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Política

Com salário de R$ 3 mil, secretária vira sócia da Proteco e empresa na Holanda

Paulo Yafusso | 15/07/2015 19:53
Delegado da PF Antonio Knoll: atuação suspeita das empresas (Foto: Fernando Antunes)
Delegado da PF Antonio Knoll: atuação suspeita das empresas (Foto: Fernando Antunes)

As investigações da Operação Lama Asfáltica podem se estender à apuração de suspeita de remessa de dinheiro para o exterior e lavagem de dinheiro, como sugere relatório circunstanciado da Polícia Federal, concluído em maio de 2013.

Os indícios começam a aparecer quando surge no esquema montado pelo empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco, a figura de Elza Cristina Araújo dos Santos Amaral, que era funcionária de Amorim, com salário de R$ 3.120,00 e que a partir de setembro de 2007 passou a ser sócia da Proteco, com 1% da cota parte do capital, o equivalente a R$ 6 mil.

Ela passou a assumir papel de gerente do esquema de Amorim, depois que ele “estrategicamente” tirou a filha Ana Paula Amorim Dolzan do quadro societário da Proteco, onde atuava como tesoureira, agente financeira. Na análise dos policiais federais, o objetivo com essa mudança foi o de dar maior “mobilidade e articulação” a Ana Paula com outras empresas do grupo.

Em várias escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da justiça, as pessoas se referem a Elza Amaral como uma espécie de tesoureira, responsável pela movimentação financeira. Mas a desenvoltura empreendedora da ex-funcionária da Proteco não pará ai. Ela passou a ser sócia de João Amorim também na ASK Consultoria Financeira S/A, onde também tinha 1% do capital social.

A ASK foi extinta, mas a equipe que participa das investigações que culmiram na Operação Lama Asfáltica deflagrada no último dia 9 em Campo Grande, sugere que seja solicitada a quebra judicial do histórico financeiro das movimentações da empresa, para que se possa descobrir efetivamente qual a finalidade da abertura dessa empresa.

A ex-funcionária da Proteco também passa a aparecer como sócia da Kamerof e responsável legal pela Arklyleius. O relatório da PF aponta que essas empresas “possivelmente são utilizadas para o envio ilegal de recursos para o exterior (evasão de divisas), operações de 'dólar cabo', internacionalização de recursos. “Dólar cabo” ou “euro-cabo” é um sistema muito procurado no Brasil para lavagem de ativos, por conta da fragilidade no controle dessas operações.

A Arklykeius tem sede na Holanda, e mesmo Elza Amaral sendo procuradora da empresa e possuir passaporte, nunca saiu do país, o que reforça ainda mais a suspeita sobre o uso das empresas da ex-funcionária da Proteco.

Novo milionário – Outra situação que chama a atenção é o caso de André Luiz dos Santos, que na época da investigação tinha 27 anos e com uma pequena empresa passou a vencer licitações, derrubando do páreo empresas de grande porte. Segundo as investigações, em 2002 ele tinha uma pequena empresa e em 2007 abriu uma nova, a A.L.dos Santos & Cia Ltda, vencendo várias licitações na Prefeitura da Capital.

Em 2012, os contratos que ela mantinha com a Prefeitura chegavam à casa dos R$ 40 milhões. Em 2007, o empresário venceu uma licitação, mas a empresa não possuía veículos para o que foi pactuado no contrato, conforme foi verificado durante a investigação. Ainda de acordo com o que foi apurado, o empresário comprou fazenda em Rio Negro avaliado em R$ 5 milhões e três apartamentos.

Segundo o chefe da CGU (Controladoria Geral da União) no Estado, João Paulo Barbiere, muitas coisas chamam a atenção no “modus operandi” do grupo. Como, por exemplo, a criação de empresas que passam a participar das concorrências. Já o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado, da Polícia Federal, Antonio Knoll, diz que outro fato curioso é a formação de consórcios e também o fato de que muitas empresas que perderam a concorrência, passam a executar a obra de forma terceirizada.

Na fase atual da Lama Asfáltica, cinco policiais federais e cinco técnicos da CGU estão debruçados na análise do material apreendido durante a operação. A previsão de Barbiere é de que o serviço só seja concluído em seis meses. “São quatro caminhonetes de material apreendido”, afirmou.

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