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Política

Ex-vereador depõe e fala de "amizade misteriosa" ao deixar sede do Gaeco

Paulo Yafusso e Michel Faustino | 11/09/2015 17:42
Assim como outros que prestaram depoimento ao Gaeco, Cristóvão Silveira diz que foi como testemunha e para colaborar (Foto: Fernando Antunes)
Assim como outros que prestaram depoimento ao Gaeco, Cristóvão Silveira diz que foi como testemunha e para colaborar (Foto: Fernando Antunes)

O ex-vereador de Campo Grande, Cristóvão Silveira, foi o último a prestar depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) nesta semana. Foram mais de duas horas e na saída ele foi evasivo nas respostas às perguntas feitas pelos jornalistas. Como a maioria dos que já foram ouvidos pelo Gaeco, o ex-vereador também disse que foi convidado a colaborar como testemunha.

“Estamos a disposição da Justiça. O que a gente achou que deveria fazer nós fizemos”, declarou Silveira. Em determinado momento, ele afirmou: “Fui chamado como testemunha, ele achou que eu deveria testemunhar pelo nosso relacionamento, nossa amizade, e foi falado aquilo que a gente podia contribuir”. Mas ao ser questionado de quem estava de referindo e que amizade é essa, Cristóvão Silveira desconversou: “A nossa amizade por Campo Grande”.

Como todas as pessoas que aparecem nas escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica conversando sobre a cassação do prefeito Alcides Bernal estão sendo notificados a prestar depoimento ao Gaeco, Cristóvão Silveira teria sido chamado para explicar o teor das conversas mantidas com o empreiteiro João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco.

Nos grampos telefônicos feitos pela PF com autorização da Justiça Federal, no período em que Bernal foi retirado da Prefeitura, Silveira fala com Amorim sobre o assunto. Questionado sobre essas conversas, o ex-vereador confirmou que falou por telefone com o empreiteiro, mas que essas conversas “não significam nada”. Silveira não tentou a reeleição no pleito passado.

A Operação Lama Asfáltica, deflagrada no dia 9 de julho deste ano, tem como objetivo investigar desvio de recursos federais na execução de obras no Estado, e esse esquema seria comandado pelo empreiteiro João Amorim. A apuração vem sendo feita pela PF, CGU (Controladoria Geral da União), Receita Federal e MPF (Ministério Público Federal). De acordo com as investigações, Amorim também teria atuado no esquema para cassar Bernal da Prefeitura.

Como se trata de um assunto da esfera regional, o esquema da cassação de Bernal está sendo investigado pelo Gaeco, que no último dia 25 deflagrou a Operação Coffee Break, em que 13 pessoas foram conduzidos coercitivamente para depor sobre o assunto, entre eles empresários, vereadores, ex-vereador e ex-ocupantes de cargos públicos.

E nesta semana, além de Cristóvão Silveira prestaram depoimento ao Gaeco o ex-governador André Puccinelli, o dono do site Midiamax, Carlos Naegele, a vice-governadora e secretária Estadual dos Direitos Humanos, Assistência Social e da Mulher, Rose Modesto, a vereadora Carla Stephanini (PMDB), a ex-presidente da Fundac (Fundação Municipal de Cultura) Juliana Zorzo, o empresário Luiz Pedro Guimarães, e o genro de Gilmar Olarte, Daniel Daige.

Na semana passada prestaram depoimento ao Gaeco o deputado estadual Cabo Almi, os vereadores Ayrton de Araújo (PT) e Vanderlei Cabeludo (PMDB), o secretário Municipal de Governo, Paulo Pedra, e o ex-secretário Municipal de Planejamento e Finanças, Wanderley Ben Hur da Silva. A sócia de João Amorim, Elza Cristina Amaral, apresentou justificativa de que está com problemas de saúde (gravidez de risco) e pediu o adiamento do depoimento. Uma nova data deverá ser marcada.

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