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Atraso no plantio dos EUA e o clima no Brasil: mercados de olho!

Marcos Fava Neves, Vinícius Cambaúva e Vitor Nardini Marques(*) | 05/06/2022 08:30

Vamos às reflexões dos fatos e números do agro em maio e o que acompanhar em junho. Na economia brasileira, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 1,06% em abril, valor que é 0,56 ponto percentual menor que o índice de março (1,62%). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo dado, foi a maior variação para um mês de abril desde 1996. Com isso, o IPCA acumula alta de 3,3% em 2022 e de 12,1% nos últimos 12 meses. As maiores oscilações vieram de “alimentos e bebidas” e dos “transportes”; juntos, contribuíram com 80% do IPCA de abril. No grupo dos alimentos, as variações mais relevantes vieram com a batata-inglesa (+18,3%), o leite longa vida (+10,3%), o óleo de soja (+8,3%), o pão francês (+4,5%) e as carnes (+1,02%). Cenário de inflação de alimentos segue preocupante!

O boletim Focus (Bacen) do Banco Central, de 2 de maio (o mais recente divulgado até o momento), indica: IPCA com variação de 7,9% em 2022 e de 4,1% ao final de 2023; PIB (Produto Interno Bruto) com crescimento de 0,7% em 2022 e 1,0% ao final do próximo ano; câmbio fechando em R$ 5 e R$ 5,04, respectivamente; e, por fim, a Selic em torno de 13,25% ao final de 2022 e em 9,25% ao findar 2023. A economia permanece com as previsões relativamente estáveis, sem melhorias. Vamos seguir de olho!

No agro mundial e brasileiro, segundo a Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), o índice de preços de alimentos alcançou 158,5 pontos em abril, uma queda de 0,8% em relação a março, mês em que havia registro do maior nível histórico. Apesar da baixa, que já representa um alívio, o indicador ficou 29,8% acima do que foi registrado em abril de 2021. O comportamento é resultante da queda de 5,7% no índice dos óleos vegetais e de 0,7% nos preços de cereais. Por outro lado, os índices do açúcar, da carne e de laticínios cresceram 3,3%, 2,2% e 0,9%, respectivamente.

No oitavo boletim mensal (maio) sobre a estimativa da safra brasileira de grãos em 2021/22, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou a expectativa da oferta para o ciclo: de 269,3 milhões de toneladas em abril para 271,8 milhões de toneladas em maio (2,5 milhões de toneladas a mais). Com isso, a produção brasileira nesta safra deve ser 6,4% maior do que em 2020/21. Os principais acréscimos em termos de volume, no comparativo com os valores declarados em abril, vieram com a soja (+1,4 milhão de toneladas), o milho (+592 mil toneladas) e o trigo (+223 mil toneladas). Para a oleaginosa, a produção estimada em maio foi de 123,8 milhões de toneladas, 10,4% menor que o ciclo passado. No milho, a oferta total deve ficar em 116,2 milhões de toneladas (+33,4%), sendo que a 1ª safra deve entregar 24,7 milhões de toneladas (-0,2%), a safrinha outros 89,3 milhões de toneladas (+47,0%) e a 3ª safra 2,2 milhões de toneladas (+36,3%). No trigo, que também foi destaque para o mês, devemos produzir 8,13 milhões de toneladas, 6,0% a mais do que no último ciclo. Os conflitos entre Rússia e Ucrânia e os altos preços do cereal no mercado internacional têm motivado os produtores brasileiros a cultivarem o grão, tanto que a área deve ser acrescida em 30 mil ha no Brasil. Por fim, para o algodão em pluma, a produção estimada é de 2,82 milhões de toneladas, 19,5% a mais do que as 2,36 milhões de toneladas do ciclo 2020/21. Na torcida para que o clima continue ajudando e estes números se concretizem!

Ainda sobre o trigo, os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Bahia e Distrito Federal deverão plantar 280 mil hectares do cereal na safra 2022/23, segundo a Embrapa Trigo, o que representa alta de 11,0% em relação ao ciclo passado, estimulada especialmente pela alta demanda e preços externos do cereal, resultados da guerra no Leste Europeu.

