Em nota, Vander se diz surpreso por aparecer na lista da Lava-Jato
O deputado federal Vander Loubet (PT) se diz surpreso com a citação do nome dele entre os pedidos de inquérito feitos pela PGR (Procuradoria Geral da República), onde é denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro. Em nota oficial, encaminhada neste sábado (7), ele afirma que desconhece em quais circunstâncias está sendo investigado. Na semana passada, ao Campo Grande News, afirmou que estava “tranquilo”, pois não seria citado na lista levantada na Operação Lava-Jato.
A assessoria do parlamentar informou que ele está em Mato Grosso do Sul neste fim de semana e deve se reunir com os advogados quando retornar para Brasília, sem previsão de data. Somente após o encontro ele irá se manifestar pessoalmente sobre o caso.
O petista, que atuava junto com o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza (PT/SP), é acusado de usar uma empresa de fachada para receber o dinheiro desviado da Petrobras. Os dois passaram a ter influência nas subsidiárias da estatal, como BR Distribuidora e Transpetro, em 2009, após a instalação da CPI pelo Congresso Nacional.
O deputado sul-mato-grossense foi citado nos depoimentos das delações premiadas do ex-diretor de Serviços da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do doleiro Alberto Youssef, sendo o único político do estado a constar na lista. Conforme os relatos, o pagamento para Vander foi feito por meio da GFD Investimentos, de Brasília (DF), em espécie, e no escritório do advogado Ademar Chagas da Cruz.
A assessoria de imprensa de Vander confirmou que Ademar trabalha para Vander. Janot cita dois registros do advogado no escritório da GFD nos dias 13 e 23 de janeiro do ano passado, tendo combinado o valor no primeiro encontro e recebido o dinheiro no segundo. O doleiro diz não se lembrar do valor repassado ao deputado federal de MS.
Youssef também contou que Rafael Ângulo Lopez foi pessoalmente ao escritório de Ademar, em Campo Grande, entregar outra parte do dinheiro.
A GFD Investimentos é uma empresa de fachada, conforme Janot, que recebia recursos e era operada por Pedro Paulo Leoni Ramos, que atuava nos fundos de pensão e nas subsidiárias da Petrobras.
Paulo Roberto Costa revelou que realizou várias reuniões com Loubet dentro e fora da Petrobras, no Rio de Janeiro, entre os anos de 2008 e 2009. Também se encontrou com a dupla na casa do lobista Jorge Luz. Ele contou que Vander recebia dinheiro, mas nunca pediu repasse para a campanha política. Vaccarezza é acusado de receber dinheiro desviado da Petrobras do cartel de empreiteiras por meio de doações oficiais.
O procurador-geral da República acusa Vander ainda de se associar ao ex-presidente e senador por Alagoas, Fernando Collor de Mello (PTB), para controlar o esquema de corrupção nas subsidiárias da Petrobras.
Em uma das 28 petições encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal, Janot pede a abertura de inquérito contra Vander pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. Além das delações premiadas, a investigação deve aproveitar provas colhidas na Operação Bidone 2, da Polícia Federal.
Ontem à noite, o ministro Teori Zavasck acatou o pedido do MPF e abriu o sigilo dos inquéritos.