Câmara de Campo Grande está entre as 15 Capitais sem vereador jovem
Juventude tem 17 cadeiras e representa apenas 2% entre 821 parlamentares municipais em 26 cidades
A Câmara Municipal de Campo Grande está entre as 15 Capitais brasileiras que não têm sequer um representante jovem, ou seja, com até 29 anos. Isso representa 57% do Legislativo Municipal das 26 capitais. Tem gente suficiente querendo ocupar essas cadeiras nas eleições de outubro, mas falta ainda o discurso da juventude se aprimorar para conseguir mais votos e chegar lá, na avaliação do presidente da mesa diretora, vereador Carlos Augusto Borges, o “Carlão” (PSB).
A Lei Federal que prevê o Estatuto da Juventude considera jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos de idade. Entre os 821 parlamentares, somente 2% dos vereadores nas capitais têm menos de 30 anos, sendo 10 homens e 7 mulheres. O levantamento que mostra a baixa representatividade dos jovens é da ONG Girl Up Brasil e foi divulgado nesta terça-feira (16) pelo jornal Folha de São Paulo.
Em Campo Grande, os adultos mais próximos dessa faixa etária, são os vereadores Willian Maksoud (PSDB), que tem 33 anos e Epaminondas Neto, o “Papy” (PSDB), que fez 37 anos em abril. Hoje, com 29 anos, a única jovem eleita em 2020, Camila Jara (PT) deixou a Câmara para assumir o cargo de deputada federal, em 2023.
Também não têm vereadores com menos de 30 anos as Câmaras do Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Curitiba (PR) e Salvador (BA). O Legislativo com mais jovens na proporção é o de Belém (PA), com 11,4% de jovens, quatro entre os 35 parlamentares. Em seguida estão Teresina com 2 entre os 29 vereadores; Palmas (TO) com um entre os 19 e Macapá (AP) com um vereador jovem entre os 23. Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), São Luís (MA) e São Paulo (SP) têm apenas um vereador em cada Câmara.
O eleitor, de modo geral, não têm resistência a votar em jovens e os partidos têm movimentos de juventude com vários candidatos em todos os pleitos, na percepção do vereador Carlão, mas ainda assim eles têm dificuldade em conseguir se eleger.
“Mas o jovem tem que fazer um debate construtivo que empolga, um discurso que consiga convencer o eleitor. Ele tem que falar que vai defender o jovem, mas vai trabalhar para a cidade. Candidato jovem tem bastante. Tem que ter um discurso para chamar o jovem e não perder o pai do jovem”, recomenda Carlão, que era líder comunitário e está no quarto mandato, ou seja, quase 16 anos como vereador.
O presidente da Casa de Leis acredita que o debate pode mudar muito se houver mais jovens ocupando lugar entre as 29 cadeiras. “A participação da juventude impacta nas discussões, mas quando não são jovens de extrema, seja esquerda ou direita. O jovem tem que ser de ambas as partes, não ter radicalismo, tem que ter meio termo. Se tiver extremismo ele deixa de lado o mais importante que é o próprio jovem, pois na sociedade tem jovem de direita, centro e esquerda”, comenta Carlão.
O vereador Papy acredita que a politica tradicional não é um lugar para jovens porque existe uma desconfiança sobre o potencial da juventude por parte das lideranças políticas e também do eleitor em alguns casos.
"Porém, penso que o jovem precisa se posicionar e participar da política em todas as fases e, dessa forma, ocupar mais espaços. No entanto, só se vence eleição 'disputando'. Time que não entra em campo não pode ter torcida. É uma máxima, por isso penso que o jovem deve vir pra disputa, por o nome à disposição, usar as ferramentas disponíveis: como a internet, por exemplo, e arriscar, pois só assim vamos ter mais jovens eleitos", opina Papy.
O parlamentar enfatiza que o "jovem politizado" deve trabalhar para despertar o interesse da juventude que vota, pois uma parcela da população jovem abre mão de votar por não se sentir representada.
"Então, acredito que disputar eleições e mobilizar jovens eleitores seja o caminho para maior representatividade da juventude no parlamento municipal. Eu, por exemplo, elegi aos 29 anos em 2016", lembra o parlamentar.
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