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Meio Ambiente

No Pantanal, vegetação nativa cai e pasto aumenta

Em 1985, MS tinha 49% de vegetação nativa, mas caiu para 38%, enquanto as pastagens aumentaram de 29% para 36%

Jhefferson Gamarra | 31/08/2023 13:44
Incêndio em meio a pasto em propriedade rural no Pantanal sul-mato-grossense (Foto: Divulgação/WWF Brasil)
Incêndio em meio a pasto em propriedade rural no Pantanal sul-mato-grossense (Foto: Divulgação/WWF Brasil)

Mato Grosso do Sul, um estado abençoado com uma rica diversidade de biomas, dentre eles, abriga dois tesouros naturais de importância inestimável: o Cerrado e o Pantanal. No entanto, o equilíbrio desses ecossistemas está sob ameaça devido a diversos fatores que vão desde o desmatamento para produção agrícola até as mudanças climáticas. Esses biomas, que representam a alma ambiental do estado, enfrentam desafios urgentes, que foram apontados em relatório divulgado nesta quinta-feira (31) pelo MapBiomas.

O Cerrado, considerado a savana mais rica do mundo em termos de biodiversidade, abrange quase a metade do território de Mato Grosso do Sul. No entanto, essa vasta extensão de vegetação nativa está desaparecendo rapidamente. Segundo dados do instituto, a perda de vegetação nativa no Cerrado de Mato Grosso do Sul entre 1985 e 2022 atingiu alarmantes 25%, o que representa 32,1 milhões de hectares.

O que um dia foi um ecossistema diversificado agora está sob pressão crescente devido à expansão da agricultura e da pecuária, bem como à urbanização. A frequência de incêndios florestais também tem aumentado, ameaçando não apenas a flora e fauna, mas também comprometendo a qualidade do ar e a saúde humana.

O Pantanal, uma das maiores áreas úmidas do mundo em extensão e uma das joias naturais de Mato Grosso do Sul, também enfrenta desafios gigantescos. Com sua rica área de alagados e vida selvagem diversificada, o Pantanal é um patrimônio inestimável. No entanto, as ameaças a sua sobrevivência são crescentes.

Entre os anos de 1985 e 2022, o Pantanal de Mato Grosso do Sul perdeu 10% de sua vegetação nativa, que equivale 1,5 milhão de hectares, conforme apontado pelos dados do MapBiomas. O avanço da agropecuária, que inclui a conversão de áreas úmidas em pastagens e cultivos, está comprometendo a hidrologia natural do Pantanal e causando um impacto profundo em sua biodiversidade.

“Estamos nos distanciando, em vez de nos aproximar do objetivo de proteger a vegetação nativa brasileira previsto no Código Florestal e do compromisso de zerar o desmatamento até o final desta década", alerta Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas.

No período de 1985 a 2022, ocorreu uma perda de 96 milhões de hectares de vegetação nativa no Brasil, equivalente a 2,5 vezes a Alemanha. A proporção de vegetação nativa no território caiu de 75% para 64%.

Durante o período de 1985 a 2022, houve um notável avanço da agropecuária em todos os biomas brasileiros, exceto na Mata Atlântica. No Pantanal, esse aumento foi de 5% para 15%. No Cerrado, a expansão foi significativa, ocupando agora metade do bioma (50%), em comparação com pouco mais de um terço (34%) em 1985.

Vale ressaltar que a área ocupada por atividades agropecuárias em todo o Brasil aumentou cerca de um quinto (22%) para um terço (33%) do território total. As pastagens avançaram em 61,4 milhões de hectares e a agricultura em 41,9 milhões de hectares entre 1985 e 2022.

Um dos dados mais alarmantes no estudo é o crescimento da cultura da soja, que se expandiu por todos os biomas. Ao longo do período de 1985 a 2022, a área cultivada com soja aumentou de 4,5 milhões de hectares para 39,4 milhões de hectares, equivalente a duas vezes o território do Paraná.

A soja avançou 18 milhões de hectares no Cerrado. No caso do Pantanal, a soja está mudando o perfil econômico do bioma, que historicamente sempre teve a pecuária sobre campos nativos como a principal atividade rural.

“O Pantanal e o Pampa são exemplos de biomas naturalmente aptos para a pecuária, pois seus campos são como pastagens naturais. Nos dois casos, o avanço da soja representa uma degradação do bioma”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas.

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