Cólica que deixa de cama não é normal, alerta médico
A endometriose é uma doença ginecológica que começa de forma silenciosa e pode causar infertilidade
Sentir cólicas intensas a ponto de não conseguir levantar da cama e passar dias à base de medicação não é normal. Esse pode ser um sintoma de endometriose, doença que afeta cerca de 8 milhões de mulheres no Brasil, segundo estimativas do Ministério da Saúde, comprometendo diretamente a qualidade de vida e podendo causar infertilidade.
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Cólica intensa não é normal e pode indicar endometriose, doença que afeta 8 milhões de brasileiras e pode causar infertilidade. O ginecologista Dr. Antônio Miziara alerta sobre a banalização da dor menstrual. A economista Patrícia Fernandes sofreu por anos até ser diagnosticada com endometriose profunda, necessitando de cirurgias e mudança de hábitos para controlar a doença e realizar o sonho de ser mãe. A endometriose, sem cura, pode ser tratada clinicamente ou cirurgicamente e é uma das principais causas de infertilidade feminina. O diagnóstico pode demorar anos, com sintomas mascarados por anticoncepcionais.
O ginecologista e especialista em reprodução assistida Antônio Miziara alerta que é um equívoco considerar normais as cólicas menstruais intensas e que essa banalização da dor precisa ser desmistificada. “A paciente que tem cólicas frequentes no período menstrual, com necessidade de medicação para alívio, especialmente se a dor compromete a rotina diária, deve ser investigada para endometriose”, esclarece o especialista.
Durante três anos, a economista Patrícia de Souza Fernandes, de 41 anos, sofreu com cólicas intensas e dificuldades para engravidar. Os sintomas, considerados normais por muitos médicos, eram, na verdade, sinais de endometriose.
“A cada ciclo menstrual, eu ficava mais debilitada. As dores eram muito fortes, procuramos vários médicos e ouvimos que era apenas uma cólica forte. Até que um dia tive uma queda de pressão devido a uma dor intensa e não conseguia sair do chão do banheiro. Depois de três anos de sofrimento, percebemos que aquilo não era normal e buscamos ajuda especializada”, relembra.
Patrícia recorreu a um médico amigo da família, que suspeitou de endometriose e solicitou exames mais detalhados. Posteriormente, procurou um especialista em São Paulo e recebeu o diagnóstico de endometriose profunda infiltrativa grau IV. “Meu ventre estava todo comprometido: útero, ovários, parede abdominal e intestino. O intestino estava afetado em dois pontos”, conta.
Devido à gravidade da doença, Patrícia também foi diagnosticada com infertilidade e precisou passar por duas cirurgias. A primeira, em 2015, resultou na retirada de parte do intestino; a segunda, em 2023, na remoção do ovário esquerdo.
Segundo Miziara, a endometriose não tem cura, mas pode ser controlada. O tratamento da dor pode ser clínico, com o uso de hormônios para bloquear a menstruação, ou cirúrgico, nos casos mais graves. Para tratar a infertilidade, há opções como a reprodução assistida e, em situações específicas, cirurgias.
O especialista destaca que a endometriose é uma das principais causas de infertilidade feminina, pois os focos da doença interferem em várias etapas da fertilização natural, desde a captura do óvulo pelas trompas até o transporte do embrião e outras fases da fecundação.
A doença pode ser silenciosa e demorar a ser diagnosticada. Estudos sugerem que, em média, são necessários sete anos entre o início dos sintomas e o diagnóstico. Um dos fatores que contribuem para essa evolução silenciosa é o uso contínuo de anticoncepcionais, que mascaram o principal sintoma: a cólica menstrual.
“A endometriose é uma doença enigmática. Existem congressos nacionais e internacionais específicos para debater o tema. Geralmente, é multifatorial, podendo estar associada a fatores genéticos e imunológicos. Ter um estilo de vida saudável, com a prática regular de exercícios físicos e uma alimentação anti-inflamatória, pode ajudar no controle e na redução dos sintomas”, orienta Miziara.
Além das cirurgias, Patrícia adotou uma nova alimentação, cortando glúten, laticínios, açúcar e outros alimentos que contribuem para o processo inflamatório da doença. Atualmente, pratica atividades físicas e conseguiu realizar o sonho de ser mãe anos após a primeira cirurgia.
Março é o mês de conscientização sobre a endometriose. Entre os principais sintomas da doença estão cólicas intensas no período menstrual, dismenorreia (dor pélvica progressiva que pode incapacitar a mulher), diarreia ou dor ao evacuar e urinar durante o período menstrual, dor durante relações sexuais, distensão abdominal e infertilidade.
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