Paulo Bernardo favorecia empresa desde o governo Zeca, diz Delcídio
Paulo Bernardo, que também foi secretário de Zeca do PT, foi preso na nova fase da Operação Lava Jato
Em seu depoimento, prestado em 11 de abril deste ano, o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) afirmou que o ex-ministro Paulo Bernardo privilegiava a empresa Consist Software Limitada desde o governo no Mato Grosso do Sul. Bernardo foi secretário de Zeca do PT, no primeiro mandato dele, em 1999. Nesta quinta-feira (23), ele foi preso pela Operação Lava Jato.
A empresa, que foi alvo da 18ª fase da Lava Jato, em 2015, teve contratos por mais de 10 anos com o governo de Mato Grosso do Sul. No âmbito da Lava Jato, a Consist é investigada por suposto desvio de R$ 52 milhões em contratos firmados com o Ministério do Planejamento.
A Consist Software atua na área de sistema de gestão de crédito de consignado, previdência e assistência técnica. Ela também tinha contratos com a Petrobras e firmou contrato com o Ministério do Planejamento em 2010, quando Bernardo era o titular.
Segundo informações divulgadas hoje pelo Estadão, Paulo, que é marido da senadora petista Gleisi Hoffmann, teria privilegiado a empresa, segundo a delação de Delcídio. Sob o comando de Bernardo, o Ministério do Planejamento assinou acordo com o Sindicato Nacional das Entidades Abertas de Previdência Complementar e a Associação Brasileira de Bancos.
Essas entidades contrataram a Consist para desenvolver o sistema de gestão da margem consignada. Em contrapartida, a empresa recebia um percentual por empréstimo consignado fechado por servidores da pasta.
Na delação, Delcídio disse que Paulo Bernardo ‘sempre foi, desde a época que passou pelo Mato Grosso do Sul e até mesmo antes, considerado um ‘operador’ de Gleisi Hoffmann’’. Segundo ele, ‘Paulo Bernardo sempre foi visto como um operador de muita competência’. Ele não faz menção sobre a relação da empresa no governo do Estado.
Ainda no depoimento, o ex-senador foi questionado sobre o quis dizer com a expressão ‘operador’, ao que ele respondeu: “ele (Bernardo) tinha uma capacidade forte de alavancar recursos para a campanha (de Gleisi)’. Delcídio afirmou que Paulo Bernardo, em 2010, já captava recursos para a senadora. Por ser ministro, ele tinha ‘bastante força para captação’.
MS – No Estado, a empresa firmou contrato com o governo no início do primeiro mandato de Zeca do PT. Na época, Paulo Bernardo era secretário estadual de Fazenda, e Gleisi comandou uma secretaria de reestruturação administrativa.
Conforme o Diário Oficial do Estado, o último contrato entre a Consist e o Governo do Estado foi firmado em agosto de 2007, no valor de R$ 3,7 milhões. Este contrato foi prorrogado por um ano em janeiro de 2010, conforme o segundo termo aditivo publicado também no Diário Oficial de MS.
A reportagem do Campo Grande News tentou contato com o deputado federal Zeca do PT, mas o telefone deu sinal de desligado.
Custo Brasil – As investigações da Custo Brasil, atual fase da Lava Jato, são decorrentes da Operação Pixuleco, a 18ª, que mirou na Consist. Neste caso, foi apurado um suposto esquema de pagamento de propina de R$ 100 milhões. Entre os envolvidos no esquema, segundo a Receita, há agentes políticos, servidores do Ministério do Planejamento, escritórios de advocacia e empresas de fachada criadas para operacionalizar o repasse dos recursos.
*Matéria editada para acréscimo de informação às 11h05.