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Política

Eterno radical, Suél aperta orçamento para levar PSTU à quarta eleição

Aline dos Santos | 17/08/2016 13:00
Veterano, Suél parte para quarta candidatura a prefeito de Campo Grande. (Foto: Alcides Neto)
Veterano, Suél parte para quarta candidatura a prefeito de Campo Grande. (Foto: Alcides Neto)

Com uma fisionomia a la Dom Quixote - o personagem de Cervantes de “compleição rija, parco de carnes e rosto enxuto” - Suél Ferranti não luta contra os moinhos de vento do livro, mas faz questão de ir contra a corrente ao se lançar pela quarta vez candidato a prefeito de Campo Grande.

Em tempos de vale-tudo na política, ele é fiel ao PSTU, sai em chapa pura por não aceitar coligação com siglas que não defendem a classe trabalhadora, enfrenta o folclore de ser o candidato que relaciona até a bicicleta Caloi na lista de bens e o rótulo de xiita.

Aos 58 anos, ele já disputou 11 eleições – prefeito, senador, vice-governador e vereador- e em 2016 volta ao páreo com a justificativa de levar adiante a bandeira do PSTU, partido que ajudou a fundar no Estado há 22 anos e é atual presidente regional. O melhor desempenho foi na primeira eleição a prefeito, quando obteve seis mil votos.

“O que move as candidaturas do PSTU é que nós temos entendimento que se não lutar pelo o que nós acreditamos, os outros partidos não vão fazer. O cumprimento de mais uma tarefa de militante de apresentar a candidatura classista e revolucionária. É a quarta vez que o PSTU está falando, não adianta votar nos mesmos”, afirma Suél, que visitou o Campo Grande News nesta quarta-feira (dia 17).

Se afastar do posto de servidor público federal para participar das eleições tem reflexo no bolso. Neste período, perde direito aos benefícios do vale-transporte e tíquete alimentação. “Minha família apoia minhas candidaturas. Mas é claro que por nós não termos dinheiro, vamos ter que apertar um pouquinho porque são três meses”, diz Suél. Ele é casado e tem 3 filhos. A renda, com os benefícios, tem média de R$ 5 mil. 

"É a quarta vez que o PSTU está falando, não adianta votar nos mesmos", defende o candidato. (Foto: Alcides Neto)
"É a quarta vez que o PSTU está falando, não adianta votar nos mesmos", defende o candidato. (Foto: Alcides Neto)

Classificada como singela pelo candidato, a campanha do PSTU é a base de doação de amigos, trabalho voluntários e em ritmo de progressão aritmética na procura pelo voto. “É o um mais um. Mas queremos transformar em progressão geométrica. Vamos conseguir ainda”, diz.

O partido pretende gastar até 36 mil com a chapa majoritária (prefeito e vice) e R$ 16 mil na campanha para vereador. Em média, cada simpatizante doa R$ 50 por mês. Há os mais generosos, com doação de R$ 200 e aqueles que podem contribuir com menos, como, por exemplo, R$ 0,20. O PSTU ainda comercializa jornais e revistas.

A cada campanha, a sigla produz os programas para o horário eleitoral a partir de trabalho voluntário e sempre com tecnologia inferior ao requisitados pelas emissoras de televisão. “A gravação é bem caseira, com pouca estrutura”, admite.

Na corrida eleitoral de 2016, aproveita material que sobrou na última eleição municipal, com produção de apenas dois tipos de folders: o tradicional santinho e o santão, com dados de todos os candidatos e propostas.

Além de um cardápio reduzido de coligações, que faz o PSTU sair em chapa pura desde 1998, o partido tem regras como doação do salário caso eleito e saída de cargos de direção, tudo em nome da militância. “Mais uma diferença entre o PSTU e os outros partidos. Ao ser eleito prefeito de Campo Grande, vou sobreviver com o meu salário de trabalhador. E o restante vai para o PSTU fazer política para os trabalhadores”, afirma.

Caso eleito, o primeiro passo será formar conselhos populares para definir a aplicação do orçamento nas áreas de saúde, educação, transporte, esporte, lazer e segurança. “Os trabalhadores que vão definir como vai ser gasto o orçamento”, diz.

Suél nasceu no interior de São Paulo, mas mora em Campo Grande desde 1975. As duas primeiras candidaturas foram pelo PT, partido que deixou em 1991 por motivo de “aburguesamento”.

“Dizem que nós somos xiitas, somos radicais. Eu pergunto: quem é mais radical? Somos nós que defendemos saúde decente, escola decente ou são eles que prometem e não cumprem. Se ser radical é defender os anseios da classe trabalhadora, vou continuar sendo eterno radical”, decreta.

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