Tempo seco muda paisagem e fumaça castiga moradores há 40 dias em Corumbá
Morro do Cruzeiro tem vegetação ressequida, enquanto águas do Rio Paraguai recuam em frente ao Casario do Porto
No topo do Morro do Cruzeiro, o Cristo Rei do Pantanal tem como horizonte fumaça e a vegetação ressequida. As condições climáticas adversas, cuja última lembrança de chuva significativa foi em maio, também se faz presente em outro ponto turístico de Corumbá. Em frente ao Casario do Porto, é visível o recuo do Rio Paraguai, onde o que era água agora exibe faixa de terra.
Para os moradores, sobra a fumaça, que viaja pelo vento das queimadas nos confins do Pantanal. Na terça-feira (dia 18), a chuva que veio na noite de segunda deu um refresco na fumaça, mas foi pouca e com alívio temporário.
“É sempre muita fumaça. Não tem como a gente respirar. Já são 40 dias de muita fumaça, que vem do Pantanal. Os animais estão morrendo, é muita tristeza”, afirma Sônia Flores, 49 anos, que há mais de duas décadas mora em Corumbá.
Valdir Costa da Silva, 32 anos, conta que a fumaça não se dissipa nem à noite. “Trabalho com entrega e os olhos ardem muito. Deus me livre”, diz.
Operadora de caixa, Luana Neves, 22 anos, conhece bem os efeitos do clima seco na saúde.
“Tosse seca, dificuldade para respirar. Tenho uma irmã bebê, que fica com os olhos todo vermelho. São 40 dias de fumaça”, relata.
A baixa umidade relativa do ar é enfrentada com soluções caseiras, como toalhas molhadas pelo quarto ou molhar o quintal.
Moradora de Corumbá a “vida toda”, Maria de Fátima, 59 anos diz que agosto de 2020 anda com tempo mais seco do que o comum.
“É mais difícil para quem tem problemas respiratórios, mas a gente vai aguentando”, diz.
No ano passado, o mês mais severo para os incêndios no Pantanal foi em setembro.
Conforme o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o dia 4 foi o mais preocupante desse mês de agosto, com registro de 175 focos de incêndios em Corumbá.
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