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Cidades

Em apenas 6 viagens, "frete seguro" garantiu quase R$ 1 milhão a policiais

Foram pelo menos 21 meses de atuação, entre janeiro de 2022 e setembro de 2023

Por Lucia Morel | 14/04/2024 12:26
Dinheiro apreendido em veículo de policial civil de Ponta Porã. (Foto: Reprodução)
Dinheiro apreendido em veículo de policial civil de Ponta Porã. (Foto: Reprodução)

Em pelo menos 21 meses de atuação junto a organização criminosa de tráfico de drogas e com apenas seis viagens em viatura oficial da Polícia Civil de Ponta Porã, dois dos três policiais presos por transporte de entorpecentes entre a cidade fronteiriça, Dourados e Campo Grande na Operação Snow, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), receberam R$ 960 mil e garantiram R$ 480 mil cada um.

Anderson César dos Santos e Alexandre Novaes Medeiros, lotados na 1ª Delegacia de Polícia de Ponta Porã como investigadores, recebiam R$ 80 mil cada um por viagem entre Ponta Porã e Dourados. Ambos estão presos desde setembro do ano passado (Operação Safe Shipping), quando foram flagrados deixando 540 kg de cocaína em casa no bairro Vila Rosa, em Dourados, como o Campo Grande News mostrou aqui.

Já o terceiro policial envolvido e também preso - mas em março deste ano - Hugo César Benites, era responsável, junto com Anderson, de trazer a droga até Campo Grande. Ele foi filmado com o primeiro e ainda com o traficante, Valdemar Kerkhof Junior (fuzilado em junho do ano passado), em casa no Jardim Pênfigo, em Campo Grande, em maio de 2023. Este caso é alvo da Operação Snow.

Veículo de traficante Alex Mativi em casa em Dourados usada como entreposto da droga. (Foto: Reprodução)
Veículo de traficante Alex Mativi em casa em Dourados usada como entreposto da droga. (Foto: Reprodução)

Relatório da operação mostra que na apreensão dos 540 kg de cocaína na moradia inabitada em Dourados, em setembro do ano passado, também foi preso o traficante Alex Ferreira Mativi. Ele era responsável por guardar a droga.

Por conta desse fato, no pedido de interceptação telefônica feito em dezembro do ano passado e que permitiu a realização de 21 prisões em março deste ano, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) diz não ser necessária a interceptação de Anderson, porque ele já estava detido.

“Esclarece que o policial civil Anderson César dos Santos, que aqui está sendo investigado por transportar uma carga de cocaína no dia 04/05/2023, com viatura oficial, de Ponta Porã até Campo Grande, foi preso cautelarmente e, doravante, por isso, não será mais necessário interceptá-lo”, cita o Gaeco.

Dinheiro - “Ou seja, cada policial civil envolvido recebia R$ 80.000,00 (oitenta) mil reais para fazer o transporte da droga de Ponta Porã até Dourados em veículo oficial, em ação intitulada no mundo do crime de “frete seguro”, já que a viatura, como regra, não é parada muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública”, diz relatório do Gaeco em que Alexandre, Anderson e Alex foram denunciados.

Descobriu-se o valor pago a cada um, em espécie, também em 5 de setembro do ano passado, quando a cocaína foi apreendida. O dinheiro em espécie estava em pochete dentro de uma Fiat Strada, que pertencia a Alexandre, durante busca e apreensão no veículo, que estava estacionado no pátio da 1ª Delegacia de Ponta Porã.

Imagem do policial civil, Alexandre Novaes. (Foto: Reprodução)
Imagem do policial civil, Alexandre Novaes. (Foto: Reprodução)

Depois de entregar a droga em casa em Dourados, ele e Anderson voltaram para a cidade fronteiriça. Anderson acabou indo embora, se apresentando dias depois, mas Anderson ficou na delegacia, sendo preso em flagrante. Por volta das 20 horas, seu veículo foi vistoriado, e então, encontrou-se o dinheiro.

“Os denunciados Alexandre Novaes Medeiros e Anderson Cesar Dos Santos, que já atuavam associados para o tráfico de drogas há muito mais tempo, desde janeiro de 2022 pelo menos, prestando auxílio para vários grupos criminosos, recebiam a droga na cidade de Ponta Porã/MS, onde são lotados, acondicionando-a na viatura da Polícia Civil e a transportando em veículo oficial até a cidade de Dourados, onde, no presente caso, era repassada para Alex Ferreira Mativi, que a mantinha em depósito no citado imóvel por pouco tempo, até ser retirada e transportada para outra localidade”.

Reprodução de relatório do Gaeco. (Foto: Reprodução)
Reprodução de relatório do Gaeco. (Foto: Reprodução)

Os três policiais civis continuam presos e segundo apurou a reportagem, pedidos de liberdade feitos até o momento foram negados ou ainda não analisados pelo Poder Judiciário.

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