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Cidades

Médicos da Capital apoiam proibição de prescrever anabolizantes e fazem alerta

Profissionais defendem uso de hormônios estritamente ligado à saúde

Cassia Modena | 14/04/2023 12:23
Produto também não pode ser receitado para melhorar desempenho esportivo (Foto: Pexels)
Produto também não pode ser receitado para melhorar desempenho esportivo (Foto: Pexels)

Ganhar músculos, emagrecer e melhorar o desempenho esportivo usando esteroides andrógenos e anabolizantes já não era amplamente recomendado e desde segunda-feira (11) passou a ter prescrição médica proibida por resolução do CFM (Conselho Regional de Medicina).

Na prática, o uso de hormônios não poderá ser receitado por profissionais de nenhuma especialidade médica, caso a finalidade do uso seja mudança estética. O "chip da beleza" é um exemplo de produto dessa linha prescrito por endocrinologistas e ginecologistas, mas que agora não pode ser indicado para melhorar algum aspecto físico.

Médico pós-graduado em obesidade e medicina do exercício e do esporte, Tiago Dutra é de Campo Grande e manifestou apoio à proibição. "Primeiramente, é importante frisar que a prescrição de hormônios para fins puramente estéticos nunca foi liberada pelo CFM e desconheço qualquer prática médica que priorize a estética acima da saúde", destaca.

Enquanto apoia, Dutra se preocupa com possível aumento do uso indiscriminado que a medida pode desencadear. "Costumo notar um crescente abuso de pacientes utilizando hormônios de uso oral, como oxandrolona e estanozolol e outros injetáveis, além dos perigosíssimos advindos do mercado paralelo produzidos em laboratórios clandestinos, sem qualquer tipo de fiscalização, gerando graves riscos", relata.

Apreensão de anabolizantes irregulares em apolas, feita em Ponta Porã (MS) (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Apreensão de anabolizantes irregulares em apolas, feita em Ponta Porã (MS) (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

Presidente do CRM/MS (Conselho Regional Medicina de Mato Grosso do Sul), José Jailson de Araújo Lima corrobora a resolução do Conselho Federal. "A ação do CFM se faz necessária devido à falta de comprovação científica suficiente que sustente o benefício e a segurança do paciente nestes tratamentos", pontua.

Efeitos colaterais - Entre os efeitos colaterais associados ao uso de andrógenos esteroides e anabolizantes para fins estéticos, estão hipertrofia cardíaca e distúrbios endócrinos como infertilidade, disfunção erétil e diminuição de libido.

Médico ginecologista e obstetra, além de terapeuta sexual nos tratamentos para mudança de gênero no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian em Campo Grande, Ricardo Gomes acrescenta a essa lista efeitos adversos que podem ser incômodos especialmente para as mulheres, que são o aumento do clitóris e o engrossamento da voz. "E são irreversíveis. Se você para de usar anabolizante, logo perde o músculo, mas muitos efeitos colaterais não somem. Efeito desejado é temporário e o efeito colateral é permanente", alerta.

Casos liberados - Ricardo Gomes lembra que a prescrição de hormônios segue sendo feita em casos em que há benefício à saúde do paciente, entre elas o tratamento dos sintomas na menopausa e andropausa, desde que indispensável e com acompanhamento. "Tudo precisa ser avaliado caso a caso. Mesmo em situações em que a receita é liberada, há questões controversas que precisa da nossa análise", diz.

O médico do Hospital Universitário inclui a terapia para mudança de gênero como caso liberado que maneja justamente o desejo pelos efeitos colaterais no corpo. "O crescimento de pelos e engrossamento da voz, por exemplo, são efeitos colaterais que é o que quer um homem trans. Ele terá que lidar com acne também, por outro lado, mas isso pode ser tratado", explica.


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