Em um dos maiores protestos femininos de MS, mulheres marcham rumo ao CMO
Elas dizem que como patriotas não aceitam “um governo corrupto” e pedem a garantia da lei e da ordem.
A tarde desta terça-feira teve uma onda patriótica feminina, em verde amarelo, que começou com marcha até a frente do CMO (Comando Militar do Oeste), em Campo Grande.
Com a placa “Não nos curvaremos a um sistema corrupto”, uma das primeiras na fila que marchava gritando palavras de ordem repetia que o “Brasil nunca será vermelho”.
O clima ameno ajudou neste feriado, mas a maioria na multidão de mulheres participa das manifestações contra a eleição de Lula, desde que o petista foi oficialmente considerado eleito.
“Estou protestando desde o dia 31 de outubro. Não aceito as manipulações feitas para a vitória vermelha”, diz a servidora pública Silmara Cavalcante, de 35 anos.
As opiniões sobre qual seria o melhor desfecho neste momento são várias.
Para 3 mulheres que já na linha de frente carregavam placas com fotos e nomes dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica em Mato Grosso do Sul, só o pedido de S.O.S às Forças Armadas vai resolver o problema, com intervenção militar.
Mas há quem não concorde com essa fórmula radical e pede mais uma auditoria nas urnas e a anulação do pleito. “Esquece esse negócio de intervenção, mas que teve fraude, teve. Não é possível que a maioria escolheu um homem que nunca fez nada pelos brasileiros”, reclama a cabeleireira Sônia Lima, que saiu da Avenida Sebastião Lima para engrossar o protesto na Duque de Caxias.
Também abrindo a marcha, duas mulheres estenderam a faixa: “Exigimos a garantia da lei e da ordem”, e contestam que o PT seja o melhor para o Brasil. A advogada Terezinha Rigon avalia que “o processo todo foi deturpado, inclusive, com censura a quem apoiava Bolsonaro”.
Do outro lado da faixa, a também advogada Fabíola Figueiredo, de 43 anos, mostra o que atrai tanta gente com as mesmas crenças aos protestos em frente ao CMO. “Sou mãe, católica e acredito na família.”
O forte engajamento de mulheres também fez aumentar a participação das crianças. Com saia azul de tule e blusa amarela, a filha estreou no protesto ao lado da mãe, que preparou figurino especial para a menina também entrar na marcha. Mas antes que dissesse o nome, foi interrompida por outra participante contrária às entrevistas à imprensa.
A educadora Amanda Diógenes, 30 anos, aceitou falar, mas resume em uma palavra o que na opinião dela foi irregular nas eleições: “Tudo”.
Além de mulheres de todas as idades, idosos e gente de diferentes classes sociais pareciam emocionados, todos repetindo que a luta é para defender um Brasil com eleições limpas e sem corrupção.
Desconfiadas com a presença da imprensa, algumas mulheres entrevistadas não aceitaram informar os nomes e criaram alguns evidentemente fictícios.
Dona “Maria Aparecida Pedrossian”, uma senhora que caprichou no modelito, até com tiara cheia de lacinhos na cabeça, era uma das mais animadas. Diz que a marcha é “pelos meus filhos, pelo futuro deles e do meu País”.
Também desde o início do movimento, a aposentada, de 72 anos, é uma das mais presentes no “fronte”, no rodízio que é feito entre os participantes. “Ixi minha filha, venho todo dia, trago arroz, água, colchão, o que precisar. A gente faz de tudo”.