Rede de crimes ambientais na Amazônia tem ramificações até em MS
Pesquisa divulgada pelo Instituto Igarapé analisou operações feitas pela Polícia Federal na região
Estudo do Instituto Igarapé mostra que rede do crime organizado na Amazônia se espalha por todo Brasil, incluindo Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, município distante 313 quilômetros de Campo Grande. Operações da PF (Polícia Federal) apontam ramificações dessa cadeia, que inclui extração irregular de madeira e garimpo ilegal.
Espalhados por 254 cidades, em 24 estados do País, há financiadores sul-mato-grossenses, a milhares de quilômetros da região Norte.
Quase metade das ações foi na repressão a delitos em reservas públicas ou terras indígenas, embora o desmate avance rapidamente por outras frentes nos últimos anos. Ao todo, são três territórios mapeados no Estado.
A diretora de Pesquisa do Instituto Igarapé, Melina Risso, avalia que a análise de mais de 300 operações da PF, entre 2016 e 2021, mostra que, além de ter perfil organizado, a criminalidade ambiental na Amazônia atinge diferentes locais - cerca de 3% das áreas são de fora do País.
Já havíamos identificado que o crime ambiental não acontece sozinho. O que esse novo artigo mostra é que todo o Brasil é responsável pelo o que acontece na Amazônia”, afirma Risso.
A motivação do trabalho policial foi desmate descontrolado com alvo em diferentes economias ilícitas, como extração ilegal de madeira, mineração ilegal, sobretudo do ouro, grilagem de terras e atividades agropecuárias com passivo ambiental.
Também há delitos ambientais e não ambientais, como crimes financeiros, tributários, corrupção, fraude e crimes violentos. Segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Amazônia bateu novo recorde de desmatamento no primeiro semestre.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o governo federal tem sido "extremamente contundente" no combate aos crimes ambientais com a Operação Guardiões do Bioma, que visa a coibir crimes ambientais nos estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre e Rondônia.
Estão envolvidas PF, PRF (Polícia Rodoviária Federal), Força Nacional, Funai (Fundação Nacional do Índio), Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).