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Política

Polêmica da vez, exame toxicológico em professores gera debate na Câmara

Questão já foi apresentada no Congresso e rejeitada nacionalmente, mas retorna à pauta em Campo Grande

Nyelder Rodrigues | 19/10/2021 13:45
Vereadores de Campo Grande na sessão de hoje debatarem diversos temas, como o projeto que ainda está em fase inicial de tramitação. (Foto: Divulgação/CMCG)
Vereadores de Campo Grande na sessão de hoje debatarem diversos temas, como o projeto que ainda está em fase inicial de tramitação. (Foto: Divulgação/CMCG)

Exames toxicológicos obrigatórios e anuais em professores da Reme (Rede Municipal de Ensino). É isso o que nova investida polêmica do vereador Tiago Vargas (PSD) propõe que se torne uma norma a partir de agora em Campo Grande, em projeto de lei apresentado recentemente à Câmara Municipal e em tramitação.

Não há como negar que se trata de uma questão é delicada e que gera reações diversas, ressoando em maior escala a dos principais alvos da proposta: os professores. E nesta terça-feira (19), não foi diferente na sessão da Casa de Leis campo-grandense.

"Não é contra o vereador Tiago Vargas, ao qual respeito, mas apresento meu repúdio ao projeto apresentado por ele, que marginaliza profissionais de educação. É uma falta de empatia com professores e professoras", frisa Riverton de Souza (União Brasil).

Vereador e professor, ele evocou a discussão no fim da sessão, quando foi realizada a parte de palavra livre, em tribuna. "O dom de ensinar vai além da sala de aula. Mas queria saber a partir de quais dados técnicos o propositor se embasou para propor isso? Fiquei seis anos em orfanato e o que me salvou foi a educação que tive".

Riverton seguiu demonstrando sua indignação afirmando que "pedir para que nossos profissionais de educação façam exames toxicológicos é brincadeira" e que outras situações deveriam ser tratadas na Casa. "Tenho certeza que esse projeto não vai descer para cá. A comissão de Justiça sempre agiu com responsabilidade", conclui.

Além de Riverton, outros nomes, como Juari Lopes, João Rocha (ambos PSDB) e Valdir Gomes (PSD) se manifestaram de forma contrária ao projeto. Os três são professores. "Essa casa tem que brigar para melhorar a situação na escola, apresentar projetos que vão de encontro com a sociedade, não algo inoportuno", diz Valdir.

Já Rocha apontou que, se assim for, todos profissionais de saúde devem passar por exame toxicológico para poderem trabalhar. "O professor precisa de um olhar de cuidado, não de ser policiado. Vamos falar de investimento, não de policiamento, afinal, é essa a categoria que acaba segundo o piano", opinou o vereador.

Resposta de Vargas - Logo após a manifestação de seus colegas, Tiago Vargas também tomou a palavra na tribuna e defendeu sua posição. "Em nenhum momento fui contra a educação, pelo contrário. "Policiais, guardas, bombeiros, todos fazem. Se for olhar por esse prisma, estamos criminalizando esses profissionais".

Além disso, Vargas explicou que serão realizadas antes audiências públicas. "Não vamos fazer descer goela abaixo nada. Drogas ilícitas são questão de saúde pública. Temos que detectar e tratar esse profissional. Não posso virar às costas para quem depositou o voto de confiança em mim. Eu mesmo sou o primeiro a fazer", destaca.

Quanto ao questionamento de quais os fundamentos usados por ele para tal projeto, Vargas declara que tais números serão apresentados futuramente em audiências públicas. Sobre os recursos para fazer os exames, ele frisa que uma opção são as PPPs (Parcerias Público-Privadas). "Por isso falo que é um projeto inicial".

"Por que não ampliar para todos os servidores isso também? O projeto está aberto para emendas dos colegas. Repito, é um projeto inicial ainda, tem muito a ver e a passar. E para lembrar, minha formação acadêmica é em História", concluiu.

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