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A liderança feminina nas religiões de matriz africana

Carlos Viana Pimentel e outros (*) | 30/06/2023 13:40

Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57,3 milhões de casas são chefiadas por mulheres, isto é, 38,7% dos lares. Nesses lares, o número de mulheres negras que assumem a responsabilidade financeira da família chega a 55,2% do total, ou seja, somos maioria. Apesar de ser uma situação comum, ser uma mãe solo é um grande desafio.

O desemprego nos atinge primeiro, as dificuldades com acesso à creche, educação e moradia também são maiores e apesar dos avanços ainda somos maioria quanto em baixa escolaridade, o que contribui para as dificuldades financeiras e manutenção da família.

As mulheres negras no Brasil vivenciaram experiências diferentes das mulheres brancas. Primeiro, submetidas ao trabalho escravo e a outros tipos de exploração, elas realizavam os piores trabalhos, os mais duros e mal-visto. "Desde os tempos da escravidão, as mucamas e criadas dos sobrados eram negras e mestiças, pois tais funções eram consideradas vis e inaceitáveis para a mulher branca.

Desde o período colonial, as práticas religiosas vinculadas aos negros são alvo de perseguição por parte da igreja católica e mesmo pelo estado brasileiro.

Só a partir da República é que começa a ideia de pluralismo religioso no Brasil, visto que as leis garantiam liberdade religiosa. O movimento afro-religioso se configurou a partir da criação das primeiras entidades representativas dos umbandistas e/ou dos candomblecistas, na década de 1930. Mas, 70 anos depois, na passagem do século 20 para o 21, ainda mantinha como a principal pauta de sua agenda a defesa da prática religiosa de seus representados.

Foi, sobretudo, a partir da década de 1980 que integrantes do movimento negro se aproximaram dos terreiros e passaram a incluir o universo afro religioso no discurso da construção de uma identidade negra e de sua politização.

Como tantas outras expressões negras, as religiões afro-brasileiras são alvo de discriminado e de forte preconceito. Considerando que até a metade do século XX o povo de santo ainda era perseguido pela polícia no Brasil e seus cultos proibidos, cai por terra a ideia de democracia racial no Brasil, se negros e negras não podem manifestar sua religião, era considerada inferior por ser de preto. Como se pode afirmar não existe preconceito?

(*) Carlos Viana Pimentel é membro da Comissão da Verdade da Escravidão Negra e da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/MA.

(*) Erika Verde Conceição Travasso é bacharela em Direito pela Universidade Ceuma.

(*) Margareth Argemira de Almeida é presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no BrasilOAB/MA.

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