Um dia após Puccinelli, advogados presos em operação da PF são soltos
Durou apenas dois dias a prisão preventiva dos advogados Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves, suspeitos de terem envolvimento em esquemas de corrupção com o filho do ex-governador André Puccinelli (PMDB), o também advogado André Puccinelli Junior, através do instituto de ensino jurídico Ícone.
O habeas corpus da dupla foi aceito nesta quinta-feira (16) pelo desembargador Paulo Fontes, o mesmo que libertou André e filho na tarde de quarta-feira (16). De acordo com a defesa dos advogados, os dois devem ser soltos ainda hoje.
"Basicamente os fundamentos desse habeas corpus foram os mesmos do que concedeu liberdade ao Puccinelli. Os fatos narrados, considerou o desembargador, são antigos e não justificam essa prisão preventiva, além de que não há nada concreto para demonstrar que eles estariam atrapalhando a investigação", explica o advogado da dupla, André Borges.
No momento, Borges já está no Presídio Militar, onde Jodascil e João Paulo estão presos, aguardando a chegada do oficial de Justiça com o documento de soltura dos dois - eles ficaram detidos no local, e não no Centro de Triagem, pois tem a prerrogativa de prisão especial por serem advogados. Puccinelli Junior abdicou do benefício para ficar ao lado do pai.
Três medidas cautelares foram impostas pelo magistrado à dupla. Uma delas é a entrega dos passaportes, no prazo de cinco dias. Outra medida é o comparecimento obrigatório, mensal, à Justiça Federal. A última delas é a proibição de sair de Campo Grande por mais de 15 dias sem autorização expressa do judiciário.
Papiros de Lama - Quinta fase da operação Lama Asfáltica, a Papiros de Lama foi deflagrada na terça-feira (14), batendo à porta logo cedo do ex-governador Puccinelli, de seu filho, e dos advogados Jodascil e João Paulo, além de André Cance, João Maurício Cance, João Amorim, João Baird, Mirched Jafar Júnior e Antonio Celso Cortez, levados em condução coercitiva.
A PF foi também às ruas de Campo Grande, Aquidauana, Nioaque e São Paulo (SP) vasculhar 24 endereços. Jodascil e Calves teriam envolvimento com Puccinelli Junior a partir do Instituto Ícone, de ensino jurídico.
Conforme a PF, a operação tem como alvo uma organização criminosa que teria causado pelo menos R$ 235 milhões em prejuízos aos cofres públicos. A soma de R$ 160 milhões em bens de investigados foram bloqueados. O ex-governador seria o beneficiário e garantidor do esquema de propina com a JBS, que teria repassado no mínimo R$ 20 milhões.