Após oficial ir embora, família tem móveis queimados em reintegração de posse
Família com idoso de 78 anos denuncia abuso de donos do lote reintegrado; cachorro teria sido agredido
Uma família, que tem como membro um idoso de 78 anos e mora assentamento Nazaré, no distrito campo-grandense de Anhanduí, está acusando membros de outra família de colocarem fogo em seus móveis durante o cumprimento de um mandado de reintegração de posse.
Segundo boletim de ocorrência registrado nesta sexta-feira (21), um dia antes, na quinta-feira (20), Nilson Ferreira, de 51 anos, filho do idoso e pai um homem autista de 22 anos, estava em casa quando, pela manhã, um oficial de justiça e policiais militares se apresentaram com um ofício de reintegração de posse.
Após a comunicação de despejo, Nilson teria iniciado a retirada dos pertences para o lado de fora da casa. Logo que os policiais e o oficial de justiça foram embora, ele relata que membros da família dona do lote apareceram e o trataram de forma agressiva.
Além de ameaças, um dos membros da família teria ateado fogo nos pertences reunidos do lado de fora. Havia televisão, cama, entre outros móveis. Ainda conforme o B.O, outra vizinha foi ameaçada.
“É uma família pobre que não tem nada. Eles nunca se recusaram a sair dali, mas eles não podiam ser tratados assim”, diz a filha de um dos vizinhos que ainda conta que o fogo quase se alastrou para outros lotes.
Em um dos vídeos a que o Campo Grande News teve acesso, a pessoa que grava acusa filho da dona do lote reintegrado de bater no cachorro de Nilson e de matar as galinhas dele.
No anexo do mandado de reintegração de posse, o oficial de justiça apenas narra que os imóveis foram retirados da casa e que o requerido apenas deixou algumas ferramentas para trás, sem citar o imbróglio que teria acontecido depois.
Disputa judicial - O lote em questão é fruto de reforma agrária e pertence à mãe da pessoa que teria ateado fogo nos objetos de Nilson. Outros lotes ao lado também seriam da mesma família, que buscou meios judiciais para reaver a terra. Por enquanto, apenas o lote que Nilson ocupava foi reintegrado.
Agora, segundo a filha de uma das pessoas que ainda mora nos lotes ocupados, Nilson está recebendo ajuda de vizinhos. “Ele está ficando no vizinho que tem um lote na frente e recebendo ajuda dos outros vizinhos”.
Agressão – Uma denúncia na Corregedoria da Polícia Militar feita em 30 de maio de 2023 acusa dois policiais militares, cujos nomes não aparecem no documento, de terem ido a casa de Nilson e batido nele enquanto exigiam que ele saísse do lote.
Os policiais teriam ido até o local sem nenhum mandado judicial ou qualquer amparo legal. Outros vizinhos também teriam sido ameaçados nesta mesma época.
Não se sabe a razão da medida tomada por tais policiais, mas os moradores acreditam que possa ter alguma ligação com a família dona dos lotes invadidos. "Acho que depois que fizemos a denúncia na Corregedoria eles ficaram com medo e resolveram levar tudo pra esfera judicial”.