Geraldo rebate crítica e diz que Trad não questionou ao receber "doses a mais"
Resende argumentou que não foi questionado repasse na Capital, que agora criticou envio de vacinas à fronteira
O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, classificou o posicionamento de Marcos Trad (PSD), como “egoísta” e “oportunista” nesta manhã (5) durante coletiva, em relação ao encaminhamento de vacinas contra a covid-19 apenas para a fronteira sul-mato-grossense.
O prefeito de Campo Grande tem defendido o envio de doses da Janssen à Capital e acha injusto o repasse apenas para a fronteira.
O município alega “nítida violação ao princípio da proporcionalidade/razoabilidade” e sustenta que o questionamento recai sobre “os critérios adotados pelo governo estadual, ao direcionar vultosa quantidade de vacinas [...] para imunização em massa de 13 municípios que fazem fronteira, em desfavor da Capital do estado”.
Já segundo o titular da SES (Secretaria Estadual de Saúde), que aproveitou distribuição de imunizantes no prédio da Ceve (Coordenação Estadual de Vigilância Epidemiológica) para falar com a imprensa, Trad “não questionou” quando houve remanejamento de doses de indígenas para Campo Grande.
“[O prefeito] não questionou quando teve doses a mais. Foi feito um trabalho da Secretaria, que percebeu que tinha comunidades indígenas que não estavam conseguindo aplicar dentro do tempo, então remanejou essas doses para Campo Grande”.
Foram pouco mais de 4 mil doses de vacina da Coronavac encaminhadas à Capital em abril deste ano, que foram destinadas inicialmente ao Distrito Sanitário Especial Indígena, justificada pela SES por falta de adesão desses grupos, inseridos nas prioridades de imunização pelo governo federal por conta da alta mortalidade.
Outro lote que seria destinado exclusivamente a esse público-alvo, teve maior parte (4,4 mil doses) destinada a Campo Grande para atender público com 2ª dose em atraso.
A decisão do Ministério da Saúde em destinar 165,5 mil doses da Janssen, de dose única, aos 13 municípios que fazem fronteira com Bolívia ou Paraguai, visa estudar os efeitos imunológicos nesta região, além de reduzir a chegada de novas variantes por meio de fronteira seca com esses países.
Argumento utilizado pela SES é que com esse repasse, os próximos lotes encaminhados pela União irão contemplar os demais 66 municípios.
Além disso, Resende fez crítica ao calendário de vacinação elaborado pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), que segundo ele, teria aplicado imunizantes da Coronavac, destinadas a 2ª dose como 1ª dose, causando problemas de atraso posteriormente. "Campo Grande aplicou como D1 vacinas que deveriam ser D2. Houve um quantitativo enorme de pessoas que não teriam vacina para fazer o ciclo vacinal completo".
Tratativa - Além disso, Resende comentou que a prefeitura chegou a solicitar junto ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) que houvesse maior quantitativo a Capital e defendeu que não houve interferência por parte da SES nessa tratativa. "Se ele tivesse conseguido, eu não teria coragem de entrar no Ministério Público e pedir essas 250 mil doses para todo o Mato Grosso do Sul. Seria oportunismo. Eu acho que seria egoísmo da minha parte”.
Vale lembrar que neste mês, a gestão de Campo Grande chegou a cobrar posicionamento do MPMS sobre essa distribuição destinada para 13 cidades da fronteira.
"Tenho carinho e respeito pelo prefeito como liderança política, mas nesse momento ele está errando. Está errando na política quando coloca a população do MS contra o seu pleito e está errando na condução da pandemia quando ao invés de orientar pela ciência orienta por aqueles que visam o lucro", finaliza.