Apagado por Bolsonaro, MPF recupera vídeo de procurador de MS
Mídia foi postada dois dias depois dos atos antidemocráticos em Brasília (DF); relatório vai ao STF
MPF (Ministério Público Federal) comprovou a recuperação do vídeo excluído pelo ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), dois dias após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O relatório implicou trecho de entrevista concedida pelo procurador de Mato Grosso do Sul, Felipe Marcelo Gimenez, que questionou o resultado e a validade das eleições gerais de 2022.
Em comunicado, a PGR (Procuradoria-Geral da República) disse que a recuperação do vídeo vai “viabilizar a continuidade da persecução penal contra o ex-presidente, bem como permitirão apurar a responsabilidade da empresa responsável pelo Facebook em relação à não preservação do conteúdo”.
A análise produzida pelo Grupo Estratégico do MPF foi incluída nos autos do inquérito de nº 4.921 e foi enviada ao STF (Supremo Tribunal Federal). A preservação da mídia havia sido solicitada pela Procuradoria ao Supremo em 13 de janeiro de 2023. No entanto, o Facebook informou que o conteúdo não estava disponível, "porque a empresa não foi intimada em tempo hábil".
O vídeo foi apagado cerca de duas horas depois da publicação, na madrugada de 10 de janeiro. O ex-líder afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que a intenção era enviar o vídeo pelo WhatsApp, e não publicá-lo no Facebook.
As falas são de entrevista de Gimenez à rádio evangélica de Campo Grande em 10 de novembro de 2022, dias após o segundo turno. Já há alguns anos, o mandatário defende em entrevistas e postagens em suas redes sociais o chamado voto impresso e a contagem pública deles.
Gimenez foi citado na representação criminal do caso. O ministério pediu punição pela prática do crime de incitação, previsto no Código Penal que pode ter levado aos atos extremistas contra os três poderes em Brasília (DF).
À época, a reportagem entrou em contato com o procurador, que afirmou que suas falas estão embasadas em critérios técnicos e jurídicos, e que não vê “problema nenhum com isso”. Ele defende ainda que, para compreender suas posições, há “conceitos jurídicos que precisam ser entendidos” e finalizou afirmando que há embasamento técnico em cada uma de suas palavras.
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