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Meio Ambiente

Ofegante, filhote de onça-pintada consegue fugir de incêndios

Registro foi feito por um voluntário no combate ao fogo no bioma, que trabalha na região de Miranda

Por Natália Olliver | 09/08/2024 12:21

Após dois filhotes de onça-pintada terem sido encontrados carbonizados no Pantanal, nesta segunda-feira (5), um alívio preencheu o coração de quem luta para salvar o bioma. Nesta quinta-feira, um filhote da espécie foi flagrado fugindo das chamas que assolam o bioma pantaneiro.

Ofegante, o felino atravessou uma ponte, localizada na Fazenda San Francisco, região de Miranda, a 208 quilômetros de Campo Grande, e conseguiu escapar da área afetada para um local seguro.

A cena foi gravada por Valdeir Dorna, funcionário da fazenda vizinha, Bodoquena, e voluntário no combate a incêndio. Henrique Villas Boas Concone, biólogo e pesquisador do projeto Jaguatiricas, explicou que além do felino, a mãe e outro filhote também conseguiram escapar.

“O pessoal viu a fêmea e o outro filhote saindo, aí quando viram conseguiram filmar apenas um. Salvaram os três que conseguiram sair dessa área que está pegando fogo e passar para uma área que está intata. Que o pessoal estava justamente combatendo à frente, protegendo outras áreas de mata do fogo e os bichos conseguiram fugir pra lá”.

Henrique destaca o alívio em ver os bichos conseguirem sobreviver às chamas. “É uma alegria. Dá um pouco de alento no meio de toda essa destruição. Mas é difícil saber ainda o impacto que o fogo teve sobre a fauna”.

Incêndio - Segundo o Lasa- UFRJ (Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federa). O fogo já destruiu 1,3 milhão de hectares do Pantanal, o que representa 8,7% do bioma desde o início de 2024. A instituição ainda  emitiu um alerta de perigo meteorológico de fogo para a Bacia do Alto Paraguai, até o dia 10 de agosto.

Conforme estudo feito pela WWA (World Weather Attribution), que mostram as mudanças climáticas provocadas pela ação humana no bioma, o Pantanal se tornou 5 vezes mais inflamável. Este ano, o fogo começou ais cedo e assustou tanto pesquisadores quanto a população ribeirinha e de municípios próximos. A pesquisa foi divulgada nesta quinta-feira (8).

A análise foi feita com base nas condições observadas em junho deste ano, mês atípico para os incêndios. Com tanto fogo, houve combate às chamas até durante o período de cheia. O bioma teve também o mês de junho  mais crítico dos últimos 22 meses analisados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

As chamas foram impulsionadas pelo aumento das temperaturas e a redução das chuvas. A falta de precipitação deixou o ar seco e a vegetação altamente inflamável.

Bombeiros tentando cerrar árvore queimada, na região de Miranda (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar de MS) -
Bombeiros tentando cerrar árvore queimada, na região de Miranda (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar de MS) -

Chuvas - Nesta quinta-feira (8), a chuva finalmente chegou ao Pantanal. Mas, apesar dela, os bombeiros militares ainda continuam atuando em seis focos de incêndios no bioma que não foram totalmente extintos. Segundo o boletim diário de combate aos incêndios florestais, algumas áreas ainda apresentam focos e brasas ativos, que necessitam de combate, monitoramento e rescaldo.

A temperatura na região caiu para 17°C, e as rajadas de vento chegaram a 34 km/h. A umidade relativa do ar chegou a 90%, registrando elevação de 70% em relação aos níveis dos dias anteriores.

Corumbá e Miranda são uma das principais  regiões atingidas pelo fogo. No início da semana a BR-262, entre as cidades, teve que ser bloqueada devido ao perigo. Caminhões abastecidos com combustível tiveram que parar na via. Após a situação, a prefeitura chegou a declarar situação de emergência.

O bloqueio durou três dias. Cenas de quem passava pela região viralizaram. O registro mostra que a fuligem, vinda da queima, encobriu completamente a rodovia, próximo a cidade de Miranda, município a 208 quilômetros da Capital.

Em Miranda, próximo da região do Salobra e da BR-262, foi registrada chuva de aproximadamente 20 mm, na quinta-feira. O desafio de contenção das chamas ainda continua para a equipe de 18 militares de Mato Grosso do Sul que permanece ativa no local.

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