Acusados de ilegalidades na campanha, vereadores do Interior são cassados
Distribuição de 8,5 mil litros de combustíveis e até de ingressos para show sertanejos foram comprovadas em investigação
Dois vereadores eleitos, respectivamente, em Nova Andradina e Taquarrusu - municípios localizados a 300 e 332 km de Campo Grande -, tiveram os mandatos cassados e foram considerados inelegíveis pela Justiça Eleitoral, após pedido de investigação feito pelo Ministério Público Eleitoral.
No primeiro caso, o vereador João Luiz Saltor Dan (PSDB), de Nova Andradina, foi comprovado a distribuição aproximadamente 8,5 mil litros de combustíveis em troca de votos, conforme informa o MP Eleitoral.
Já no caso de Sandro Félix Melo (PMDB), parlamentar de Taquarussu que foi reeleito, ficou provada durante a investigação que houve durante a campanha a distribuição de diversas vantagens em troca de votos, como dinheiro, combustível, materiais de construção e até ingressos para show sertanejo.
As ações contra João Dan e Sandro Félix foram propostas pelo promotor eleitoral Fabrício Secafen Mingati, após operações que apontaram para a prática de abuso de poder econômico e captação ilícita de sufrágio durante o período de campanha. Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e Polícia Civil colaboraram com as apurações.
Inelegíveis e multados - Ambos vereadores foram também declarados inelegíveis por oito anos e multados em 10.000 UFIRs, cada um. Além disso, os envolvidos podem no final de todo o processo serem presos por até quatro anos.
Durante a investigação em Taquarussu, houve cumprimento de mandados de busca e apreensão antes do pleito eleitoral, no dia 1º de outubro de 2016, sendo encontradas inúmeras listas de eleitores e dezenas de convites de um show sertanejo e R$ 1,9 mil divididos em notas de R$ 50 e R$ 100.
Em Nova Andradina, a operação recebeu o nome de Bomba Aberta, em referência às bombas de postos de combustíveis livres para distribuição de gasolina em troca de votos. Vários elementos foram apreendidos e apontaram atos ilícitos do candidato, que agia em conluio com um posto no distrito de Nova Casa Verde.
Nos dois casos, as irregularidades foram alvos de diversas denúncias. No posto de Nova Casa Verde, foram apreendidas dezenas de notas e recibos de abastecimento em nome de candidato a vereador, assinados por pessoas diversas. Também foram encontradas planilhas apontando elevados gastos e pequenos tíquetes que eram usados como "moeda de troca" pelo combustível.