No “calorão”, quem ama cuida e muda a rotina da cachorrada
Veterinários orientam não realizar caminhadas entre 10h até as 17h para evitar queimaduras e desidratação
Com termômetros registrando máxima de 37,6 °C em Campo Grande, mas sensação térmica muito pior, são fundamentais cuidados na hora do passeio com os pets. Pelas ruas da Capital, muita gente já aprendeu e evita "colocar as patinhas" para fora de casa no sol quente.
O motorista Celso Mayer, de 27 anos, foi encontrado pela reportagem debaixo das árvores da Praça Ary Coelho acompanhado da cadela Laika. Apesar de ter visto a cãopanheira crescer, o animal vive com a patroa dele, de 80 anos, mas Celso avisa que “a guarda é compartilhada”.
Ele ensina como se deve fazer por amor aos bichos. “Normalmente, os passeios duram duas horas quando tá fresco, e ocorrem por volta das 8h, 7h da manhã, quando tá fresco. Quando tá calor desse jeito só vamos debaixo de árvore ou onde tiver sombra. Nem ela quer ir no sol, o máximo que ela anda no sol é pequenos trechos”, disse.
Por fazer uma caminhada curta, o motorista diz que não leva água para os passeios. Porém, ele afirma tomar cuidado ao passar por calçadas e asfalto para não queimar as patas da Laika. “Nem a gente aguenta esse calor, imagina eles”, pontuou.
Outro que mudou a rotina dos passeios foi Alexandre Meira, de 53 anos. A vira-lata Inês tem 8 anos e já é considerada idosa, por isso as caminhadas só ocorrem com trajetos curtos. “Agora fazemos o passeio duas vezes por dia, porque ela bebe muita água nesse período e preciso descer mais vezes para ela poder fazer xixi”, disse.
Contra o calor, a medida encontrada por Alexandre foi usar o ar-condicionado. O equipamento é utilizado tanto para o conforto da família quanto para seu pet.
Orientações - Veterinários orientam não realizar caminhas entre 10h até as 17h para evitar queimaduras e desidratação. A médica veterinária Dina Regis Recalde explica que a atenção deve ser redobrada com as espécies braquicefálicas, que são aqueles animais com o focinho mais curto. Ainda foi dito pela doutora que os cachorros não suam e nem transpiram, eles ofegam, sendo essa a sua única maneira de realizar troca de temperatura.
Por trabalhar em um consultório veterinário e não em um hospital, Dina não atende muitos casos em que os cães tenham tido alguma queimadura durante passeios, pois essas situações se enquadram como emergência. Porém, alguns pacientes particulares já tiveram esse tipo de queimadura após participarem de “cãominhadas”.
"Mas a gente recomenda, né? Quando a gente atende o pug a gente relembra: 'ó, o senhor sabe que não pode passear ao meio-dia'. Teve um dia que eu quase desci do carro, o cara tá correndo com husky siberiano ao meio-dia, é a mesma coisa de você correr de casaco, mas isso ele não faz, né?", contou.
Apesar de já existirem sapatos próprios para cães, a veterinária não recomenda o uso. "Você vê os Huski usando sapatos lá puxando trenó? Então não tem isso, eles se adaptam, né? Então eu acredito que você por um sapato, o bichinho vai ficar mais incomodado porque ele não vai ter a troca, né? Então vai abafar mais ainda”, pontuou.
O veterinário Diogo Heike também conversou com a reportagem e orientou que os passeios com os pets e as caminhadas sejam realizados com um tempo mais espaçado. Ainda foi reforçada a importância de sempre levar uma garrafinha com água para o animal. "Geralmente eu aviso o tutor pra passar máscara de pata, é um hidratante de patinhas, porque com esse tempo seco, dependendo de onde vá passear, pode causar rachaduras”, deixou a sugestão.
Alimentação - Outro ponto que requer atenção, segundo o veterinário Francisco Gonçalves de Carvalho, é a exposição das rações ao sol. O médico explica que ao se alimentar, o animal pode deixar saliva na ração, o que pode atrair moscas e baratas, além do risco do alimento fermentar e fazer algum mal para o pet.
“Outra situação é você ter animais idosos, né? Animais idosos, obesos, esses animais sentem muito, muito calor e alguns deles podem entrar no processo de depressão respiratória. Também existe a questão de andar com os animais no carro é andar com vidro fechado, né? E com ar-condicionado, se não tiver ar-condicionado, nem aconselha sair com o seu pet, né?”, pontuou outros cuidados.
Muita água - Além do risco de queimaduras, o período é um risco à desidratação. A veterinária Dina Recalde explica que o animal perde muito mais saliva, junto a isso pode acabar ficando desidratado no final do passeio.
Casos como esses acontecem com maior frequência em dias de altas temperaturas e principalmente quando o tutor realiza um longo percurso sem oferecer água para o animal.
E o comércio tem ajudado, na base da parceria, o Outpet cedeu os bebedouros e a Prisma Cosméticos entrou na campanha para ajudar, principalmente, os animais que vivem pelas ruas, sem responsáveis.
"Tá fazendo um calorão nessa semana e a tendência é continuar assim. Quem mais sofre com isso são os animaizinhos de rua. Que tal colocar um pote com água fresca na frente da sua loja? Custa muito pouco e pra eles tem muito valor. E não esqueçam de manter a água sempre fresca durante o dia!", postou a loja.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.