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Política

Deputado Amarildo queria apresentar projeto contra plantio de soja no Pantanal

Ao todo, três propostas estavam no rascunho do gabinete do petista, que faleceu na sexta-feira (17)

Gabriela Couto | 20/03/2023 16:31
Área na planície pantaneira, com solo sendo preparado para plantação de monocultura. (Foto: SOS Pantanal)
Área na planície pantaneira, com solo sendo preparado para plantação de monocultura. (Foto: SOS Pantanal)

Antes de falecer, o deputado estadual Amarildo Cruz (PT) tinha deixado três projetos de lei que iria propor no rascunho. Os textos estavam prontos para serem protocolados na Assembleia Legislativa. No entanto, o parlamentar não resistiu a uma parada cardíaca, na última sexta-feira (17).

No áudio compartilhado nos grupos de WhatsApp é possível ouvir o petista determinando a equipe jurídica os próximos passos para apresentação de uma das matérias no Plenário, a proposta de proibir o plantio de soja no Pantanal. Ouça abaixo a voz de Amarildo orientando seu desejo no domingo, dia 12 de março, antes de ser hospitalizado.

De acordo com o chefe de gabinete de Amarildo, Paulo Barbosa, ainda é muito cedo para determinar o que serão feitos com os projetos que estavam prontos. “Da mesma forma que foi feito quando ele assumiu, após a perda do Cabo Almi para a covid-19, deve ser canalizado para o gabinete da suplente ou distribuído para a bancada do partido”, ponderou.

Um dos advogados do gabinete de Amarildo, Márcio Guinancio explicou que os projetos aguardavam apenas ele receber alta médica para serem apresentados e lidos no plenário. A medida faz parte do regimento interno da Casa de Leis.

“Fizemos o estudo e ficou só no rascunho, não foi protocolado. Além do projeto que proibia soja no Pantanal, ele ia reapresentar o pedido de criação da Frente Parlamentar do Enfrentamento à Intolerância Racial, na quarta-feira (15), mas já estava internado. E um outro projeto que criava o Dia da Democracia no calendário estadual”, afirmou o assessor jurídico.

Os três projetos devem ser analisados pela bancada petista, para dar encaminhamento à vontade de Amarildo Cruz. A confirmação é da assessoria de imprensa do deputado estadual Pedro Kemp (PT). Ele disse que vai reapresentar os projetos do amigo, sem dar detalhes.

Já a assessoria de imprensa do deputado estadual José Orcírio Miranda dos Santos, o Zeca do PT, explicou que o parlamentar ainda não deu andamento a essas questões. Desde que teve alta no sábado (18), está em repouso absoluto das duas cirurgias de cateterismo que foi submetido.

A Mesa Diretora ainda não divulgou a data da posse da suplente de Amarildo, Gleice Jane Barbosa (PT). Também deve ser definido quem irá assumir a liderança da bancada, já que era o papel do petista.

Divulgação da petição do SOS Pantanal contra o plantio de soja na maior planície alagada do mundo. (Foto: SOS Pantanal)
Divulgação da petição do SOS Pantanal contra o plantio de soja na maior planície alagada do mundo. (Foto: SOS Pantanal)

Petição - Desde julho do ano passado, o SOS Pantanal iniciou uma campanha contra o plantio de soja na maior planície alagada do mundo. Com a seca nos últimos anos, na área do bioma, em Mato Grosso do Sul, áreas antes protegidas pelas águas foram convertidas para o plantio de soja.
No estado vizinho, o Mato Grosso, já existe uma legislação que proíbe o plantio de soja no Pantanal. Por isso, foi criada uma mobilização chamada #PantanalNãoÉLugarDeSoja nas redes sociais, pedindo assinaturas de uma petição para proibir a prática.
O Pantanal é um santuário da biodiversidade, com pelo menos 4,7 mil espécies, sendo 3,5 mil espécies de plantas, 650 de aves, 124 de mamíferos, 80 de répteis, 60 de anfíbios e 260 espécies de peixes de água doce, algumas delas em risco de extinção.

O diretor de estratégia do SOS Pantanal, Leonardo Gomes, afirmou que o deputado procurou a ONG (Organização Não Governamental) para fazer uma consulta e ter uma primeira apresentação do projeto.

“Ele sabia que aqui em Mato Grosso do Sul precisava avançar neste assunto, que jé está ultrapassado. Era uma iniciativa muito louvável da parte dele e relevante para o Estado. Vemos com muita preocupação a questão da monocultura no bioma, porque são mais de 10 milhões de hectares de áreas degradadas. Não há motivo para tentar adaptar uma cultura que não tem essa vocação, por ser uma planície alagada”.

****Matéria atualizada às 17h15 para acréscimo de informação.

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