"Troféu”, pescador comemora fim da captura do Dourado para consumo
Para de fato valer, projeto precisa ser sancionado pelo governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB)
Aprovada em 2ª votação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, a proposta que proíbe a pesca do peixe dourado nos rios do Estado é comemorada pelos praticantes da captura esportiva da espécie.
O turismo e a conservação do ecossistema são as grandes vantagens, segundo o presidente da AFEP (Associação de Pesca Esportiva do Pantanal), Alexandre Pierin. “Sempre apoiamos esta intenção. O dourado é um troféu para os pescadores esportivos”. Ele afirma que, embora pareça ser novidade, algumas pousadas e hoteis proíbem, por conta própria, a captura para consumo.
Só que, de uns para cá, os turistas e amantes da pesca que buscavam fazer a prática nos rios de Mato Grosso do Sul se deparavam com “peixes muito pequenos”. A frustração foi, aos poucos, afastando do Estado turistas e levando-os para o estado do Mato Grosso e até mesmo Argentina, conta.
A espécie vive aproximadamente 15 anos e, dependendo do habitat, como na Bacia do Paraguai e no Pantanal, podem chegar a ter 6 e 7 kg.
“Para o turismo vai ser muito importante. Não temos dados, mas pela experiência notamos muitas reclamações e sentimos esta dificuldade”. Segundo o presidente, muitos turistas vinham ao Estado, não deixavam “muito dinheiro, enchiam o isopor de peixe e iam embora”.
Por isso, acrescenta, a ideia da pesca esportiva é saudável, em sua visão, tanto para o turismo quanto para a preservação. “O Pantanal precisa ser preservado”.
A estimativa é que, com a proibição da pesca, comercialização e venda, duas novas gerações do peixe sejam criadas. A restrição era para oito anos, mas após emenda ficou estabelecido em cinco anos. Neste período, somente a pesca esportiva fica liberada.
Atrai recursos e não causa prejuízo
Na avaliação do autor do projeto, deputado Beto Pereira (PSDB), a proibição é necessária para preservação. “Me baseei em estudos e muitas conversas com especialistas na área de meio ambiente”.
Desde a primeira apresentação, o projeto é discutido há dois anos. Em 2017, a proposta não foi aprovada por apenas um voto e, neste ano, após conversas com os parlamentares, novas adesões garantiram a aprovação da matéria.
Ainda de acordo com o deputado, a medida “garante o futuro” da espécie no Estado. Quanto aos possíveis prejuízos para os ribeirinhos e pescadores profissionais, que dependem da pesca para sobreviver, Beto afirmou que a restrição não vai prejudicar sobremaneira, já que o dourado está em 5º lugar de vendas.
Mesmo que mínimo, eventual prejuízo só poderá ser calculado com um ano de vigência da lei. “Atrai recursos com turistas e não traz danos”, garante.
Aprovada em 2ª votação, a proposta ainda precisa do aval do governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), para de fato valer. Beto Pereira diz esperar que, até o fim da Piracema, processo no qual os peixes nadam rio acima para a desova, a medida já esteja válida.