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Política

Promotora diz sofrer retaliação por avançar em processo contra Ruiter

Alberto Dias | 05/12/2016 18:32
Novo depoimento contra o prefeito eleito é juntado pelo Ministério Público Eleitoral. (Foto: Arquivo)
Novo depoimento contra o prefeito eleito é juntado pelo Ministério Público Eleitoral. (Foto: Arquivo)

A investigação sobre suposta compra de votos em Corumbá, por parte do prefeito eleito, Ruiter Cunha (PSDB), ganhou novo personagem e mais polêmica. Mensagens de texto e áudios gravados por um informante da Polícia Federal, identificado como Adalto Sérgio, foram juntadas ao processo, reforçando a denúncia de transporte ilegal de passageiros e outras irregularidades durante a eleição.

Ao Campo Grande News, a promotora eleitoral Ana Rachel Borges de Figueiredo Nina, que protocolou a denúncia contra o tucano, diz sofrer retaliação após anexar os últimos documentos entregues pela PF. A promotora teve conversas de um grupo de WhatsApp em que partipa divulgadas, em que lamenta a eleição de Ruiter Cunha.

“É um grupo de corrida de rua com no máximo 15 integrantes. Ali, alguns manifestaram descontentamento a eleição em Corumbá e eu mostrei o meu. Mas, era a Ana Raquel pessoa e não promotora”, esclarece.

Questionada sobre sua relação com o atual prefeito Paulo Duarte (PDT), a promotora é enfática. “É estritamente profissional, sem laço algum de amizade”, diz, alegando que a denúncia não busca favorecer o atual prefeito.

Então, o que motiva a investigação? “Como sou substituta da 5ª Promotoria de Justiça, que cuida do patrimônio público, eu conheço o histórico processual de Ruiter e as diversas ações que ele responde por improbidade administrativa”, justifica.

Ainda segundo Ana Raquel, o vazamento somente agora de conversas, datadas do início de outubro, é uma contra-ofensiva aos novos documentos juntados ao processo. “Isso resultou nesse novo episódio, mas vou continuar atuando no processo, que já está em fase de alegações finais”, garante a promotora, ressaltando que se considera imparcial no processo. “Todas as provas foram produzidas pela Polícia Federal. Nós do Ministério Público só minutamos a ação e entramos com o processo”, finalizou.

Entenda o caso – Processo protocolado em 24 de outubro pede a cassação do registro ou diploma (caso a sentença saia após a posse) do prefeito eleito Ruiter Cunha e do vereador Irailton Oliveira Santana, o Baianinho – ambos do PSDB. Caso deferido, a declaração de inegibilidade forçaria a realização de um novo pleito em Corumbá, situado a 420 quilômetros da Capital.

Ambos são acusados de abuso de poder econômico, uso indevido de meio de comunicação e compra de votos. Sobre o caso, o Ministério Público aponta a existência de indícios do oferecimento de vantagens pessoais aos eleitores e transporte no dia da votação, o que é vedado pela legislação. O texto é assinado pelos promotores Ana Rachel Borges de Figueiredo Nina e Manoel Veridiano Fukuara Rebello Pinho.

No dia das eleições, segundo informações apuradas pelo Campo Grande News, policiais federais fizeram buscas na casa de Baianinho, segundo parlamentar mais votado. Na ocasião, ele jogou o celular na casa do vizinho, que entregou o aparelho aos agentes. Além disso, teriam sido encontradas imagens de eleitores nas urnas comprovando o voto.

Eleito com 23.566 votos, Ruiter já foi prefeito de Corumbá. Entre 2012 e 2013, a gestão foi alvo de duas operações da Polícia Federal: Decoada e Cornucópia. A primeira investigou fraudes em licitação e a segunda partiu de denúncias de fraude em empréstimos consignados de servidores que teriam causado prejuízos na ordem de R$ 15 milhões aos cofres públicos em 2013.

Em maio do ano passado, a juíza Luiza Vieira Sá de Figueiredo, da Vara de Fazenda Pública e de Registros Públicos, suspendeu os direitos políticos de Ruiter Cunha em denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) por improbidade administrativa. Contudo, ele recorreu ao TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e por isso disputou a eleição, mas o processo segue em tramitação e pode resultar em condenação.

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