Na CPI do Calote, só o líder do prefeito Bernal deve votar contra relatório
Só o líder do prefeito Alcides Bernal na Câmara de Campo Grande, vereador Marcos Alex (PT), deve votar contra o relatório de Elizeu Dionízio (PSL) pedindo a constituição de uma Comissão Processante contra o chefe do Executivo municipal. Embora a CPI tenha cinco integrantes, o placar deve ser três a um, pois o presidente da comissão, Paulo Siufi (PMDB), só dará voto de minerva em caso de empate.
Caso houvesse empate, porém, a posição de Paulo Siufi já foi publicamente manifestada em várias entrevistas a favor da cassação de Bernal. Siufi, inclusive, teve a iniciativa de chamar reunião do PMDB para “fechar questão” em torno do “impeachment” do prefeito progressista.
“Se tiver comprovação como eu vi que tem, pelos documentos que recebemos e oitivas que realizamos, sou a favor da Comissão Processante. E por tudo que o relator falou ao longo desses meses, eu não tenho dúvidas de que a gente está caminhando para fechamento onde a cidade vai ter surpresa no relatório”, informou Paulo Siufi.
A posição do relator a favor da Comissão Processante e da cassação do prefeito Alcides Bernal também já é do domínio público. A mais clara manifestação aconteceu há duas semanas quando, da tribuna da Câmara, afirmou que Bernal estaria “roubando dinheiro” da alimentação das crianças dos Centros de Educação Infantil de Campo Grande (CEINFs) e o desafiou a processá-lo judicialmente alegando ter provas de que fala a verdade.
Nesta tarde, ao Campo Grande News, os outros dois vereadores da CPI do Calote, Chiquinho Telles (PSD) e Otávio Trad (PT do B) deixaram claro que também são a favor da instalação da Comissão Processante contra Bernal.
Chiquinho Telles já tem até o placar contra Bernal dentro da CPI do Calote. “Quatro a um eu acho. Vai ser Corinthians contra São Paulo. E eu sou Corinthians”, afirmou o vereador do PSD, esquecendo-se, porém, que o presidente da CPI, Paulo Siufi, só vota em caso de empate.
Para Chiquinho, todas as denúncias apuradas pela CPI e que estarão no relatório de Elizeu Dionízio são fortes o suficiente para ensejar punição do prefeito. “Todas tem o seu peso. E quero acreditar que essas irregularidades são decorrência da incompetência e não de má-fé. São fruto da imaturidade política”, apontou ele, ressaltando, porém, que situação envolvendo empreas “fantasmas” lhe chamaram mais atenção, citando os casos da Salute Distribuídora de Alimentos e da MegaServ.
Otávio Trad considera que nesses 90 dias a CPI do Calote constatou vários indícios de irregularidades e de prejuízo ao erário público. “Foram quebrados alguns princípios da administração pública”, apontou o vereador.
Entre os princípios constitucionais ofendidos, segundo ele, está o da “impessoalidade”, já que teria ficado demonstrado que algumas empresas eram pagas no prazo certo e outra não. “A conclusão é de que o Executivo não tinha nenhum tipo de justificativa legal para a retenção do pagamento. Pagavam quem eles queriam”, criticou Otávio Trad, lembrando que empresas como MegaServ, Jagás e Salute foram beneficiadas.
Questionado sobre o placar da votação do relatório na CPI do Calote, Otávio Trad deu apenas indícios de que será três votos a um: “O presidente não vota. Só quatro membros devem votar, o líder do prefeito e três vereadores de oposição”.