No campo, a Conab estima que até 14 de maio, 96,8% da soja havia sido colhida no País contra 98,5% na mesma data do ano passado; Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins já concluíram as operações. No milho, a colheita da 1ª safra encontra-se com progresso de 80,1%; era de 73,2% no mesmo período do último ciclo. Já o plantio da 2ª safra foi concluído em todo o País e as lavouras encontram-se nos seguintes estágios (média nacional): 50,4% está em enchimento de grãos; 26,9% sob floração; 6,9% ainda seguem em desenvolvimento vegetativo; e 15,7% já estão em maturação. No algodão, a Conab indica que a colheita foi iniciada nos estados do Mato Grosso do Sul e Bahia, mas o progresso ainda é lento (apenas 0,2%). Por fim, a safra de inverno do trigo está com 16,2% das áreas plantadas frente a 8,4% na mesma data de 2021; o cereal também larga na frente!

Apesar do aumento nas estimativas da oferta de milho 2ª safra (pela Conab), a Consultoria AgRural reduziu suas projeções em 5 milhões de toneladas para a região Centro-Sul entre abril e maio, por conta da falta de umidade em algumas localidades. Segundo a consultoria, a oferta do cereal deve ficar em 80,9 milhões de toneladas; há 30 dias, a estimativa era de quase 86 milhões de toneladas. As regiões mais afetadas pela falta de umidade são as áreas de plantio tardio no Mato Grosso e diversas áreas no Estado de Goiás.

O IBGE divulgou novas estimativas para a produção de café em 2022, indicando uma colheita de 56,1 milhões de sacas (60 kg), crescimento de quase 15% em comparação com o ano passado. Desse total, 38,7 milhões de sacas (ou 69%) são referentes ao café do tipo arábica; enquanto os outros 17,4 milhões de sacas (31%) serão colhidas do tipo robusta.

Em abril, as exportações do agronegócio brasileiro alcançaram a cifra de US$ 14,86 bilhões, valor 14,9% maior que a receita de abril de 2021 e representando 51,5% de todas as vendas externas do País, um novo recorde para o mês! A alta na receita foi motivada pelo aumento nos preços dos produtos de 31,8%, já que os volumes forem menores em 16,8%. Na liderança, o complexo soja exportou US$ 8,08 bilhões (+7,4%), embora os volumes tenham sido de 13,45 milhões de toneladas (-24%); a redução na quantidade exportada pelo grupo é explicada pela baixa no volume de soja em grão embarcada, que foi 28,8% menor (11,47 milhões de toneladas). Na segunda posição aparecem as carnes, com US$ 2,15 bilhões (+36,9%), sendo que a carne bovina exportou US$ 1,10 bilhão (+56,2%), a de frango US$ 802,8 milhões (+34,3%) e a suína US$ 191,22 milhões (-17,0%). Na sequência (3°), temos os produtos florestais com a cifra de US$ 1,49 bilhão (+23,1%). Na quarta posição está o café com receita de US$ 734,16 milhões (+43,5%) e, fechando o top 5, temos o complexo sucroalcooleiro que vendeu US$ 589,8 milhões (-8,1%); resultado da queda de 14,5% na venda mensal do açúcar (US$ 503,2 milhões). No acumulado do ano, entre janeiro e abril, o Brasil já exportou US$ 48,56 bilhões (+34,5%).

Do lado das importações, os destaques para abril foram os seguintes: a compra de US$ 2,10 bilhões em fertilizantes (+296,7%) com volume de 3,25 milhões de toneladas (+72,4%); e de defensivos agrícolas em US$ 376,3 milhões (+122,9%) e 38,4 mil toneladas (+50,0%). No total, as importações do setor somaram US$ 1,32 bilhão (+14,8%), o que possibilitou um saldo de US$ 13,54 bilhões à economia brasileira (+15,0%).

Segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais, as exportações de soja devem cair 43% no mês de maio, em comparação com o mesmo mês de 2021. Ao todo, o Brasil deve exportar 8,1 milhões de toneladas do grão. O volume também é menor que as 11,3 milhões de toneladas embarcadas em abril (-28,3%). Este comportamento é resultado da menor oferta da leguminosa neste ciclo, especialmente em vista dos eventos de seca no Sul do Brasil e no Mato Grosso do Sul. Já as exportações de óleo de soja devem alcançar 1,8 milhão de toneladas em 2022, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), graças à maior demanda internacional pelo produto. O consumo interno, por sua vez, está estimado em 7,9 milhões de toneladas. Ainda segundo a associação, os embarques da soja em grão, farelo e óleo devem trazer ao Brasil um montante de aproximadamente US$ 58 bilhões durante o ano, o que equivale a um crescimento de 20,7% frente ao ano passado. Incrível entrada de recursos ao País!

