Após pressão, Romero Jucá anuncia que deixará governo Temer
O senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR) anunciou nesta segunda-feira (23) que deixará o cargo de ministro do Planejamento do governo do presidente interino Michel Temer (PMDB). Jucá sofreu pressão popular e dentro do próprio governo depois de uma conversa sua com um ex-presidente da Transpetro, investigado na Operação Lava Jato, ser publicada em reportagem do jornal Folha de S. Paulo. A oficialização deve ocorrer nesta terça-feira (24).
Jucá disse que vai protocolar hoje um pedido na PGR (Procuradoria-Geral da República) para que o órgão avalie se há alguma ilegalidade na gravação que comprometa a permanência dele no ministério. No período da licença, Jucá reassumirá o mandato de senador e permanecerá na presidência do PMDB. O Ministério do Planejamento ficará sob comando do secretário-executivo Dyogo de Oliveira.
Romero Jucá foi nomeado ministro do Planejamento há 12 dias. No momento da gravação, ele exercia o mandato de senador pelo PMDB, de Roraima. Jucá confirmou que foi procurado pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, em casa e no gabinete.
O jornal Folha de São Paulo diz que na gravação, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugere um pacto para deter a Lava Jato. De acordo com a reportagem, em conversas entre Romero Jucá e Sérgio Machado. Jucá sugeriu que uma "mudança" no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" representada pela Operação Lava Jato.
Em uma das conversas, segundo o jornal, Machado disse a Jucá: "o Janot está a fim de pegar vocês e acha que eu sou o caminho...Ele acha que sou o caixa de vocês".
Ainda de acordo com o jornal, Machado fez uma ameaça velada e pediu que fosse montada uma estrutura para protegê-lo. E mais adiante, segundo a Folha, Machado voltou a dizer: "então eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída".
De acordo com a reportagem, Machado disse que novas delações na Lava Jato não deixariam "pedra sobre pedra". E Jucá concordou que o caso de Machado não pode ficar na mão do juiz federal, Sergio Moro".
Na gravação, ainda de acordo com o jornal, Jucá acrescentou que um eventual governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo" e Machado disse que "aí parava tudo", e Jucá respondeu que" delimitava onde está" - a respeito das investigações.
Jucá disse que havia mantido conversas com ministros do Supremo, os quais não nominou e afirmou que há poucos no STF aos quais não tem acesso. Um deles seria o ministro Teori Zavascki, a quem classificou de " um cara fechado. "
Também primeiro vice-presidente do PMDB, Jucá é alvo de dois inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) que investigam suspeita de que ele recebeu propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras. O ministro disse que considera algo banal porque já teria dito o que está na gravação em todas as entrevistas concedidas.