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Meio Ambiente

Símbolo de MS, guavira nativa some e maioria agora come fruta do Paraguai

Fruta tipicamente do cerrado brasileiro agora só é encontrada em aldeias indígenas

Por Natália Olliver e Antonio Bispo | 11/11/2023 13:59
Indígenas ajudam a não deixar sabor da Guavira morrer em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)
Indígenas ajudam a não deixar sabor da Guavira morrer em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

Símbolo do Estado desde 2017,a guavira, fruta típica da região do cerrado  sul-mato-grossense enfrenta momento de escassez regional. O que antes era encontrado em diversos lugares de Campo Grande virou artigo “raro” e precisa até ser importado do país vizinho. Com cenário, comerciantes precisam trazer o fruto do Paraguai para abastecer a cidade. Quem mantém a produção local são os indígenas.

Apesar de não querer dar entrevistas, o responsável por um dos caminhões carregados da fruta, na Rua Avenida João Arinos, admite aos clientes que traz a guavira do Paraguai e vende o litro por R$20 reais.

Outro vendedor, que também não quis ser identificado, estava na Rua Lúdio Coelho e confirmou a importação do país vizinho. Para ele, ao contrário do Estado, no Paraguai a colheita segue forte. “Mato Grosso do Sul colhia muito, mas agora derrubaram as árvores de guavira pra abir espaço para soja e gado”.

Vendedor com fruto importado do Paraguai (Foto: Paulo Francis)
Vendedor com fruto importado do Paraguai (Foto: Paulo Francis)

As únicas que ainda preservam a venda original são as indígenas, como Miranda, da aldeia Cachoeirinha, a 208 quilômetros da Capital. Ela comercializa a fruta na praça do Mercadão Municipal e vende por R$20,00, mas se o cliente chora pode baixar até R$15 o litro.

Outra que insiste em não deixar a tradição da fruta morrer é Andreia Marcos Moreno, de 43 anos. Há quatro ela vende guavira no local O produto é fornecido por um vendedor da aldeia. À reportagem ela diz que o produto está quase acabando.

“A gente começou a vender no final de outubro e já tá quase acabando, quase não tem mais guavira. Esse ano foi bem pouco e rápido. Mas as vendas tão sendo boas, as pessoas compram bastante”.

Comércio da fruta é mantido por indígenas na Capital (Foto: Paulo Francis)
Comércio da fruta é mantido por indígenas na Capital (Foto: Paulo Francis)

O “sumiço” da Guavira já vem sendo anunciado pelo Campo Grande News há anos. Em 2020, vendedores já relatavam a dificuldade em encontrar o fruto. Na época, eles explicaram que a colheita já não era igual aos anos anteriores.

“A cada ano que passa, quando a gente volta para colher, tem menos pés. O dono da fazenda, que autoriza a gente entrar para catar, este ano passou a máquina e derrubou a maioria para criar gado”, explicou Lucas Almada, que precisava ir até Bela Vista para pegar o produto.

Tentativa - Apesar de ser uma fruta nativa, ou seja, presente no Estado de maneira natural. Iniciativa resolveu fazer ato simbólico, e pontual, plantando mudas da árvore no Parque das Nações Indígenas. A ação foi feita em 2022 para conscientizar sobre a escassez da fruta. Iniciativa, feita pelo viveiro BR Gardens em parceria com a UCDB (Universidade Católia Dom Bosco), contou com 50 mudas em um espaço de 4,9 mil metros quadrados.

Importar a fruta é saída para vendedores que desejam continuar vendendo o fruito na Capital (Foto: Paulo Francis)
Importar a fruta é saída para vendedores que desejam continuar vendendo o fruito na Capital (Foto: Paulo Francis)

A iniciativa também contou com a colaboração da S-Inova (Agência de Inovação e Empreendedorismo), e Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural).  A expectativa é de que a fruta seja colhida em até três anos.

Voluntários ajudam a plantar árvores de guavira no Parque das Nações Indígenas (Foto: Paulo Francis)
Voluntários ajudam a plantar árvores de guavira no Parque das Nações Indígenas (Foto: Paulo Francis)

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