Deputados criticam fala de vereador sobre protesto de indígenas
André Salineiro (PSDB) disse que a polícia tinha de 'descer o cacete' caso índios continuassem a bloquear rodovia
O discurso do vereador André Salineiro (PSDB) na Câmara Municipal de Campo Grande, sobre indígenas, repercutiu também na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, nesta quinta-feira (dia 8).
Os deputados criticaram a fala do parlamentar, que, na sessão da terça-feira (dia 6), disse que a polícia deveria 'descer o cacete' caso os índios continuassem bloqueando a BR-163. Na ocasião, os indígenas protestavam por melhorias na saúde.
"Esse vereador precisa ser repudiado pelas declarações que deu de mandar bater nos índios. Não vivemos na época da ditadura militar, onde os militares mandavam bater e até matar. Essa época já passou", afirmou o deputado estadual Pedro Kemp (PT).
Para ele, o vereador deveria, além de pedir desculpa na tribuna - o que foi feito -, visitar uma aldeia indígena e conhecer como vivem e as dificuldades que passam no dia a dia. "É inaceitável uma declaração dessa na Câmara Municipal de Campo Grande".
O discurso recebeu o apoio do deputado Zé Teixeira (DEM), ao ressaltar que a declaração de André Salineiro foi "infeliz", já que comentários como o que ele fez só incentiva ainda mais a desunião que já existe entre índios e produtores rurais no Estado.
"Não temos que pregar a violência ou conflito. Ao contrário, temos que seguir pelo diálogo. As pessoas hoje em dia que seguem pensamentos e colocações como o de Jair Bolsonaro [deputado federal pelo Rio de Janeiro] deveriam defender pessoas que possam unir o País e não dividir", encerrou.
Na Câmara - Salineiro pediu desculpas na manhã desta quinta-feira diante de um grupo de 15 índios. Explicou que é contra protestos que impeçam pessoas de ir e vir, não contrário à causa indígena. Disse, ainda, que soube que um paciente de câncer foi barrado durante o protesto e perdeu a consulta marcada há três meses.
No fim da sessão, indígenas e o parlamentar se reuniram na sala da presidência. "Nós conseguimos alcançar o respeito que ele precisa ter. Ele se retratou de novo dizendo que ele é nosso parceiro", disse o cacique da Aldeia Córrego do Meio, de Sidrolândia, Genivaldo Antônio Santos.