Fake news tinha sósia de Beto Pereira e investigação da PF busca financiador
Residências e empresa são alvos de ação contra fábrica de mentiras na campanha eleitoral
A decisão da Justiça Eleitoral que manda a PF (Polícia Federal) investigar fake news contra o deputado federal Beto Pereira (PSDB), candidato a prefeito de Campo Grande, busca o financiador de fábrica de mentiras. O documento também detalha o uso de ator nos vídeos, com compleição física parecida com a de Beto.
O desembargador Sideni Soncini Pimentel, do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral), determinou cumprimento de mandado de busca e apreensão nas residências de Matheus dos Santos Lopez (sósia do candidato) e Marcos Antônio Davalo Gimenes, além da sede da empresa TAG ME Mídias, na Avenida Afonso Pena, no Jardim dos Estados.
A coligação “Juntos pela Mudança”, liderada pelo candidato do PSDB, denunciou que “formou-se uma estrutura técnica, financeira e intelectual para a criação e distribuição de fake news, objetivando beneficiar alguma candidatura, em detrimento do candidato da coligação requerente (Humberto Rezende Pereira)”.
A situação foi verificada no começo do mês de agosto, com a contratação de atores com a mesma compleição física do candidato. Na sequência, notícias de que os atores parecidos com Beto Pereira estavam produzindo vídeos envolvendo violência doméstica foram levados ao conhecimento da Polícia Federal.
Ao Poder Judiciário, a defesa da coligação sustentou que Matheus passou a veicular vídeos com imagens e conotação pejorativa em relação a Beto e, mesmo com medidas judiciais em seu desfavor, ele teria prosseguido com os ataques.
“No último dia 25, o requerido Marcos Antônio Davalo Gimenes postou vídeo em redes sociais em que Matheus dos Santos Lopes atua como sendo o candidato Beto Pereira, e através de montagens divulga fatos falsos, sendo que dentre os vídeos, verifica-se que o ator tem a mesma compleição do candidato Beto Pereira”, aponta a defesa.
O objetivo é identificar quem arquitetou os vídeos e o financiador. “A agência de publicidade deve aclarar quem a contratou, quem remunerou o elenco dos vídeos, quem fez o cenário”, detalha o documento.
Além de crimes eleitorais, os fatos podem configurar abuso de poder econômico e de comunicação.
Na decisão, o desembargador destacou que é possível verificar que estão utilizando de pessoa com a mesma compleição física do candidato Beto Pereira, e que o ator usa a alcunha de “Neto”, que é muito parecido foneticamente com Beto.
O sósia também veste roupa da cor azul, costumeiramente usada por Beto, além da confecção de material com dizeres “Neto Sujo” e “Neto Playboy”. Para o magistrado, não se trata de mero ato de humor ou sátira, mas depreciação do candidato.
“Aliás, existe início de prova nos autos de que a TAG ME Mídias estaria recrutando ator semelhante fisicamente com o candidato Beto Pereira. Assim, necessário saber qual o motivo de tal contratação, se foi ela que contatou Matheus Santos, e quem eventualmente estaria lhe financiando. Além disso, não há como deixar de lado os documentos apresentados no feito, que demonstram que o requerido Marcos Antônio Davalo Gimenes está publicando vários vídeos e mensagens, aparentemente falsas, em seus perfis sociais”, informa a decisão.
Nesta quinta-feira (3), Beto Pereira ressaltou a importância do combate à desinformação no processo eleitoral. “Acreditamos que a Justiça prevalecerá. É fundamental que a população tenha acesso a informações verdadeiras, especialmente em um momento tão decisivo como as eleições,” declarou o candidato do PSDB.
A reportagem tentou contato por telefone com a empresa, mas ligação não foi atendida. No endereço de Matheus, no Jardim Aeroporto, equipe do Campo Grande News foi atendida por uma moradora. A mulher não quis dar entrevista, limitando-se a dizer que estão tranquilos e o caso é acompanhado por advogado.
O jornal não conseguiu falar com os demais citados.
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