Fraude com empréstimos pode chegar a R$ 15 milhões em Corumbá
O chefe substituto da Delegacia de Polícia Federal de Corumbá, André Oliveira, informou, esta tarde que pode chegar a R$ 15 milhões o desvio no esquema de corrupção armado na Prefeitura de Corumbá, sob a gestão de Ruiter Cunha (PT), para contratação de empréstimos consignados com utilização de holerites falsos.
“Ainda está sendo apurado, mas pode chegar a R$ 15 milhões”, revelou André Oliveira, que está substituindo o chefe da PF de Corumbá, delegado Alexandre Nascimento, responsável pela investigação. As fraudes na prefeitura local utilizaram documentos que serviram de base para a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil concederem empréstimos, alguns de grande monta, a servidores públicos.
Informações preliminares indicam que um grupo de 80 comissionados, de um total de 380, que trabalhou na gestão de Ruiter, até o final de 2012, está sendo investigado. No entantom, eles receberam apenas parte do empréstimo, com a quadrilha montada no setor de Recursos Humanos da prefeitura ficando com a maior parte do bolo.
O chefe do setor na época, Wilson Roberto Fernandes, chegou a ser preso pela Polícia Federal em novembro do ano passado, mas conseguiu ser liberado por decisão judicial. A Operação Corucópia, realizada na sede do Executivo Municipal, apreendeu documentos e pendrives para análise pericial.
O esquema consistiria em fazer empréstimos consignados em nome desses servidores usando holerites com valores superestimados. Assim, por exemplo, um servidor que estava ganhando R$ 1 mil, tinha empréstimo com base em holerite de valor até 10 vezes superior, graças à fraude. Teria tido servidor que conseguiu empréstimo de R$ 300 mil, pagando parcela de R$ 8 mil mensais. O servidor que aderia ficava com uma pequena quantia e a quadrilha embolsava a maior parte do montante emprestado.
As apurações iniciais dão conta que os empréstimos consignados eram todos pagos com verba pública não devida aos funcionários, e que teriam o envolvimento de cerca de 100 pessoas. As investigações de mais de um ano da Polícia Federal apontaram para a participação de médicos, dentistas, secretários municipais, procuradores do município e servidores comissionados e efetivos. A fraude ocorreu entre 2007 e 2012. Ruiter Cunha foi prefeito de Corumbá por dois períodos, de 2005 a 2012.
Como está substituindo o titular, o delegado André Oliveira não soube informar detalhes do andamento da investigação, a cargo do titular Alexandre Nascimento, que só volta das férias em fevereiro. “O que sei que é estava sendo passada informação a maior para se ter margem de empréstimo majorada”, informou Oliveira.
Indagado se o fim do prazo de investigações termina até o final do mês, André Oliveira respondeu: “Ainda tem pessoas sendo ouvidas. Às vezes a complexidade da investigação faz aumentar o prazo. Normalmente é 30 dias, mas acaba, nesse caso, sempre sendo renovado”.
Questionado sobre a participação do ex-prefeito Ruiter Cunha no esquema fraudulento, que ocasionou rombo de até R$ 15 milhões na Prefeitura de Corumbá, o delegado disse que não tinha essa informação. “Não tenho como informar isso”, declarou. Ruiter já foi ouvido pela Polícia Federal no dia 21 de novembro do ano passado.