ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, QUARTA  17    CAMPO GRANDE 24º

Artigos

Minha cidade grande, Campo Grande.

Regina Silva de Abreu (*) | 11/07/2023 08:36

No horizonte, vejo as veias se entrelaçarem, formando uma imensa teia cinza. São as ruas, vias e avenidas que compõem esse organismo vivo que chamamos de trânsito. Nelas, verdadeiro conglomerado de carros, motos, bicicletas, pedestres e todos os outros que compõe o trânsito, nesse grande campo, dançando uma coreografia caótica e, ao mesmo tempo, encantadora.

No caos aparente, onde engarrafamentos e buzinas fazem a trilha sonora, é possível vislumbrar a essência de uma cidade em movimento. O trânsito é o termômetro da sociedade, refletindo desde as dinâmicas econômicas, nos seus ferozes contrates, até as individualidades cotidiana, nas idas e vidas, encontramos histórias de vida, sonhos, frustrações e amores, que ficaram e que partiram, e que talvez partiram cedo demais, num trânsito que não nos dá uma segunda chance.

Em meio a uma sinfonia de motores, cada veículo é um protagonista nesse emaranhado de possibilidades, grandes ou pequenos, velozes ou lentos, cada um, carrega consigo a história do seu condutor ou passageiro.

Crianças maravilhadas com um trânsito colorido, jovens ansiosos pelo primeiro veículo, mães com pressa de chegar em casa, trabalhadores, que, como disse um dia o pensador, amargam a velha rotina de esperar o seu ônibus que passou e não parou.

O trânsito é palco de encontros e desencontros. Acontecimentos inesperados podem unir desconhecidos por um breve instante. No semáforo ou na faixa de pedestre, é possível trocar sorrisos e olhares com alguém ao lado.

Uma breve conexão que nos faz lembrar que, mesmo em meio ao caos, ainda somos humanos compartilhando o mesmo espaço. Mas há também as tensões do trânsito, o stresse diário, a pressa constante e a impaciência, que se misturam e se manifestam nas adversidades do percurso, batidas, engarrafamentos e longas esperas podem transformar a mera rotina numa batalha silenciosa contra o relógio, batalha que não sabemos quem vai vencer, a pressa ou a vida.

Porém, em meio a essa dança tumultuada, há também a oportunidade de apreciar a paisagem urbana, o trânsito proporciona um novo olhar sobre as construções, a arte nas paredes, a diversidade humana que transita pelas calçadas, pelo grande campo, Campo Grande. É a chance de observar o ritmo frenético da cidade, das buzinas, das sirenes, das freadas bruscas, que compõe uma sinfonia urbana.

O trânsito, mesmo com toda a sua complexidade e contradição, possui a sua própria poesia, onde, cada cidadão se torna um verso em meio a um livro em branco. E assim, nesse palco de apressados e sonhadores, podemos encontrar beleza no caos, enxergar a humanidade nos que tentam fazer do trânsito um lugar para todos, e apesar de todas as dificuldades, estamos juntos, clamando pela vida.

(*) Regina Silva de Abreu é gestora de educação de trânsito.

Nos siga no Google Notícias