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Reportagens Especiais

Campo Grande News atinge maioridade em trajeto que iniciou com alto-falante

Ângela Kempfer | 04/03/2017 10:30
Diretores do Campo Grande News, Lucimar Couto e Miro Ceolim. (Foto: André Bittar)
Diretores do Campo Grande News, Lucimar Couto e Miro Ceolim. (Foto: André Bittar)

Em tempo de internet discada, quem apostaria no sucesso de um site de notícias regional, sem qualquer ligação com veículo de imprensa já consolidado? Em 1999, duas pessoas confiaram na intuição e levaram adiante o projeto que neste 4 de março completa 18 anos.

Miro Ceolim e Lucimar Couto apostaram em uma nova maneira de comunicar e hoje têm o mérito de atingir a casa das 20 milhões de visualizações mensais. São 2.6 milhões de usuários únicos todos os meses. É como se cada morador de Mato Grosso do Sul, de "mamando a caducando", estivesse conectado ao portal.

O Campo Grande News atinge a maioridade e surge a chance de contar a história que transformou o jornalismo sul-mato-grossense. O irônico é que o maior portal de notícias do Estado tem lá no inicio do caminho uma forma bem rudimentar de comunicação: o alto-falante. 

Miro Ceolim atualmente, um empresário bem sucedido, começou vendendo anúncios veiculados no sistema de alto-falante da antiga rodoviária de Campo Grande. Quando o terminal ainda era lugar do vai e vai intenso de pessoas, a rádio interna divulgava empregos e informações de utilidade pública. Logo, virou referência para quem buscava trabalho na cidade.

Um dia, Miro levou calote de um candidato a vereador, na época em que ainda era possível comprar anúncios durante campanha eleitoral. Como o cliente não tinha dinheiro para quitar o débito, resolveu aceitar qualquer forma de pagamento. Acabou vendendo "jornal de ontem" e deu super certo.

"Cheguei no escritório dele e vi que tinha uma pilha de jornais de amostra grátis, que deveriam ser entregues para incentivar assinaturas, mas que ficavam ali, amontoados e sem serventia. Na hora pedi um, coloquei no braço e assim que entrei em um banco, o gerente disse que era o melhor jornal do Brasil", lembra.

Era a Gazeta Mercantil, que logo despertou a ideia de um novo negócio. "Voltei ao escritório e disse que perdoaria a dívida se ele me repassasse a representação do jornal. Sai de banco em banco deixando, 10, 20 exemplares e o meu telefone, para os interessados em assinar. Logo eu já tinha um monte de clientes", conta.

O tempo passou, Miro multiplicou o número de assinantes e também conquistou a distribuição de vários jornais e revistas nacionais. Ele foi, inclusive, o primeiro no Brasil a representar dois grandes concorrentes ao mesmo tempo, o Estadão e a Folha de S. Paulo.

Tudo seguia firme, até que, anos depois, ao tentar a renovação de uma assinatura, veio a frase que foi suficiente para a guinada nos rumos da empresa. "Sempre que alguém cancelava ou não renovava, a orientação era para que os funcionários perguntassem se foi algum problema na entrega, na qualidade do conteúdo ou outra coisa. Mas naquele dia uma mulher respondeu que estava lendo notícias pela internet. Como era algo que nunca ninguém havia dito, repassaram a justificativa a mim. Fiquei surpreso, nem sabia que já havia noticiário pela internet", admite Miro.

Como tudo na vida empresarial de Miro Ceolim, ele não deu tempo para a concorrência. Tratou de procurar por aqui um provedor de internet para comprar, mas só recebeu não. Buscou então uma franquia nacional e, outra vez, na adversidade, se sobressaiu. "Aqui eram seis provedores pequenos, mas ninguém quis vender ou pediam valores surreais. Passei a estudar sobre internet, fui até uma feira nacional de franquias, lá encontrei a Nutecnet e comprei, aquela que depois virou ZAZ e Terra. Fui o primeiro provedor digital em Mato Grosso do Sul e em 6 meses já era o maior do Estado".

