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Política

Pré-candidato, Beto Pereira aposta em tecnologia para solução de problemas

Deputado federal e ex-prefeito de Terenos quer usar experiência na disputa pelo comando de Campo Grande

Caroline Maldonado | 12/07/2023 15:10
Deputado Humberto Rezende Pereira, o “Beto Pereira”, em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Henrique Kawaminami)
Deputado Humberto Rezende Pereira, o “Beto Pereira”, em entrevista ao Campo Grande News (Foto: Henrique Kawaminami)

O nome não é coincidência. Para quem não sabe, entre os que figuram como pré-candidatos ao cargo de prefeito da Capital nas eleições de 2024, o deputado federal Humberto Rezende Pereira, o “Beto Pereira”, é tataraneto do fundador da cidade, José Antônio Pereira. Com 45 anos, casado e com dois filhos, ele é empresário, bacharel em Direito, já foi deputado estadual e prefeito de Terenos, a 25 quilômetros de Campo Grande.

A experiência em gestão ajuda a se colocar na disputa pelo PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), que não abrirá mão de lançar candidato e demonstra consenso sobre o nome de Beto. Em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, ele conta o que pensa sobre a situação da Capital, por que gostaria de ser prefeito e quais partidos podem ser aliados.

O pai de Beto, Valter Pereira, foi senador. Falecido há dois anos, o avô, Alonso Honostório de Rezende, também foi prefeito de Terenos, por três mandatos. Beto lembra que a cidade tem cerca de 25 mil habitantes e faz uma analogia para explicar como a experiência de prefeito pode ajudar na disputa pela gestão de Campo Grande.

Eleições 2024 - Ele lembra que uma cidade pequena tem quase todas as situações que se tem na Capital, porém em proporção menor. Portanto, tem-se aí um alicerce para que se possa mensurar o que é possível fazer na cidade com quase 1 milhão de habitantes.

“Imagine que Terenos, com 25 mil habitantes, é do tamanho de um bairro da Capital. Lá nesse ‘bairro’, nós fizemos 500 casas, zeramos a fila de vaga em creche, fizemos um parque que não perde para nenhum de Campo Grande, deixamos a cobertura de saúde básica perto de 100%, mas efetivamente acontecendo, não apenas no papel. Se você tratar isso como um pedaço, acho que é um pedaço que deu certo e se juntarmos vários pedaços desse de experiências exitosas, é possível fazer com que Campo Grande tenha no seu bojo o resultado que ela espera”, comenta Beto Pereira.

No segundo mandato como deputado federal, ele revela que nas eleições passadas já era um desejo tentar a prefeitura, não só dele, mas do partido. Portanto, agora é um momento de se colocar à disposição em um projeto que já vem, desde lá, sendo amadurecido com naturalidade, nas palavras dele. O consenso no partido faz economizar tempo, que poderia ser gasto em disputas internas, para gastar energia com a estruturação do projeto para a cidade.

Articulações - Há um ano e três meses das eleições, as conversas sobre futuras alianças já começaram. Beto conta que já houve reuniões com PSB, Republicanos, Novo, MDB e diversos outros.

Sobre a possibilidade de unir-se ao PP, que já coloca como pré-candidata a recém-filiada prefeita Adriane Lopes (PP), Beto comenta que, apesar de nada ser impossível na política eleitoral, seria difícil surgir uma aliança.

Em evento no sábado (8) na Capital, presidente nacional do PSDB e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite confirmou Beto Pereira como pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Divulgação/Fernando Antunes)
Em evento no sábado (8) na Capital, presidente nacional do PSDB e governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite confirmou Beto Pereira como pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande. (Foto: Divulgação/Fernando Antunes)

O PSDB vai ter candidato. Se isso, em algum momento, vai ser factível com o projeto do PP, poderá haver avanço em uma conversa. No momento, isso não avança, tendo em vista que existem projetos conflitantes. Sempre digo que na política eleitoral, tudo é possível. Agora, entendo que isso está cada vez mais distante, porque nós divergimos no modelo administrativo”, diz Beto.

Parcerias - Em um cenário em que a gestão se esforça para fazer o orçamento render e enfrenta situações bem difíceis, em especial na Saúde e Infraestrutura, que não são de hoje, Beto se mostra otimista e entusiasmado, principalmente por ter ao seu lado o governador Eduardo Riedel.

“A disposição do governador de caminhar por Campo Grande, discutir os problemas e endossar o projeto, sobretudo, essa manifestação de trazer para si essa responsabilidade é fundamental, porque a situação em que Campo Grande se encontra não é algo que vai se resolver sem enfrentamento, ações firmes de coragem e responsabilidade que vão precisar de parceria, e parceria do Governo do Estado para atenuar isso é fundamental”, explica Beto.

