Nas fotos e nas lembranças da população, compare Campo Grande em dois tempos
Lembra da antiga "pedra" na Afonso Pena? Como essa imagem, muitas outras agora são história
Você sabia que a casa do ex-governador do então Estado do Mato Grosso virou autoescola, no cruzamento da Avenida Calógeras com a Rua Barão do Rio Branco? E que uma das primeiras sedes da prefeitura e Câmara Municipal deu espaço para uma agência bancária?
São curiosidades que fazem parte da história da cidade, imóveis e pontos tradicionais que se transformaram ao longo dos anos, marcando o desenvolvimento da cidade. Hoje, é curioso lembrar que o cruzamento das avenidas Calógeras e Mato Grosso também foi o "point" das charretes. No ano em que a Capital comemora seus 123 anos, veja em fotos a cidade em dois tempos.
Casa de ex-governador - O prédio que abriga a autoescola Wind Car, na Avenida Calógeras com a Rua Barão do Rio Branco, já foi a residência do político mato-grossense Arnaldo Estêvão de Figueiredo. Engenheiro de formação, ele ocupou os cargos de prefeito de Campo Grande e de governador do Mato Grosso.
Indagado se sabia que o local havia sido a residência de um morador ilustre, o aposentado Nelson da Silva, de 78 anos, disse que não. “Eu sei que a casa é histórica, mas não sabia que era residência de governador”, brincou. Ele trabalha há 4 anos como vendedor de títulos de capitalização na esquina onde fica o prédio e acredita que o imóvel deveria virar museu.
Prefeitura que virou banco - O prédio não é o mesmo, mas o local onde fica o Banco Bradesco, na Avenida Afonso Pena com a Calógeras foi uma das primeiras sedes da Prefeitura e Câmara Municipal da cidade. “Ali foi prédio da prefeitura, mas era pouca coisa, na época uma mixaria, não tinha muita coisa não. Agora, Campo Grande cresceu. Antes aqui não tinha nada”, relembrou Paulo Pedro da Silva, de 72 anos, que há décadas trabalha vendendo frutas na região central, em ponto da Rua 15 de Novembro.
A cidade das charretes - A historiadora Maria Madalena Dib Nereb Greco, de 65 anos, vive na Vila dos Ferroviários, e se recorda dos tempos em que a estação era movimentada, das pessoas que desembarcavam de mudança, pelos trilhos de ferro, em busca de oportunidades. “Não sou do tempo das charretes, mas me recordo dos Corcéis, dos Fuscas e das caminhonetes, carros que eram os táxis da época. Isso aqui era uma loucura”, disse.
Nascida em Bauru (SP), mas prestes a receber o título de cidadã campo-grandense, Maria Madalena chegou na Capital há 31 anos. “A gente não tinha preocupação, a ferrovia cuidava da gente, tínhamos muita segurança.Tudo que chegava na cidade, chegava por aqui, esse espaço tinha muita vida. O Hotel Gaspar bombava, os armazéns da redondeza vendiam de "p a p", de prego a penico. Na região também existiam muitas pensões”, relembrou. O hotel fechou as portas em junho de 2020.
Feirão de carros - A Pedra, tradicional feira informal de compra e venda de veículos da Capital, funcionava no canteiro central da Avenida Afonso Pena, próximo da Ernesto Geisel. “Vinha gente de toda parte do Estado para vender, comprar ou trocar o carro em Campo Grande”, contou o aposentado Manoel José de Oliveira, de 72 anos. Na época em que a Pedra fazia sucesso, ele comprou um Chevette 4 portas.
“Aqui tinha muito marreteiro. Quem queria vender, era só chegar e encostar o carro lá. As pessoas falavam assim: vamos na Pedra, porque lá tem carro barato”, relembrou Manoel, que no momento da entrevista fazia companhia para o amigo Paulo Pedro, o vendedor de frutas. A Pedra foi removida da Afonso Pena por causa das obras de revitalização e remoção das vagas de estacionamento da via.
Segundo o Arca (Arquivo Histórico de Campo Grande), a maioria das fotos antigas que pertencem ao arquivo foi doação e, algumas delas, não têm data especificando a época em que foram tiradas.