ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 24º

Política

Além de irregularidades fiscais, CPI quer saber se JBS cumpriu contrapartidas

Termos aditivos foram concedidos aos Tare firmados com a empresa, estendendo incentivos mediante investimentos que podem não ter se efetivado

Lucas Junot | 22/06/2017 14:21
Unidades da JBS serão visitadas por integrantes da CPI (Foto: André Bittar/Arquivo)
Unidades da JBS serão visitadas por integrantes da CPI (Foto: André Bittar/Arquivo)

Além das irregularidades fiscais e tributárias, como a eventual emissão de notas frias e pagamentos de propina, a CPI da JBS, criada na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, irá investigar se a contrapartida das empresas do grupo foi cumprida para obtenção de incentivos no Estado.

De posse do depoimento de um dos executivos da empresa – Valdir Aparecido Boni – prestado ao Ministério Público Federal em acordo de delação premiada, os deputados que integram a CPI chamaram atenção nesta quarta-feira (21) para o fato de que, mesmo não tendo cumprido os termos necessários para pactuar um Tare (Termo de Acordo de Regime Especial), a JBS teve a isenção tributária prorrogada por termos aditivos.

Um dos requerimentos aprovados na primeira reunião da CPI, realizada nesta quarta-feira (21), solicitou que tanto o governo do Estado quanto a empresa encaminhe cópias dos Tare, notas fiscais e termos aditivos pactuados.

O deputado Pedro Kemp (PT) apresentou questionamentos, por exemplo, sobre o Tare 862/13, firmado em nove de agosto de 2013, que tratava da instalação da planta frigorífica da JBS no município de Naviraí.

De acordo com ele, a empresa se beneficiaria com pelo menos R$ 110 milhões em isenções, referentes a 75% dos investimentos que realizasse para o empreendimento, em isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). “Temos que ver se esses investimentos de fato foram realizados por parte da empresa. Estava prevista geração de empregos, maquinários e uma série de outras questões”, alerta.

No depoimento de Boni, quatro termos aditivos teriam sido feitos ao Tare, entre setembro de 2013 e fevereiro de 2015, estendendo a abrangência dos incentivos.

Outro termo, ainda mais polêmico, é o 1.103/16, pactuado em três de janeiro do ano passado. Nele, a JBS se comprometia a ampliar suas oito unidades no Estado, com investimentos de R$ 285 milhões, dos quais R$ 120 milhões seriam empregados só nas duas unidades da Capital.

A medida, segundo a JBS, ampliaria a capacidade da empresa de 88 mil abates por mês para 105 mil, gerando mais de mil postos de trabalho em Mato Grosso do Sul. O termo, segundo o deputado, teria rendido a empresa R$ 99 milhões em isenção de ICMS.

Contudo, em fevereiro deste ano, a unidade de abate de carnes em Coxim - distante 260 km de Campo Grande – fechou as portas. De acordo com a empresa, 210 trabalhadores tiveram a opção de serem transferidos para outras cidades.

A empresa afirmou, em nota, que o fechamento ocorreu em consequência do término do contrato de sublocação da unidade. "Após tentativas de negociação com a locatária do estabelecimento, não foi possível chegar a um acordo que permitisse a manutenção da operação em Coxim".

A JBS arrendou o frigorífico pertencente a River Alimentos em 2012, com capacidade para abater 450 cabeças de gado por dia. Na época, a empresa arrendou várias plantas frigoríficas e foi bastante criticada por pecuaristas, devido ao monopólio do setor.

De posse dos documentos solicitados, os integrantes da CPI vão checar in loco se as contrapartidas pactuadas foram cumpridas.

Nos siga no Google Notícias