Problemas e possibilidades - Questionado sobre possíveis soluções para o trânsito da cidade, Beto classifica a Capital como uma cidade que “parou no tempo” em relação às tecnologias disponíveis e critica a falta de políticas públicas, assim como na área da habitação. A cidade já chegou a zerar as favelas, mas vem enfrentando o problema novamente.

Campo Grande está no limite entre cidade de médio porte para grande, com quase 1 milhão de habitantes. A administração tem que deixar de ter atitudes de improviso, tem que ter engenharia de tráfego e incentivo ao uso do transporte público, mas esse transporte tem que funcionar bem, com qualidade e pontualidade”, diz Beto.

Trânsito - Para o deputado, a cidade não tem planejamento, semaforização inteligente e tampouco onda verde, salvo raras exceções. Beto acredita que ao ter um transporte de qualidade, a população será incentivada a deixar o carro e usar outros meios. A discussão sobre “tarifa zero”, levantada recentemente na Câmara Municipal, está longe de chegar à realidade, mas não será descartada em uma possível gestão.

“Tarifa zero não existe, porque alguém paga pela tarifa. Se cria um fundo de recursos. Em determinado momento, é possível fazer uma discussão, pode ser viável, mas me traz preocupação fazer essa discussão em um momento em que tudo o que foi colocado não foi cumprido, ou seja, não tem nem ar-condicionado no ônibus e vai ter esse tipo de tarifa. A população pode pensar que é uma enganação de forma mais aguda. No entanto, é algo que pode ser viável”, comenta.

Saúde - Outras duas perguntas que, certamente, o eleitorado vai trazer são sobre a saúde pública. Atualmente, a Capital não tem farmácias em todas as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e alterações na escala de pediatria incomodaram quem precisa do serviço. O deputado é categórico. Tem que ter farmácia e pediatra em todas as unidades. Para ele, não cabe nenhuma estratégia diferente em função do tamanho da Capital.

Favelas - Os barracos em regiões da periferia chegaram a sumir, mas ressurgiram nos últimos anos. Para o deputado, é questão de priorizar parcerias para realizar na área da habitação. Ele adianta que não está fazendo nenhum compromisso de que vai fazer um número de habitações, mas crê que é possível sim colocar a habitação como prioridade.

“Observamos que, nos últimos anos, o município não buscou essas parcerias e continua não buscando. Existe um programa estadual chamado Lote Urbanizado e 70 municípios do Estado aderiram, mas Campo Grande não aderiu. Não tem uma casa edificada pelo Lote Urbanizado”, avalia Beto. Para ele, o município acabou fazendo uma “política de regularização de invasões, ao invés de um programa estruturado”.

Câmara dos Deputados - Em 2014, Beto foi eleito deputado estadual. Agora, está no segundo mandato como deputado federal. Recentemente, ganhou destaque nos noticiários por ser relator de um projeto para fazer alterações em procedimentos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), para evitar perdas de mais de R$ 1 bilhão para Mato Grosso do Sul. O projeto está em tramitação.

Deputado Beto Pereira na Câmara dos Deputados, em Brasília (Foto: Divulgação/Assessoria)
Deputado Beto Pereira na Câmara dos Deputados, em Brasília (Foto: Divulgação/Assessoria)

Outra questão de grande interesse para MS é a manutenção do Fundersul (Fundo de Desenvolvimento do Sistema Rodoviário de Mato Grosso do Sul) até 2043, mesmo com a reforma tributária que vai extinguir o fundo. Aprovado na Câmara, o projeto tramita no Senado.

Acredito que foi um pleito de governadores e como a representatividade do Senado preservar essa questão federativa, não vejo por que esse trecho que possibilita que os Estados tenham fundos de desenvolvimento da infraestrutura, tenha essa pretensão de retirar do texto”, comenta.

Beto é autor das leis “Amigos do Parque”, que fecha uma das vias do Parque dos Poderes para prática de esporte e lazer, e da “Lei do Dourado”, que proíbe a pesca do Dourado em MS para preservar a espécie e incentivar o turismo de pesca esportiva, grande gerador de emprego e renda.

Ele também elaborou a lei que garante a preservação permanente de dois rios pantaneiros: Rio Salobra e Córrego Azul, e a lei que obriga os hospitais a terem gerador de energia próprio para evitar o desligamento de aparelhos em caso de queda de energia.

O projeto principal agora é para derrubar cobranças a microgeradores de energia impostas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ele apresentou proposta para reverter parte de uma resolução da Annel e espera que o texto seja votado na Câmara.

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