No âmbito internacional, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em seu relatório de maio, trouxe as perspectivas para a safra 2022/23 de grãos, indicando uma produção de milho em 1,18 bilhão de toneladas, volume que deve ser 3,0% menor que o da safra 2021/22 (ou 35 milhões de toneladas a menos). Os principais reflexos dessa redução estão na estimativa de menor oferta nos Estados Unidos, indicada em 367,3 milhões de toneladas (-4,5%), devido à redução das áreas plantadas com o cereal; e na Ucrânia, que deve entregar 19,5 milhões de toneladas (-54%, ou 22,6 milhões de toneladas a menos), em vista dos conflitos com a Rússia. Para o Brasil, a produção prevista para 22/23 ficou em 126,0 milhões de toneladas, 10 milhões a mais do que o esperado para o ciclo atual ou crescimento de 8,6%. Já as exportações devem crescer 36,7% no Brasil, alcançando 46,5 milhões de toneladas e, com isto, devemos voltar à posição de 2° maior exportador, entregando quase 26% de todo o milho consumido no mundo. Por fim, os estoques globais do cereal devem voltar a cair neste próximo ciclo, após uma recuperação no passado: a previsão é de que fique em torno de 305,1 milhões de toneladas, 1,4% menor.

Na soja, a estimativa do USDA é de uma produção global em 394,7 milhões de toneladas, 13% maior do que 2021/22 ou 45,3 milhões de toneladas a mais. Nos principais produtores, o cenário será o seguinte: o Brasil deve produzir 149,0 milhões de toneladas (+19,2% ou +24 milhões de toneladas); nos Estados Unidos, serão 126,3 milhões de toneladas (+4,6% ou +5,6 milhões de toneladas); e na Argentina a oferta está estimada em 51,0 milhões de toneladas (+21,4% ou +9 milhões de toneladas). Nas exportações, o Brasil deve ampliar ainda mais o volume embarcado, das 82,8 milhões de toneladas de 21/22 para 88,5 milhões de toneladas em 22/23 (+6,9%), mantendo sua participação de 52% no mercado global. Os estoques globais, por sua vez, devem ser maiores, alcançando 99,6 milhões de t, 14,4 a mais do que 21/22 ou crescimento de 16,9%.

Nos Estados Unidos, o USDA indicou que o plantio da safra de grãos teve uma ligeira evolução na segunda quinzena de maio, mas segue em atraso, conforme apurado até o último dia 16. No milho, o avanço veio conforme a expectativa do mercado, com o plantio em 49%, mas ainda bem atrasado em relação aos 78% do ano anterior e 67% da média dos últimos cinco anos. Já na soja, o esperado era de 29%, mas o valor apurado veio 1 p.p. acima (30,0%), também abaixo dos 58% de 2021 e da média de 39% para o período. Como consequência, as cotações das commodities sofreram altas em Chicago. No trigo, 39% das áreas já estão semeadas, contra 83% no ano anterior e 67% na média. Atenção para bons momentos de comercialização!

O governo argentino autorizou o plantio de uma variedade transgênica de trigo, a HB4 desenvolvida pela Bioceres. O material apresenta maior nível de tolerância à seca e resistência ao glufosinato. Com isso, nosso vizinho se tornou o primeiro país a aprovar a semeadura e comercialização de transgênicos para a cultura. Vale lembrar que a Argentina é um dos maiores produtores do cereal e que o conflito do Leste Europeu abriu uma oportunidade de crescimento da oferta.

