ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
SETEMBRO, SEGUNDA  02    CAMPO GRANDE 34º

Política

Na onda de PEC do Congresso, vereador quer orçamento impositivo para LDO

Semelhante à PEC do Congresso, proposta dá mais vantagens aos parlamentares ao “amarrar” percentual do orçamento para emendas

Izabela Sanchez | 29/04/2019 12:37
Vereador da Rede Eduardo Romero (Foto: Marina Pacheco)
Vereador da Rede Eduardo Romero (Foto: Marina Pacheco)

A Câmara Municipal discutiu nesta segunda-feira (29), em audiência pública, a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) 2020, enviada pelo executivo com votação esperada para os próximos meses e previsão de orçamento de R$ 4,3 bilhões. No final da sabatina junto ao secretário de finanças Pedro Pedrossian Neto – e em meio à um plenário esvaziado de vereadores e população – o vereador Eduardo Romero (Rede) afirmou que pretende apresentar emenda na LDO para orçamento impositivo.

A proposta “surfa” em uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Congresso, uma resposta dos deputados e senadores à equipe econômica de Bolsonaro, em especial ao ministro da economia Paulo Guedes.

O projeto estabelece que na realização do PPA (Plano Plurianual) e LDO, o Congresso definirá as despesas a serem cumpridas no período seguinte. Hoje, o orçamento é autorizativo, estabelece que os planos orçamentários podem ser executados integralmente ou não pelo Executivo.

A principal mudança, e que diz respeito à emenda pretendida por Romero, é quanto às emendas parlamentares. Com o orçamento impositivo, fica estabelecido um percentual do orçamento que deve ser obrigatoriamente destinado às emendas. Na PEC do Congresso, ficou estabelecido no máximo 1% da RCL (Receita Corrente Líquida) para atender a emendas parlamentares coletivas. Pelas regras atuais, as emendas individuais já são impositivas no Orçamento e utilizam 0,6% da RCL.

O vereador defende que a mudança oferece mais “transparência” para a população no orçamento e nos investimentos dos cofres municipais, além de acabar com a “informalidade” da concessão de emendas feita pelo executivo. Hoje, tanto a nível federal como municipal, os valores para que os parlamentares apliquem em áreas como a saúde, por exemplo, costumam ser objeto de “moeda de troca” entre executivo e legislativo.

“Hoje Campo Grande faz emenda social. A gente faz emenda do FMIS [Fundo Municipal de Investimentos Sociais], que não é emenda impositiva e que na verdade é um acordo, embora com força de lei e todo ano tem que ser renovada na questão orçamentária, mas é um acordo entre o executivo e o legislativo para que o legislativo indique organizações da sociedade civil que atuam tanto na saúde quanto na assistência, ou até mesmo instituições da própria administração pública para receber uma emenda parlamentar”, comenta Romero.

O vereador afirma que a nova forma de orçamento amplia as áreas de investimento. “Então ela pega o seguinte, Campo Grande tem x de recurso próprio para investir, por exemplo, com infraestrutura. No caso federal, 1,2% é para emendas dos parlamentares, então ao invés dos parlamentares ficarem apresentando 50 emendas propondo asfaltamento no bairro x,y,z, vai chegar em um acordo e vai dizer o seguinte, até 1,2% a gente pode, qual é o valor, qual é a prioridade, é essa rua, é esse bairro. Uma vez entrando isso no orçamento, o município se obriga a executar”, disse.

“Qual a vantagem disso para a sociedade? Mais transparência com orçamento público. Depois, expectativa mais próxima da realidade. Porque hoje é muito complicado, tanto os legislativos estaduais e municipais criam uma falsa demanda, como a sociedade fica esperando aquele serviço que não vai ser executado, porque não tem garantia legal, depois não tem condições reais de financiamento e terceiro porque se você desentender com o prefeito no caminhar do ano, a vontade do prefeito é maior do que a força de lei”, comentou.

Romero declarou que o orçamento “deve ser uma política pública” e não ficar submetido à “relação entre o legislativo e executivo” que pode ser boa ou ruim. “Tem que estar acima de qualquer relacionamento, então a gente não pode deixar o orçamento público ser objeto de bons relacionamentos, tem que ser objeto de política pública”, afirmou.

Questionado pelo vereador, Pedrossian disse que a discussão “pode ser feita”. “É uma discussão que tem ser feita, não tem nenhuma proibição na discussão, a gente pode discutir, mas quem vai definir vai ser a Câmara junto com executivo”, declarou.

Esta será a quarta tentativa da Câmara de aprovar a proposta. “As três vezes...nas duas o argumento foi de que o congresso ainda estava discutindo e a terceira não teve nem discussão, foi vetada e eu tive que engolir o veto”, comentou Romero.

Nos siga no Google Notícias