Eleições de 2024 deram pistas para 2026 e reforçam poder de reeleição a Riedel
Protagonista no Estado, PSDB conquistou 44 das 79 prefeituras; Tereza Cristina também foi destaque no pleito
As eleições municipais de 2024 foram muito mais do que a escolha de 79 prefeitos e 847 vereadores em Mato Grosso do Sul. Os resultados configuram um verdadeiro termômetro para o pleito estadual e nacional de 2026, traçando um mapa político que coloca o governador Eduardo Riedel (PSDB) em uma posição privilegiada para buscar a reeleição. Mais do que uma disputa local, o pleito municipal revelou padrões, alianças e novos protagonistas que podem moldar o futuro político do estado e, por extensão, do país.
RESUMO
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As eleições municipais de 2024 em Mato Grosso do Sul revelaram um cenário político favorável para o PSDB, que conquistou 44 das 79 prefeituras, consolidando sua hegemonia no estado. O governador Eduardo Riedel, que pode migrar para o PL, busca reeleição em 2026, enquanto o PP, liderado pela senadora Tereza Cristina, também se destacou ao eleger 16 prefeitos, incluindo a reeleição da prefeita de Campo Grande. O MDB e o PL mostraram resiliência, mas o PT teve um desempenho fraco, não elegendo nenhum prefeito. O cenário atual sugere que as alianças e a base municipal robusta serão cruciais para as próximas eleições gerais, que ocorrerão em outubro de 2026.
Embora a tese de que as eleições municipais funcionam como prévia das nacionais tenha sido relativizada em anos recentes — vide o fraco desempenho do PT em 2020, contrastando com a vitória de Lula em 2022 —, a força política aferida nas urnas em 2024 não pode ser ignorada. Prefeitos e vereadores eleitos se transformam em cabos eleitorais naturais em suas regiões, exercendo influência direta nas campanhas estaduais e federais. A matemática é simples: a base municipal está na linha de frente do contato com o eleitorado, facilitando o trânsito e disseminação de mensagens e projetos.
O PSDB terminou como o grande vitorioso nas eleições de 2024 em cidades do interior, se consolidando como a principal força política em Mato Grosso do Sul. Sob a liderança do ex-governador Reinaldo Azambuja, o partido conquistou 44 das 79 prefeituras em disputa, controlando 55,69% do Estado. Este resultado reafirma a força tucana em nível estadual, mesmo que a sigla tenha perdido espaço no cenário nacional. O PSDB manteve sua hegemonia, contrastando com o desempenho discreto do partido em outros estados.
O governador Eduardo Riedel, que tem evitado comentar sobre as eleições de 2026, prefere adotar uma postura cautelosa, sugerindo que só discutirá o assunto "após o hexa" da Seleção Brasileira, ou seja, apenas em 2026. Nos bastidores, no entanto, o cenário que atualmente está posto, aponta para uma reeleição sem grandes turbulências. Há rumores de que o governador possa migrar para o PL, o que reforçaria sua ligação com o eleitorado bolsonarista e consolidaria alianças estratégicas para 2026. O PSDB, apesar de forte, enfrenta pressões internas e uma necessidade de renovação.
Outro protagonista do pleito de 2024 foi o PP, que conquistou 16 prefeituras, com destaque para a reeleição da prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes. A vitória que até mesmo para a prefeita foi “supreendente” se deve, em grande parte, à articulação da senadora Tereza Cristina (PP), figura de grande projeção nacional e influência política em Mato Grosso do Sul.
A ex-ministra desempenhou papel decisivo ao levar Adriane Lopes ao segundo turno, mesmo sem grandes alianças partidárias, mas garantindo apoio de Bolsonaro e do governador Riedel na etapa final. Essa colaboração demonstrada em 2024 sugere uma sintonia entre as lideranças estaduais e nacionais que pode se repetir no próximo ciclo eleitoral.
A performance do MDB também merece atenção. Com 10 prefeituras conquistadas, o partido demonstrou resiliência, apesar de se manter no “centrão” e sem o mesmo impacto do passado. Já o PL, mesmo impulsionado pela figura de Jair Bolsonaro, conquistou apenas 5 prefeituras. O resultado chama atenção, dado o peso do ex-presidente como puxador de votos, refletindo dificuldades na formação de candidaturas competitivas em nível estadual. O PSD, por sua vez, obteve desempenho discreto, conquistando apenas 3 prefeituras, contrastando com o excelente desempenho nacional, que colocou o partido como o maior em número de prefeitos eleitos em todo o Brasil. Já o PSB, tendo o PSDB como vice, conseguiu eleger o prefeito de Corumbá, fechando o ranking de siglas com prefeituras no Estado.
Assim como em anos anteriores, o PT teve desempenhou pífio no Estado. A sigla não conseguiu eleger nenhum prefeito em Mato Grosso do Sul. O partido, mesmo com a liderança do presidente Lula, perdeu inclusive a reeleição em Ribas do Rio Pardo, única cidade que comandava no Estado. O resultado reflete a dificuldade do PT em se consolidar nas regiões do Centro-Oeste, uma barreira que poderá impactar sua estratégia para 2026.
Com o pleito de 2026 se aproximando, o cenário em Mato Grosso do Sul se desenha favorável para Eduardo Riedel, que terá o respaldo de uma base municipal robusta e alianças bem articuladas. Caso migre para o PL, o governador pode consolidar ainda mais sua influência, herança direta da força política bolsonarista no Estado. A permanência de Tereza Cristina no Senado até 2030 também contribui para a manutenção dessa rede de apoio.
O desafio para Riedel e Azambuja, será administrar as expectativas internas do PSDB e eventuais pressões do PL, além de lidar com as articulações da oposição, que buscará reorganizar suas forças para fazer frente ao projeto de 2026. Com o xadrez político se movendo em direção às eleições gerais, a base tucana de prefeitos e vereadores pode ser o diferencial para que Riedel conquiste não apenas uma reeleição tranquila, mas também um lugar de destaque no cenário político nacional.
Próximo pleito - Em 2026, os brasileiros voltarão às urnas para eleger novos representantes. O pleito definirá o próximo presidente da República, governadores dos Estados e do Distrito Federal, senadores, deputados federais, estaduais e distritais. O primeiro turno está marcado para 4 de outubro.
As eleições para presidente e governador seguem o sistema majoritário, em que o candidato precisa obter mais de 50% dos votos válidos, desconsiderando brancos e nulos. Caso ninguém atinja esse resultado, haverá segundo turno. O mandato para ambos os cargos é de quatro anos.
O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), poderá disputar a reeleição. Já o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está inelegível, conforme decisão do TSE. Se essa situação não for revertida, a direita precisará apresentar outro candidato. Entre os nomes cogitados estão os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO). A senadora Tereza Cristina (PP-MS) também aparece como possibilidade, embora ela evite comentar o tema por enquanto.
Para o Senado, o sistema é de maioria simples: vence quem obtiver mais votos. Em 2026, cada Estado elegerá dois senadores, renovando dois terços da Casa. Da bancada de Mato Grosso do Sul, Soraya Thronicke (Podemos) e Nelsinho Trad (PSD), devem disputar a reeleição. Em 2022, apenas uma vaga foi disputada. O mandato de senador dura oito anos.
As eleições para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas seguem o sistema proporcional. Nesse modelo, são considerados tanto os votos individuais dos candidatos quanto os votos totais recebidos pelo partido ou federação. O eleitor escolhe um candidato para deputado federal e um para deputado estadual. Os mandatos duram quatro anos. Em Mato Grosso do Sul são eleitos 8 deputados federais e 24 deputados estaduais.
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