Depoimento desvenda identidade de "Goiano", que articulou cassação
Os depoimentos dos vereadores aos promotores que atuam na Operação Coffee Break, deflagrado na manhã da última terça-feira, serviram para identificar quem é o “Goiano”. Nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal com autorização da Justiça, aparece conversando sobre a cassação do prefeito Alcides Bernal em março do ano passado. Os grampos telefônicos fizeram parte das investigações da Operação Lama Asfáltica, em que a Polícia Federal, CGU (Controladoria Geral da União), Receita Federal e MPF (Ministério Público Federal) investigam esquema de corrupção e fraudes em licitação, envolvendo empreiteiros e servidores estaduais.
Em pelo menos três momentos os alvos da Operação Lama Asfáltica conversam sobre a cassação de Alcides Bernal e se referem ao tal “Goiano”. Numa delas, às 16h42 do dia 11 de março do ano passado, véspera da sessão na Câmara Municipal que cassou o mandato do prefeito, o empresário Fábio Portela Machinsky conversa com o dono da Itel Informática, João Baird. Falam sobre as nomeações em órgãos municipais, estratégia usada para negociar com os vereadores a votarem pelo afastamento de Bernal.
“Saiu umas 3, 4 (nomeações) na Agetran, mas é tudo....o japonês tinha pedido 60 nomeações e só saiu 3”, diz Fábio Portela, conhecido como Fabão, em conversa telefônica com João Baird. Nessa mesma conversa, ele antecipa o que ocorreria no dia da votação. O vereador Gilmar Neri de Souza, o Gilmar da Cruz, abandonaria Alcides Bernal e votaria pela cassação. “O Goiano ontem me garantiu, me garantiu, que fechou o pastorzinho, aquele da Cruz”, conta Fabão ao dono da Itel.
No dia 10, às 16h33, Baird liga para João Amorim, dono da Proteco, dizendo que ele precisaria atender Fabão e o Goiano, para falar de algumas “novidades”. Antes de desligar, Amorim pergunta se “é problema” e recebe a resposta afirmativa. No relatório de Polícia Federal da Operação Lama Asfáltica, é citado que além de comandar todo o esquema de corrupção e fraudes em licitações para execução de obras com recursos federais, João Amorim também operou o esquema para afastar Bernal da Prefeitura. Tanto que, no dia seguinte ao da cassação, o empresário recebe várias ligações telefônicas parabenizando-o pelo feito.
Pelo que o Campo Grande News apurou, no dia da Operação Coffee Break, os empresários disseram que Goiano era amigo, mas não souberam informar o nome do “amigo”. Mas um dos vereadores ouvidos, acabou confirmando as suspeitas: Goiano é mesmo o prefeito afastado Gilmar Olarte. Durante entrevista coletiva sobre a Operação, os promotores falaram das contradições nos depoimentos dos alvos da ação.
O Campo Grande News tentou falar com o ex-prefeito, mas não localizou Olarte nem seu advogado, Jail Azambuja.