De volta ao cenário nacional, o período entre o final de abril e início de maio também foi marcado pelas feiras agropecuárias em diferentes regiões do Brasil, consolidando o retorno dos grandes eventos presenciais do setor. Em Ribeirão Preto (SP), a Agrishow reuniu público recorde em seus cinco dias de evento, com mais de 193 mil visitantes, 30% a mais que 2019 (última edição antes da pandemia). Em volume de negócios, o resultado foi impressionante! O faturamento alcançou R$ 11,2 bilhões, 287% a mais que 2019, sendo que a expectativa inicial dos organizadores era de somar até R$ 6 bilhões. Em Uberaba (MG), a 87ª edição da ExpoZebu movimentou mais de R$ 350 milhões em negócios. Apenas com leilões foram R$ 105 milhões, 70% a mais que em 2021. Além disso, foram exibidos 2.200 animais, 15% a mais do que na última edição presencial em 2019. Já o público foi de cerca de 430 mil pessoas em 10 dias de evento, quase 50% maior que 2019.

Em sua divulgação de maio, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) reajustou o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de 2022 para R$ 1,236 trilhão, valor 2,7% superior ao obtido durante o ano passado. As cadeias da agricultura devem faturar R$ 881,2 bilhões (+7,3%), com grande destaque para o crescimento das receitas do café (+47,3%), do algodão (+43,2%) e do milho (+22,2%), sendo que apenas com o cereal os agricultores devem faturar R$ 163,84 bilhões. Na soja o balanço é negativo em relação ao ciclo anterior (-9,6%) visto às adversidades climáticas enfrentadas no Sul e Centro-Sul do País. Por sua vez, as cadeias da pecuária devem responder por R$ 355,7 bilhões (-7,2%), com movimentação negativa generalizada para as carnes.

Na esfera do financiamento agrícola, entre os meses de julho de 2021 e abril de 2022, a adesão ao crédito rural pelos agricultores brasileiros cresceu 22,0%, de acordo com o Mapa. Ao todo, já foram contratados mais de R$ 230 bilhões neste ciclo. Sobre o seguro agrícola, o Mapa anunciou a liberação de R$ 990 milhões em recursos para a contratação de 140 mil apólices nos próximos seis meses. A medida visa a proteger os agricultores contra os sinistros ambientais, mitigando os efeitos do clima durante o ciclo. Apenas nos três primeiros meses de 2022, já foram pagos R$ 5,8 bilhões em indenizações a produtores, o que reforça o importante papel desse mecanismo de proteção.

De acordo com apuração do Sindirações, a produção de rações no Brasil cresceu 3,9% no ano de 2021, alcançando 84,9 milhões de t. A demanda aquecida no mercado internacional pela carne suína e de frango foi o principal motivador do incremento. Já para 2022, há expectativa de crescimento de 3,5%, atrelado principalmente à avicultura (corte e postura) que mantem sua relevância mesmo em cenário de menor poder aquisitivo.

No setor leiteiro, um relatório da AgriPoint indicou que, em março, 77 das 100 maiores fazendas de leite no Brasil não estavam utilizando pastagem para alimentar suas vacas, ou seja, a maior parte da produção depende de rações e outros insumos, o que encarece a produção. Os reflexos estão sendo sentidos nas gôndolas dos supermercados.

Com objetivo de diversificar o fornecimento de fertilizantes ao Brasil, uma comitiva do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) realizou reuniões com representantes do governo e empresas da Jordânia, Egito e Marrocos. Na Jordânia, o foco é o fornecimento de fertilizantes à base de potássio; no Egito, o alvo são os nitrogenados; e em Marrocos, os fosfatados. Vale lembrar que este último país é o segundo maior produtor mundial de fosfatados, responsável por 17% da oferta global e com embarques ao Brasil somando US$ 1,6 bilhão em 2021.

Mais uma boa notícia no segmento de bioenergia! A Raízen anunciou que tem planos de produzir biogás em todas as suas 25 usinas de açúcar e etanol, nos próximos dez anos. O objetivo é a oferta diária de 3 milhões de m³ de biogás, especialmente do biometano, que será produzido a partir de resíduos da cana, como a vinhaça e a torta de filtro. Os projetos devem ser viabilizados por meio da joint venture Raízen Geo Biogás, formada pelo grupo sucroenergético e pela Geo Biogás & Tech. No mês passado, a Raízen Geo Biogás já havia anunciado a construção da primeira planta dedicada ao biometano em Piracicaba-SP, com capacidade para produzir 26 milhões de m³ por ano. Todo este volume deverá ser comercializado com a Volkswagen e com a Yara Fertilizantes em contratos de longo prazo já estabelecidos.