Os olhos brilhavam diante daquele mundo novo de possibilidades. Por isso, surgiu outro desafio. "Naquela época, era internet discada e as pessoas pagavam pelo tempo que ficavam conectadas. A maioria era rápida, então pensei: Preciso encontrar uma forma de todo mundo ficar mais tempo na internet. Surgiu então o Campo Grande News", revela.

Homem de pouca conversa fiada, ele logo saiu em busca de um parceiro para turbinar o uso da internet. Procurou primeiro o dono de um grande jornal da cidade, porque naquele tempo, todos os sites no Brasil começavam assim, ligados aos maiores grupos de comunicação. A ideia era usar na versão on line o conteúdo já produzido diariamente para a publicação impressa. Mas Miro voltou para casa frustrado. O proprietário do jornal recusou a parceria, por acreditar que perderia assinantes". 

Equipe do Campo Grande News em dia de trabalho no Morenão. com captura para impresso e para a TV News.
Equipe do Campo Grande News em dia de trabalho no Morenão. com captura para impresso e para a TV News.

Foi então que outro nome importante nesta conversa apareceu para colocar o Campo Grande News no ar. Lucimar Couto vivia então do salário de repórter político no jornal Diário da Serra.

Conhecido pela cautela do "não dou um passo maior do que a perna", naquele momento ele resolveu confiar, largou o certo pelo duvidoso para aceitar o convite e encarar o futuro do jornalismo ao lado de Miro Ceolim, um amigo de mais de 10 anos de convivência. "Começamos pequenos, com uma salinha e uma funcionária apenas. Mas no primeiro mês a gente já tinha 20 mil acessos. Aí eu realmente passei a acreditar", comenta Lucimar.

Miro continuou administrando os negócios do Grupo Tendência, que hoje tem a maior rede de recargas para celulares do Brasil, além de atuar no mercado de máquinas de compras com cartão de crédito e débito. Lucimar assumiu a responsabilidade pelo Campo Grande News e atualmente dirige a empresa de comunicação que mais cresce no Estado.

"Nunca pensei em chegar a esse ponto. Mas tenho muito orgulho, não só de ser o maior portal do Estado e uma referência para o Brasil. O que mais me orgulha é ver todos os dias que a gente continua respeitando parâmetros que definimos naquela primeira conversa, em 1999. Lá atrás, decidimos que faríamos um jornalismo responsável, ético e também 100% sobre Mato Grosso do Sul. Esse é o nosso diferencial. Quem acessa, sabe que vai ver só o que interessa ao Estado", comemora. 

No portal, todos os números sobem com a velocidade da tecnologia. Além de ser líder incontestável em Mato Grosso do Sul, o portal alcançou o 2º lugar em acessos no Centro-Oeste, de acordo com o IVC (Instituto Verificador de Comunicação), que monitora os acessos dos maiores sites do País.

Para colocar as principais notícias do Estado no ar, a estrutura tem mais de 60 profissionais, entre jornalistas, fotógrafos, webmasters, motoristas, publicitários, funcionários do setor administrativo, gerenciadores de redes sociais, além de milhares de leitores que diariamente enviam sugestões de pautas, fotos e imagens por e-mail, Facebook e WhatsApp.

Há 6 anos, a chegada do Lado B reforçou o Campo Grande News como portal. Trouxe uma forma mais sensível de falar sobre assuntos polêmicos, passou a contar histórias de pessoas comuns e mostrar lugares esquecidos pela pauta viciada do jornalismo convencional. 

A empreitada mais recente veio com a TV News, canal aberto exatamente há 1 ano, que chega a contabilizar 130 mil visualizações em apenas um vídeo, em 24 horas.

A maioridade exige novas pretensões, horizontes ampliados, novidades significativas e o Campo Grande News está pronto. "Os planos crescem, mas a organização também aumenta, assim como as parcerias. Por isso, avançamos sem qualquer retrocesso, tanto na qualidade do conteúdo, quanto na estrutura do Portal. O que nunca vamos abrir mão é do respeito ao leitor e à cidade. Queremos crescer sem perder a essência, privilegiando as notícias dos bairros, da nossa cidade, do nosso Estado. Maioridade não assusta, só aumenta a nossa responsabilidade diante de Mato Grosso do Sul", avalia Lucimar Couto.

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