a instalação de um filtro nas indústrias, o que evitaria a liberação do cheiro. Eles alegam ainda que a intenção não é causar o fechamento das fábricas, mas resolver o problema.

O dono da empresa Qually Peles, Jaime Valler, defende que o local não deveria ser residencial. “O núcleo deveria abrigar só indústrias e não ter moradias”. Lamentando a situação, Valler disse que o problema é do poder público, que deveria construir um núcleo para empresas poluentes, e que a região não deveria permitir moradias no entorno.

“Eles nunca vieram reclamar ou falar comigo”, diz Jaime. Para ele, o cheiro que os moradores sentem é odor característico de indústria. “Não tem o que fazer com esse cheiro”.

Segundo ele, na Qually Peles a água é tratada e os dejetos de couro são despejados em bags. “Os resíduos ficam lá e depois uma empresa especializada que recolhe essas bags”.

A água usada na fabricação do couro é despejada em tanques, onde recebe o tratamento correto antes de ser despejada no córrego, segundo Valler. “Fazemos a análise da água antes de ser despejada e depois analisamos a água do córrego também”.

Conforme o proprietário da empresa, antes de ser despejada no córrego a água está tratada. Em seguida, uma nova análise é feita na água, onde se constata níveis de poluição. “Existem os resíduos domésticos”, lembra Jaime.

Jaime Valler garante que a água do curtume é tratada e que os restos de couro são recolhidos.
Jaime Valler garante que a água do curtume é tratada e que os restos de couro são recolhidos.

Sobre o terreno baldio, o dono da empresa confirma que foram jogados entulhos de obra, e não restos de couro. “Estou passando asfalto dentro da fábrica e jóquei o entulho para facilitar o trabalho, mas tudo será retirado assim que acabar”.

No curtume são produzidos em torno de 1,2 mil quilos por dia. Com os resíduos do couro são fabricados farinha de carne ou sebo.

Por coincidência, saindo de viagem para Corumbá, o vereador José Orcirio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, passou pelo local na manhã de hoje e se colocou à disposição dos moradores. Ele propôs que os moradores formem uma comissão. O vereador convidou os manifestantes para estarem na próxima sessão da Câmara Municipal de Vereadores, na terça-feira, quando colocará o assunto em pauta.

Empresa: Em 2012, a juíza federal Adriana Delboni Taricco suspendeu as multas aplicadas pelo Ibama ( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis) ao curtume Qually Peles. O total das três multas chegou a R$ 52 milhões.

O Ibama afirmou que o curtume já havia sido multado por lançamento de resíduos de elevado teor poluente em estado bruto no córrego em no dia 15 fevereiro do ano passado, quando operava sem licença ambiental e teve o empreendimento embargado. Desobedecendo a determinação do órgão federal, a empresa recebeu nova multa por continuar em plena operação.

Ao recorrer na justiça, a Qually Peles alegou ter firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) com o Ministério Público Estadual, o qual estaria sendo devidamente cumprido, não havendo razão, no seu entender, para a autuação atacada.

Na decisão, a juíza informou que por “não vislumbrar risco de dano inverso (para o IBAMA), parece-me aconselhável a suspensão, em parte, dos autos de infração lavrados. Mais claramente, no que diz respeito às multas”.

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