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Política

Brasileiros em fuga serão levados a presídios estaduais, diz secretário

“A inteligência paraguaia já havia nos alertado sobre a possibilidade de uma fuga”, declarou secretário Antônio Carlos Videira

Izabela Sanchez | 19/01/2020 18:35
Secretário de Justiça e Segurança Pública Antonio Carlos Videira durante coletiva neste domingo (19) (Foto: Paulo Francis)
Secretário de Justiça e Segurança Pública Antonio Carlos Videira durante coletiva neste domingo (19) (Foto: Paulo Francis)

Em coletiva de imprensa na tarde deste domingo (19) na Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), o secretário Antônio Carlos Videira afirmou que a intenção do governo é trazer presos brasileiros que integram grupo foragido do Presídio de Pedro Juan Caballero para presídios estaduais. Fugiram da penitenciária paraguaia 75 integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) na madrugada deste domingo, da elite da facção a pistoleiros.

Conforme o secretário, as autoridades trabalham no momento para encontrar, entre os 40 presos brasileiros, mandados de segurança abertos em Mato Grosso do Sul e outros estados. Videira descartou que, se recapturados, serão levados para o sistema penitenciário federal, como havia declarado pelo twitter o ministro da Justiça Sérgio Moro que citou "passagem só de ida para presídio federal".

“O ingresso no presídio federal dependendo da situação não é descartada, todavia aqueles que tiverem mandados de prisão, por exemplo, no estado do Paraná, no estado de São Paulo, Goiás ou mesmo no Mato Grosso do Sul, num primeiro momento serão recolhidos em presídios estaduais e posteriormente, havendo a necessidade e obedecendo as regras para o ingresso, em presídios federais”, disse o secretário.

Maior fuga da década – O secretário ainda declarou que a evasão é a “maior fuga que se tem notícia na última década”, mas não quis comentar as circunstâncias do caso, que já rendeu afastamento de 30 agentes penitenciários paraguaios e diretores do sistema penitenciário do Paraguai, investigados em esquema de corrupção para facilitar a fuga.

Presos de duas celas do pavilhão B destinado ao PCC escavaram túnel, mas autoridades paraguaias acreditam que a estrutura seria para “legitimar” a fuga, que na verdade teria contado com plano prévio, já previamente comunicado pela Ministra da Justiça do Paraguai, Cecilia Pérez.

“De fato é uma fuga extremamente grande, é a maior que nós temos notícia na última década. É um número expressivo de presos, a grande maioria brasileiros, todavia, a circunstâncias de como ocorreram, as autoridades paraguaias já estão apurando. O que nós garantimos a eles é que eventualmente qualquer preso brasileiro que for recapturado, nós vamos ouvir e cumprir para que nós possamos esclarecer os detalhes da fuga”, disse.

O secretário também declarou que há possibilidade de que as três camionetes encontradas no distrito de Sanga Puitã, no lado brasileiro da faixa de fronteira, tenham sido utilizados por lideranças do PCC no Paraguai durante a fuga.

Um dos buracos do túnel escavado por presos em Pedro Juan Caballero (Foto: Divulgação)
Um dos buracos do túnel escavado por presos em Pedro Juan Caballero (Foto: Divulgação)

Sejusp sabia – O secretário afirmou, ainda, que a Sejusp já havia sido comunicada sobre o plano de evesão. A Ministra da Justiça no Paraguai, conforme o jornal paraguaio ABC Color, disse que a facção ofereceu 80 mil dólares para que representantes públicos auxiliassem os presos na fuga.

“A inteligência paraguaia já havia nos alertado sobre a possibilidade de uma fuga, nós já tínhamos reforço de equipes extras tanto do DOF quanto da Polícia Militar Rodoviária nas vias, até porque o maior volume eventualmente acaso ocorresse a fuga como ocorreu seriam de presos brasileiros, portanto era uma situação que já vinha sendo admitida”, revelou.

A possibilidade de ingresso, em Mato Grosso do Sul, da maioria dos presos que fugiram é para o secretário “a comprovação” de que o estado precisa de mais recursos para atuar sobre os crimes relacionados às organizações do tráfico de drogas. Videira afirmou que é melhor “investir na fronteira do que gastar bilhões em grandes centros depois” e citou o Rio de Janeiro como exemplo.

“Isso só mostra o número de pessoas que atuam no tráfico não somente no Brasil, mas também no Paraguai e que o Mato Grosso do Sul vem arcando há muitos anos com essas despesas. São as despesas com alimentação e custeios de mais de 8 mil presos que nós temos em Mato Grosso do Sul do tráfico. Da nossa população carcerária, 40% ou mais são oriundos do tráfico”, disse.

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