Ex-ministro Paulo Bernardo foi peça fundamental no governo de Zeca do PT
Considerado pelo ex-senador Delcídio do Amaral como um dos “melhores captadores de recursos do PT”, o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações, Paulo Bernardo, marido da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi preso na manhã desta quinta-feira (23), em Brasília (DF), na Operação Custo Brasil da Polícia Federal. Entre janeiro de 1999 e dezembro de 2000, ocupou a Secretaria de Estado de Fazenda em Mato Grosso do Sul, durante o governo de Zeca do PT, num período relativamente curto que pode ser atribuído ao desgaste político do ajuste fiscal conduzido por ele.
Na época, Paulo Bernardo era responsável pelo pagamento de todos os contratos do governo estadual e teve seu nome envolvido em denúncias de irregularidades na área de comunicação, principalmente nos contratos firmados entre o governo sul-mato-grossense e empresas terceirizadas, de acordo com portal IG. Denúncias não foram comprovadas, mas o cargo na gestão de Zeca do PT deixou algumas marcas no currículo de Paulo Bernardo.
Depois que deixou Mato Grosso do Sul com a esposa Gleisi Hoffmann, titular da Secretaria de Reestruturação Administrativa do governo Zeca do PT, assumiu a Secretaria de Fazenda de Londrina, no Paraná. O casal sempre andou junto e na época da estada em Londrina ela era secretária municipal de Gestão Pública.
Funcionário do Banco do Brasil, Paulo Bernardo ingressou na política por meio de movimento sindical, já que durante muitos anos integrou a diretoria do Sindicato dos Bancários do Paraná. Ele se elegeu deputado federal pela primeira vez em 1990 e foi reeleito em 1994.
Entre janeiro de 1999 e dezembro de 2000 foi secretário de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul e de janeiro de 2001 a março de 2002 ocupou a Secretaria de Fazenda em Londrina.
Em 2003 voltou à Câmara dos Deputados e se licenciou do mandato de deputado federal em 22 de março de 2005 para assumir o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Integrou também o governo Dilma Rousseff desde seu início, como ministro das Comunicações.
Uma das metas de sua gestão foi reforçar o Plano Nacional de Banda Larga. Em janeiro de 2015, na reforma ministerial da transição para o segundo mandato de Dilma, Ricardo Berzoini assumiu o ministério no lugar de Paulo Bernardo.
Desdobramentos da 18ª fase da Operação Lava Jato resultaram na Operação Custo Brasil, que prendeu Paulo Bernardo. Ele estaria ligado ao pagamento de propina referente a contratos de prestação de serviços de informática pela empresa Consist no valor de R$ 100 milhões, entre 2010 e 2015.
Delação – Em depoimento prestado no dia 11 de abril, o ex-senador Delcídio do Amaral afirmou que Paulo Bernardo privilegiava a empresa Consist Software Limitada desde o governo no Mato Grosso do Sul. A empresa teve contratos por mais de 10 anos com o governo do Estado.
No âmbito da Lava Jato, a Consist Software é investigada por suposto desvio de R$ 52 milhões em contratos firmados com o Ministério do Planejamento. A empresa atua na área de sistema de gestão de crédito de consignado, previdência e assistência técnica. Ela também tinha contratos com a Petrobras e firmou contrato com o Ministério do Planejamento em 2010, quando Bernardo era o titular.
Conforme o Diário Oficial do Estado, o último contrato entre a Consist e o governo de MS foi firmado em agosto de 2007, no valor de R$ 3,7 milhões. Este contrato foi prorrogado por um ano em janeiro de 2010, de acordo com o segundo termo aditivo publicado também no Diário Oficial.