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Política

Em reunião tensa, Bernal surpreende vereadores com sua versão e pede paz

Antonio Marques | 16/09/2015 16:54
Durante reunião, Bernal conversa com o secretário de Governo, Paulo Pedra (Foto; Marcos Ermínio)
Durante reunião, Bernal conversa com o secretário de Governo, Paulo Pedra (Foto; Marcos Ermínio)

Depois de mais de duas horas de reunião no Plenarinho da Câmara Municipal sobre a atual situação financeira da prefeitura, que causou momentos de tensão e embate, o prefeito Alcides Bernal (PP) pediu paz e união aos vereadores para poder recuperar o equilíbrio das contas do município de Campo Grande.

No início do evento, que lotou o plenarinho da Casa, com participação dos vereadores, jornalistas, líderes comunitários, o ex-líder do prefeito afastado Gilmar Olarte (PP), Edil Albuquerque chegou a questionar a necessidade de a equipe do prefeito apresentar os números sobre as finanças, alegando que já eram dados de conhecimento público.

Edil defendia que, para agilizar a reunião, o prefeito revelasse apenas as medidas que estavam sendo feitas para solucionar os problemas encontrados na prefeitura, ou seja, apenas respondesse à sabatina dos vereadores, o que foi refutado pelo próprio Bernal.

Durante a apresentação dos números das contas a partir de 2012, para mostrar qual a real situação que Bernal recebeu a prefeitura em janeiro de 2013, por diversas vezes o titular da Seplanfic (Secretaria Municipal de Planejamento, Finanças e Controle), Disney Fernandes, foi interpelado pelos vereadores e até mesmo pelo ex-secretário da pasta, Andre Scaff, que voltou para o cargo de Procurador Jurídico da Câmara.

Exageros - No entanto, quando Disney Fernandes apresentou os dados da folha de pagamento de cargos comissionados, gratificações e variação de vantagens dos servidores municipais, os vereadores ficaram surpresos e alguns demonstraram revolta com a evolução dos valores que chegaram a 443%, em menos de dois anos.

Conforme os dados da gratificação de funcionários beneficiados com o “Plano de Trabalho”, um instrumento oriundo de um decreto aprovado na Casa em 2012 para equilibrar os salários dos servidores da CAC (Central de Atendimento ao Cidadão), que recebiam na época cerca de R$ 700,00, a equipe do prefeito afastado elevou o gasto de R$ 369.476,82 em março de 2014, quando Bernal foi caçado, para R$ 1.778.80108, em julho de 2015.

O vereador Chiquinho Teles (PSD), que no início foi da base aliada de Gilmar Olarte e depois se declarou independente, revelou estar surpreso com os dados e chegou a questionar se não havia uma forma de cortar tais gratificações. “São números que não tínhamos noção da existência e que não pode permanecer assim”, comentou ao final.

Outros números que causaram surpresa em alguns dos parlamentares foram os gastos com funcionários em cargos comissionados, que passou de R$ 959.412,51, em março de 2013; para R$ 2.805.235,16, em março de 2015; tendo chego a marca recorde de R$ 2.870.108,23, em julho de 2014. O gasto anual que era de R$ 14,1 milhões no primeiro ano da gestão de Bernal, chegou a R$ 28,2 milhões em 2014, e neste ano já havia alcançado os R$ 20,2 milhões até o final do mês de agosto, uma evolução de 114%.

A gratificação de representação dos funcionários em cargos em comissão também apresentou crescimento de 91% no período, passando de R$ 11,5 milhões em 2013, para R$ 24 milhões, no ano passado. Até agosto deste ano, esses gastos havia atingido os R$ 14,7 milhões.

Até o presidente da Câmara, em exercício, vereador Flávio César, considerou os números absurdos e declarou desconhecê-los, questionando ao prefeito se havia uma forma de baixar tais valores para o equilíbrio da folha de pagamento do município.

Disney Fernandes esclareceu que as medidas estavam sendo tomadas e a exoneração de todos os cargos em comissão assim que o prefeito assumiu teria sido a primeira providência para acabar com a “farra”. Ele ainda voltou a destacar que o problema do desiquíbrio financeiro não foi a receita, que cresceu 5,22% em 2015, comparado ao ano passado.

Bernal declarou que a situação encontrada era de caos total e que se a prefeitura fosse uma empresa estaria falida, com os funcionários na rua sem perspectiva de receber as indenizações trabalhistas. Porém, segundo o prefeito a situação é possível de solução e que precisa da união de todos, do Legislativo e do Executivo, para voltar à normalidade. “Queremos fazer um governo participativo, austero e transparente. As portas estão abertas a vocês”, declarou Bernal aos vereadores.

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