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Política

Bernal se defende e vê complô de rivais em denúncia de ex-catadora

Lidiane Kober | 23/09/2013 18:08
Questionado sobre recibos que compravam saques bancários, Bernal mostrou irritação com a insistência da imprensa com o tema e chegou a discutir com jornalista. (Foto: Cleber Gellio)
Questionado sobre recibos que compravam saques bancários, Bernal mostrou irritação com a insistência da imprensa com o tema e chegou a discutir com jornalista. (Foto: Cleber Gellio)

Em entrevista coletiva, marcada por momentos de tensão, o prefeito Alcides Bernal (PP) revidou denúncia da ex-catadora de lixo Dilá Dirce Pereira e acusou, sem citar nomes, adversários políticos de promover “conchavos” para manchar sua imagem. Segundo ele, a culpa de a ex-catadora não receber indenização de cerca de R$ 148 mil é do advogado Rubens Cleiton Pereira de Deus. O prefeito ainda informou ter acionado a Justiça para exigir retratação.

De acordo com Bernal, Rubens foi pago por seu escritório para cuidar do caso de Dilá, atropelada por um caminhão de lixo da Vega Engenharia Ambiental, em 1999. “Ele era meu assessor e foi remunerado por mim para cuidar desse caso”, disse sobre o advogado que informou assumir o processo da ex-catadora, após o descaso do prefeito.

Segundo Bernal, “em meados da campanha eleitoral do ano passado, o funcionário pediu exoneração e foi trabalhar com meus adversários”. “Agora, ele entra nesse caso como se estivesse tomando o processo de mim”, acrescentou. “Está agindo a mando dos meus adversários e usando essa senhora de pouco conhecimento”, prosseguiu.

O prefeito ainda classificou Dilá como uma “pessoa da família” e destacou ter vencido os processos em primeira e segunda instância. “Não me apropriei do dinheiro dela, consegui pensão mensal, remédios e tratamento para ela”, destacou.

Questionado, então, sobre os motivos de não recebê-la na prefeitura, ele frisou a necessidade de marcar hora. “Não posso parar uma reunião para conversar”, disse para justificar recusa em receber a ex-catadora, acompanhada da equipe de rede nacional da TV Record, que, ontem (22), exibiu reportagem sobre o caso.

“Criaram um clamor com trilha sonora e tudo, mostraram o prefeito de terno e gravata na posse, traduzindo a riqueza e imagens da pobreza no lixão, como se o prefeito de Campo Grande espoliou a catadora”, analisou Bernal. “Ora, só quem não quer ver não percebe conchavo com meus adversários”, completou.

A certeza do complô político, na visão de Bernal, veio com a exibição de imagens ao lado do senador Delcídio do Amaral (PT). “A quem interessa prejudicar ele, me vincular com o Delcídio?”, indagou. Já a cena ao lado do governador André Puccinelli (PMDB), na mesma reportagem, passou despercebida. “Não vi”, comentou o prefeito.

Ele, inclusive, chegou a cogitar que pagaram a Record para prejudicá-lo. “Quanto custou 18 minutos em rede nacional?”, perguntou. “Vou exigir na Justiça direito de resposta”, completou, pouco antes de informar ter aberto ação criminal por calúnia contra seu ex-funcionário, Rubens Cleiton Pereira de Deus.

Tensão no ar – Questionado sobre recibos que compravam dois saques bancários, na ordem de cerca de R$ 25 mil, Bernal mostrou irritação com a insistência da imprensa com o tema e chegou a discutir com jornalista.

“Vamos discutir temas administrativos que interessam Campo Grande, esse assunto vou discutir na Justiça, senão vou começar a entrar com ações contra jornalista que não me ouve”, disse, causando a indignação da imprensa, que acumula e-mails sem reposta da assessoria de imprensa da prefeitura.

Pouco depois, em nova indagação, Bernal admitiu que o caso de dona Dilá era simples e bastava comunicação para evitar tamanha repercussão. Ele, no entanto, mesmo após assumir que seu escritório cuidou do caso e de reconhecer que sacou dinheiro da conta da ex-catadora para bancar tratamento de saúde e remédios, reforçou inocência e voltou a culpar seu antigo funcionário.

Outro - Em julho, o prefeito também ganhou notoriedade nacional ao aparecer no programa do Ratinho, do SBT, quando acompanhou a funcionária pública e cantora, Natália Cabreira. Na ocasião, o prefeito negou ter custeado as passagens da funcionária e alegou que foi a São Paulo a trabalho.

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