Dona de empresa na Capital, irmã do ex-major Carvalho foi presa em ação da PF
A operação Enterprise bloqueou R$ 1,7 milhão em contas de sua titularidade
Deflagrada em novembro do ano passado, a operação Enterprise prendeu Lucimara Carvalho, 55 anos, que é dona de empresa em Campo Grande e irmã do ex-major Sérgio Roberto de Carvalho, apelidado de “Escobar brasileiro”.
Liderada pela PF (Polícia Federal) do Paraná, foi a maior a ação combate tráfico de cocaína e lavagem de dinheiro, com mandados cumpridos no Brasil, Espanha, Portugal, Colômbia e Emirados Árabes Unidos.
Lucimara é dona da Mavele Despachante, empresa criada em 1998 e localizada na Rua Professor Severino Ramos de Queiroz, na Vila Castelo, em Campo Grande. Também tem empresas em São Paulo e é citada como dona de fazenda no Mato Grosso (Brasnorte), comprada por R$ 1 milhão. No último dia 24, a 8ª Turma do TRF 4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) manteve, por unanimidade, a prisão de Lucimara Carvalho.
Conforme a investigação da Polícia Federal, há forte indícios de participação próxima em atividades ilícitas da organização criminosa liderada pelo irmão. Em 2019 e 2020, ela viajou para Europa e Emirados Árabes. Ainda segundo a PF, tinha documento falso fabricado em Curitiba e “em seu nome estão registrados bens advindos dos proveitos do tráfico de drogas e utilizados para continuidade das atividades criminosas”.
A operação bloqueou R$ 1,7 milhão em contas de sua titularidade e apreendeu 15.205,00 Dirham's (moeda oficial dos Emirados Árabes).
A reportagem foi à Mavele Despachante, onde foi informada que a proprietária é “dona Vilma”. A empresa, conforme informado à Receita Federal, é de Lucimara e Vilma Fátima de Carvalho Ângelo da Silva, delegada aposentada.
O Campo Grande News tentou contato com a delegada por telefone, mas ela não quis falar. “Não falo sobre esse assunto, agradeço a ligação e bom trabalho”. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Lucimara.
Logística em MS – A investigação revela uma organização criminosa com tentáculos em Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo. O objetivo era levar cocaína para a Europa, onde o quilo da droga é vendido por R$ 200 mil.
No Estado, foi identificado grupo com quatro pessoas que atuavam na logística de “internalização, transporte e fornecimento de carregamentos de cocaína a partir de Ponta Porã, fronteira com o Paraguai, com uso de caminhões graneleiros”.
O esquema era coordenado pelo ex-major da Espanha, onde morava em mansão avaliada em R$ 12 milhões.
Apesar de comum que chefões do tráfico de drogas polarizem entre a atividade criminosa e a vitrine de empresários bem sucedidos no mercado formal, o ex-major foi além: tem uma versão morta – batizada de Paul Wouter.
A defesa Wouter, que seria na verdade Carvalho, apresentou certidão de óbito por covid-19, sendo o corpo cremado, portanto sem condições de análise de DNA dos restos mortais para confirmar a identidade.