Plano prevê recuperar lago do Parque das Nações Indígenas até fim de agosto
Dragagem de um dos cartões-postais da Capital será realizada até o aniversário da cidade; intenção é concluir obra completa até novembro, antes da temporada de chuvas
O assoreamento do lago do Parque das Nações Indígenas, um dos principais cartões-postais de Campo Grande, deve ser solucionado até 26 de agosto, aniversário do município. Ao menos é o que prevê o cronograma de intervenções elaborado pelo Governo do Estado e a Prefeitura da Capital, que envolveu desde a identificação da origem do problema –notadamente vindo de dois locais– até a definição das responsabilidades na recuperação do espaço.
Com base nessas informações, técnicos do Estado e município trabalham, agora, para fechar detalhes das obras para revitalização do lago e prevenção para que o quadro não se repita. O problema, que atingiu seu ápice neste ano – com um banco de areia avançando o espelho d’água – tem origem em gestões municipais anteriores à de Marquinhos Trad (PSD), conforme o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck.
Pelo menos 90% dos danos são creditados a problemas vindos do sistema de drenagem da região norte da cidade. Na administração municipal de André Puccinelli, boa parte da pavimentação foi feita sem drenagem.
Por isso, as águas pluviais causam problemas há décadas naquela região. Em janeiro de 2012, por exemplo, a quarta das cinco barragens do Córrego Sóter –que recebe as enxurradas de bairros como Carandá Bosque, Margarida e Mata do Jacinto – estourou em meio aos temporais que castigavam a cidade, alertando para a necessidade de um plano de drenagem mais eficiente para aquela parte da cidade.
O projeto, que começou a ser finalizado a partir de 2018, incluiu novas redes de drenagem direcionando águas para o Sóter e, também, para o Córrego Réveillon – que nasce na região da Avenida Hiroshima, atravessa a Avenida Mato Grosso e segue para o Parque das Nações Indígenas, recebendo água de chuvas dos quase 190 hectares que, nos últimos anos, receberam asfalto em bairros da região norte.
“Antes essa água ia ‘diluindo’ a intensidade antes de chegar aqui, não havia pressão. O que deveria ter sido feito, e isso em gestão anterior à do Marquinhos, era começar a obra pela retenção dos sedimentos e de água. Não fizeram, optaram pelo asfaltamento primeiro”, afirmou o secretário. Como resultado, o Réveillon, ao longo do tempo, passou a transportar areia “lavada” das obras rumo ao lago.
A intensidade das águas pluviais é visível no Córrego: próximo à Avenida Mato Grosso, a área uma que deve abrigar um piscinão de contenção sofre com a erosão. Estruturas de drenagem instaladas ali foram danificadas em chuvas recentes.
“Enxugando gelo” – Porém, antes de chegar ao lago que sofre com o assoreamento, a areia transportada pelo Réveillon deveria ser contida em um segundo lago, construído no Parque das Nações Indígenas justamente para absorver sedimentos.
“É uma maluquice: este lago já não é mais lago. Aqui há uma estrutura de concreto para segurar a água e a areia. A ideia era ir acumulado e removendo. Aquilo subiu hoje e os sedimentos também precisam ser retirados”, disse. “Em certo momento o volume de areia foi tão grande que a estrutura encheu e a água passou por cima, carregando a areia para o lago principal”.
O aumento dos sedimentos foi identificado e levou o governo estadual a realizar a retirada da areia da estrutura de contenção. “Um caminhão saía e no dia seguinte precisava de um maior, porque o volume de areia foi muito grande. Foi enxugar gelo. Sem essa obra agora não haverá como resolver”, afirmou Verruck.
Cronograma – O governo estadual pretende iniciar nos próximos dias a retirada da areia do lago principal do Parque das Nações Indígenas. A obra, em parceria com a prefeitura, prevê também novas contenções no espelho d’água a fim de evitar que águas invadam o Sóter e a Via Parque.
A quantidade exata de areia a ser retirada será conhecida nesta terça-feira (30) com a divulgação do resultado da batimetria –análise da quantidade de sedimentos existentes no lago, concluída nesta segunda-feira (29). A expectativa é de que o lago esteja apto para uso durante os Jogos Radicais Urbanos, a serem realizados durante as comemorações do aniversário de Campo Grande, em 26 de agosto.
“Visualmente sabemos que o volume está extrapolado, mas agora teremos a ideia de quantos caminhões serão necessários e o tamanho da vazão da draga”, destacou Ricardo Eboli, presidente do Imasul (Instituto do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). A obra será realizada neste momento porque, com as últimas obras de pavimentação da região da Mata do Jacinto concluídas, espera-se uma menor quantidade de areia sendo arrastada.
Enquanto o lago for reparado, serão realizadas licitações para as obras complementares –incluindo a dragagem do lago menor e a construção da bacia de sedimentos no Réveillon. “O esforço técnico da prefeitura e do governo é que as obras não adentrem o próximo período chuvoso, ou seja, sejam concluídas entre outubro e novembro”, destacou Eboli. “Senão começaremos a ter problemas de novo”, asseverou Verruck.
O projeto técnico ainda será finalizado junto aos órgãos municipais e, por isso, não há uma estimativa oficial sobre o custo para esta parte do empreendimento.
10% – Uma parte menor do problema no lago do Parque das Nações Indígenas, porém, tem origem no lado oposto. O Imasul identificou que águas pluviais têm vindo de região do Cidade Jardim e chegado ao Córrego Joaquim Português –um dos afluentes do Prosa, localizado na Unidade de Conservação do Parque dos Poderes.
O secretário e Eboli explicam que as áreas à direita da Avenida do Poeta (no sentido Parque dos Poderes) também destinaram águas pluviais ao Joaquim Português, que deveriam ser captadas por um sistema de amortecimento antes de receberem o destino final. O Imasul já providenciou uma barreira de contenção, porém, o problema persistiu.
O governo finalizou licitação de R$ 34 mil, aproximadamente, para encomendar estudos técnicos que apontem uma solução para o problema neste local. Isso deverá evitar, também, o afundamento do Joaquim Português, já identificado por estudos. “O segundo momento será a execução do projeto e recuperação da área com a retenção, para a água não escorrer para lá. Aqui é responsabilidade do governo do Estado”, complementou Verruck. O custo da obra depende do projeto técnico recém-encomendado.