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Política

Prefeito rompe acordo e deixa aliados e oposicionistas furiosos com vetos

Josemil Arruda e Kleber Clajus | 22/01/2014 16:17
Vetos a 73 obras no Orçamento, propostas pelos vereadores, provocam novo conflito com o prefeito. (Foto:Cleber Gellio/arquivo)
Vetos a 73 obras no Orçamento, propostas pelos vereadores, provocam novo conflito com o prefeito. (Foto:Cleber Gellio/arquivo)

O prefeito Alcides Bernal (PP) vai enfrentar uma Câmara de Campo Grande revoltada com sua decisão de vetar 73 emendas ao Orçamento de 2014 que garantiriam obras nos bairros, especialmente pavimentação asfáltica. Tanto oposicionistas, que ainda são maioria, quanto situacionistas já estão criticando durante o prefeito por sua decisão, publicada no Diário Oficial (Diogrande) da última sexta-feira.

Enfurecidos com a decisão centralizadora de Bernal e afirmando que se tratou de uma “quebra de acordo”, os vereadores da oposição devem se reunir antes mesmo de o recesso terminar (oficialmente dia 3 de fevereiro) para discutir a derrubada dos vetos.

“Na semana que vem vamos fazer uma reunião da oposição, entre quarta ou quinta, sobre os vetos e avaliar isso. Também vamos levar para os bairros tudo o que foi vetado. Vou reunir e dizer que o prefeito não quer atender o pedido da comunidade”, afirmou o líder da oposição, vereador Airton Saraiva (DEM).

Apesar de integrar a base de apoio ao prefeito Bernal, o vereador Ayrton Araújo (PT) também não esconde a insatisfação entre os aliados. “A Câmara vai retornar do recesso fervendo e os vereadores voltam revoltados, até porque não estão contentes com os acontecimentos. Pelas conversas de telefone, com outros vereadores, as coisas não estão muito calmas”, avisou o petista.

As cobranças aos vereadores chegam a acontecer na porta de casa. “Na rua que moro, no Jardim das Perdizes, não tem asfalto e fiz uma emenda. Ele disse que tem outro recurso. Tirou a emenda não sei por quê. O que importa é que ele execute a obra. Ele que sabe de onde sai o recurso e se disse que vai fazer eu acredito”, afirmou Araújo.

Coisa de moleque – Um dos mais revoltados com os vetos de Bernal, o vereador Airton Saraiva garante que isso nunca aconteceu antes na Câmara, de um prefeito romper acordo selado com os vereadores para as obras nos bairros. “As emendas foram acordadas com ele e sua equipe e vetou todas. Como você pode acordar uma coisa com o prefeito e ele descaradamente querer centralizar para não dar ponto ao vereador? Ele está brincando conosco, achando que aqui tem moleque, quando moleque é ele”, protestou o democrata.

Segundo Saraiva, o acordo foi rompido porque o prefeito e sua assessoria debateu as emendas com os vereadores e elas foram aprovadas por consenso. “O prefeito não cumpriu com a palavra dele, porque é centralizador e quer todos os bônus só para ele, sozinho. Quebrou tudo aquilo que foi tratado na Comissão de Orçamento e Finanças da Câmara. Foi tudo negociado”, criticou.

Para ele, com esses vetos Bernal voltará a ter dificuldades até mesmo para cooptar vereadores, como vem fazendo desde a suspensão do julgamento do processo de cassação no dia 26 de dezembro do ano passado. “Já não tinha confiabilidade e agora ficou nula”, avaliou. “Esse cidadão que não cumpre o que fala e depois fica cu.pando a Câmara”, emendou.

Em sua opinião, membro da Câmara de Campo Grande que tiver discernimento não tem como confiar no prefeito Bernal. “Quem tiver bom juízo não negocia com ele mais. Não tem como acreditar numa pessoa que quebra acordos”, salientou.

Denúncia nos bairros – O vereador Airton Saraiva também pretende discutir na semana que vem com os colegas da bancada oposicionista as ações para denunciar os vetos de Bernal. “Vamos falar para população que ele que vetou. Arrumou mais um problema por ele mesmo”, apontou.

Mais do que afronta aos vereadores, Saraiva entende que Bernal acabou desrespeitando a população campo-grandense. “Assumimos compromissos na comunidade, dizendo que essa emenda o prefeito vai fazer. É desrespeito com o povo. Nunca vi isso. Essa é a primeira vez na minha vida que vejo isso e estou há treze anos na Câmara”, finalizou.

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