Segundo a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), a estimativa é de que o agro brasileiro tenha capacidade de produzir 114 milhões de m³ de biogás por dia, sendo que metade desse valor deve vir do setor sucroenergético. De olho neste potencial, empresas como a New Holland e Scania estão anunciando diversos projetos de veículos movidos a biometano. A Usina Cocal, que atualmente produz 9 milhões de m³ de biometano por ano, anunciou que deve substituir por completo o consumo de diesel por biometano na frota do grupo (caminhões, máquinas e tratores), nos próximos anos. Atualmente, o consumo de diesel chega a 30 milhões de litros por safra. Ganha a empresa, com menores gastos e maior eficiência; e o meio ambiente, com um biocombustível mais limpo e renovável. Mais um grande exemplo do nosso agro!

A Cocamar, cooperativa agroindustrial do Paraná, anunciou que irá construir uma unidade de produção de biodiesel, com capacidade para moagem de 70 mil toneladas de soja por ano. Atualmente, são produzidas 500 mil garrafas de óleo comestível por dia na unidade industrial, consumindo cerca de 930 mil toneladas de soja. Com a unidade de biodiesel, a demanda anual da leguminosa pela Cocamar deve superar um milhão de toneladas.

Por fim, a Louis Dreyfus Company (LDC) informou que realizou um teste bem-sucedido do uso de biocombustível (B30) em um dos navios da empresa, que navegou de Gent, na Bélgica, até o porto de Santos. Com isso, a empresa registrou o primeiro transporte marítimo de suco com emissões de carbono neutralizadas: isso porque ela conseguiu reduzir 24% das emissões com o uso da mistura com biocombustível e compensou os outros 76% por meio de créditos de carbono.

E fechando a análise do agro, como de costume, seguem os principais preços de produtos do setor na data de fechamento da nossa coluna: a soja para entrega em cooperativa em São Paulo estava em R$ 184,40/saca na cotação atual, em R$ 188,50/saca para junho de 2022 e em R$ 171,30/saca para março de 2023; o milho ficou cotado em R$ 87,90/saca para entrega em julho e em R$ 90,40/saca para setembro de 2022; já o algodão estava em R$ 260,18/arroba e o boi gordo em R$ 311,15/arroba (base Cepea/USP).

Os cinco fatos do agro para acompanhar em junho são:

• Desenvolvimento das lavouras de milho 2ª safra no Brasil e as previsões para o clima. Já há indícios de quebra na produção em alguns estados do Centro-Sul, como vimos ao longo de nossa coluna, com destaque para GO, SP e MG. Frentes frias estão a caminho com risco de geadas, vamos torcer para a minimização dessas ocorrências e resiliência das lavouras.
• Evolução no plantio da safra americana de grãos que está, em geral, atrasada na comparação com a média das últimas cinco safras. O plantio tardio expõe as áreas a possibilidade de nevoeiro no final do ciclo, dificultando ou até impossibilitando a colheita (impacto na oferta). Mas o ritmo deve ganhar força nos próximos dias, vamos acompanhar!
• O andamento das exportações brasileiras do agronegócio. Alguns produtos, como a soja e o milho, já estão apresentando volumes embarcados menores, por conta da baixa disponibilidade destes grãos no mercado interno. Nas carnes, o mercado deve seguir aquecido, mas a suína deve enfrentar maiores dificuldades, por conta da redução (pela metade) das compras chinesas.
• Acompanhar a economia brasileira e mundial e os impactos no câmbio. A taxa Selic (juros) foi elevada para 12,75% ao ano, mas o mercado espera que ela fique ainda maior até o final do ano (em torno de 13,25%). Importante observar as políticas do governo para gestão da economia nestes cenários.
• Por fim, continuar olhando para os dois grandes fatos mais relevantes em nível global: a política de controle das infecções na China e os impactos no comércio e os próximos capítulos do triste conflito entre Rússia e Ucrânia que já dura quase dois meses.

(*) Marcos Fava Neves é professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, Vinícius Cambaúva e Vitor Nardini Marques, mestrandos na FEA-RP

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