Em sigilo, serial killer é denunciado por matar para roubar estudante de MS
MP do Paraná também vê indícios de crime de ódio e tentará punir José Tiago Correia Soroka por homofobia
Em processo que tramita em segredo de Justiça no Paraná, José Tiago Correia Soroka, de 33 anos, foi denunciado pelo MPPR (Ministério Público do Paraná) por latrocínio – quando a violência aplicada para roubar resulta em morte– cometido contra o estudante sul-mato-grossense, Marcos Vinício Bozzana da Fonseca, de 25 anos. Se condenado, especificamente por vitimar o acadêmico de Medicina, o assassino em série pode pegar até 30 anos de prisão.
A denúncia, formulada pela 5ª Promotoria de Justiça de Prevenção e Persecução Criminal de Curitiba, também pede a responsabilização de José Tiago por homofobia. Para tal, o MP usa argumento jurídico, já validado no STF (Supremo Tribunal Federal), de que o ódio praticado contra gays equipara-se ao racismo – artigo 20 da Lei nº 7.716/89 – e pode ser punido com um a três anos de prisão.
Por enquanto, não há mais detalhes da denúncia, porque o processo tramita em sigilo, para preservar as vítimas. O Campo Grande News apurou, porém, que Soroka já responde judicialmente por outro assassinato praticado em Curitiba (PR) e uma tentativa de homicídio.
Assassinatos em série - O assassino confessou os crimes, ainda na fase de inquérito policial e negou que tenha sido motivado por ódio aos homossexuais, apesar de todos os ataques – os três no Paraná e um em Santa Catarina – terem sido praticados contra gays.
Para a polícia do Paraná, Soroka agia como um serial killer, um psicopata que mata por “gosto”. A investigação sobre a morte de Marcos Vinício foi conduzida pela DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) de Curitiba (PR).
O sul-mato-grossense morava sozinho em apartamento em Curitiba, para onde se mudou em 2017, quando começou a estudar Medicina na PUC (Pontifícia Universidade Católica). O jovem fez o Ensino Médio e 3 anos de cursinho em Campo Grande antes de passar em cinco vestibulares. Ele estava no último ano da graduação.
Marcos Vinício foi morto no dia 4 de maio. O corpo foi encontrado por volta das 16h do dia seguinte depois que familiares e amigos estranharam o sumiço do rapaz e chamaram a polícia. Conforme a investigação, a vítima foi asfixiada. Soroka usou um cobertor para sufocá-la.
O assassino fugiu levando notebook e celular do jovem. Pela câmera do condomínio onde universitário morava, no Bairro Portão, é possível ver que o suspeito sai tarde da noite, com uma mochila que parece cheia e uma sacola na mão. Ele pega um táxi.
O mesmo homem confessou ter matado, também na capital paranaense, o enfermeiro David Levisio em 27 de abril, e no interior em Abelardo da Luz (SC), em 16 de abril, o professor de geografia Robson Olivino Paim, de 36 anos. Uma quarta vítima sobreviveu ao ataque.