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Cidades

Imunização desacelera em MS, mas vacinas não serão desperdiçadas

A campanha de vacinação contra a covid-19 tem encontrado resistências em certos grupos que recusam a vacina

Guilherme Correia | 09/11/2021 11:35
Mulher agradece profissional de saúde que aplicou vacina contra a covid-19 (Foto: Henrique Kawaminami)
Mulher agradece profissional de saúde que aplicou vacina contra a covid-19 (Foto: Henrique Kawaminami)

Cerca de 4% dos adultos de Mato Grosso do Sul ainda não receberam a primeira dose e 22% dos adolescentes, de 12 a 17 anos, também não, conforme a SES (Secretaria Estadual de Saúde). Nos últimos dois meses, redução na aplicação dos imunizantes tem sido registrada, mas ainda assim, a expectativa é de que não haja desperdício.

O secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, explica que há monitoramento do estoque de antígenos distribuídos, inicialmente, ao Estado, e repassados aos municípios. "Não tem nenhuma vacina com prazo curto para vencer. Caso tenha monitorado, vamos discutir estratégias. A nossa equipe está muito atenta e, inclusive, se a gente chegar a conclusão de que há prazo pequeno, podemos remanejar para outros estados".

No entanto, a principal estratégia é difundir os benefícios em se proteger contra o coronavírus, por meio de imunização, a todos os sul-mato-grossenses. "Estamos fazendo todos os esforços para que as pessoas que não se vacinaram, se vacinar", diz Resende, que exemplifica países europeus que voltaram a ter casos em meio a movimentos antivacina.

Adolescente recebe imunizante contra o coronavírus, em Campo Grande; Anvisa permite doses da Pfizer a quem tem 12 a 17 anos (Foto: Paulo Francis)
Adolescente recebe imunizante contra o coronavírus, em Campo Grande; Anvisa permite doses da Pfizer a quem tem 12 a 17 anos (Foto: Paulo Francis)

Resistência em se vacinar - Em outubro, o secretário estadual de Saúde havia dito ao Campo Grande News que a pasta se esforçava para atingir a totalidade da população, mas que alguns habitantes dificultavam essa meta. "Há uma resistência em alguns grupamentos que não querem ser vacinados."

O titular ressaltou que as autoridades sanitárias trabalham em diferentes frentes para conter a pandemia totalmente. Uma delas é a aplicação do reforço, também conhecido como terceira dose, restrito a certos grupos. Entretanto, menores de 12 anos não podem se imunizar, por conta de regras da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Resende diz que há quantitativo suficiente, mas que a expectativa é de liberar a vacina a crianças com mais de cinco anos, além de outras ampliações. "Estamos monitorando o aprazamento delas, o prazo de validade, e também cobrando o encurtamento da segunda dose em algumas populações, principalmente em adolescentes indígenas".

Neste caso, indígenas são de responsabilidade da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena), que segue determinação nacional do Ministério da Saúde, sobre aplicar a segunda dose da Pfizer, muito utilizada atualmente, com oito meses de diferença. Contudo, sul-mato-grossenses já recebem o reforço em intervalo de 21 dias.

Ampolas de vacinas que já foram utilizadas sendo descartadas, após o uso (Foto: Kísie Ainoã)
Ampolas de vacinas que já foram utilizadas sendo descartadas, após o uso (Foto: Kísie Ainoã)

Vacinação desacelera - Levantamento feito pela reportagem com base em registros do Ministério da Saúde indica que há uma queda na aplicação em setembro, mas ainda mais expressiva em outubro, em todas as etapas vacinais. No último mês, foram 287,2 mil aplicações, menos que a metade de setembro (615,7 mil). O recorde ocorreu em agosto, com 746,8 mil aplicações.

Entre os perfis que menos buscam a vacina, destacam-se os homens, que receberam 128,5 mil imunizantes a cada 100 mil habitantes, o que inclui não apenas a primeira vacina, como também os reforços. Já as mulheres têm maior procura pelos imunizantes, mesmo sendo maioria, já que são 138,3 mil doses por 100 mil pessoas.

Em relação à etnia, brancos têm mais imunizados - há cerca de 149,6 mil doses aplicadas por 100 mil habitantes. Entre pardos, o índice cai para 71,6 mil doses por 100 mil habitantes e, por fim, entre os pretos, a taxa é de 82,7 mil doses por 100 mil habitantes.

Somente em relação à primeira dose, há um decréscimo a partir do mês de setembro. A partir deste momento, vacina-se em média menos de mil habitantes de Mato Grosso do Sul - índice que anteriormente beirava entre 10 mil e 20 mil.

Procurada, a SES não respondeu aos questionamentos encaminhados pelo Campo Grande News nesta manhã, sobre estratégias específicas, além da questão da perda de validade de imunizantes - ambos os assuntos, no entanto, foram explicados na sequência pelo titular da Saúde.

Por sua vez, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) da Capital ressalta que agentes comunitários municipais têm realizado busca ativa nas casas para orientar quanto a necessidade da vacinação contra covid. Além disso, serviço de envio de mensagens alerta os que estão enquadrados na vacinação para buscarem um ponto de imunização.

"Reforçamos também que a redução de primeiras doses aplicadas está diretamente relacionada à abertura da vacinação de toda a população elegível, ou seja, assim que ampliado o público, a tendência é que nos primeiros dias o quantitativo de doses aplicadas seja muito elevado e com o passar dos tempo haja uma queda no número de vacinas aplicadas", informa a pasta do município.

Até agora, 65,74% da população total do Estado, de todas as idades, já tem o primeiro esquema vacinal completo, ainda que boa parte dos habitantes aguardam pelo intervalo para a segunda dose. O indicador é muito semelhante em Campo Grande, que possui 65,77% receberam duas doses ou vacina única.

(*) A matéria teve a colaboração da repórter Ana Paula Chuva

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